O melhor do que se passa no Hip-Hop em Portugal a marcar presença no 1º dia de Iminente

O Festival Iminente arrancou ontem, dia 15 de setembro, e só terminará no domingo mas o primeiro dia é sempre o primeiro dia. E que primeiro dia!! Em palco tivemos Slow J, Capitão Fausto, Orelha Negra, entre outros. Na Pista, tivemos Mike El Nite, Young, Dj Marfox e, por todo o recinto, conseguimos observar várias obras de arte de Vhils, Bordalo II, Fábio Colaço ou Wasted Rita. O Desacordo vai levar até ti uma análise do primeiro dia de festival!

Mas que grande dia para ir assistir a concertos nos Jardins Municipais de Oeiras. Acordei de manhã com a sensação de que nada do que ontem se tinha passado havia sido real, era simplesmente demasiado bom, tudo. Depois de TRKZ abrirem o Palco por volta das 16h20 e de Young, estrela da Liga KnockOut, abrir a Pista(de referir para já que a Pista é literalmente uma tenda de carrinhos de choque) ás 17h10 foi a vez do primeiro grande concerto do dia. You Can’t Win, Charlie Brown deram o mote para um dia que viria a ser memorável. Como seria de esperar as músicas “Pro-Procastinator”, “Above The Wall” e “Be My World” foram das músicas mais cantadas pelo público no geral. Para surpresa de alguns, Noiserv atuou o concerto inteiro ao lado da banda. Tudo e todos se preparavam para o grande cabeça de cartaz do dia: João Coelho, ou se quiserem, Slow J.

Não foi preciso esperar muito tempo em pé para ver aquele que muito provavelmente é o melhor rapper da nova escola em Portugal, Slow J. O concerto teve início às 18h50 e iniciou-se, inesperadamente, com o novo tema lançado na internet há menos de cinco dias, “Fome” que conta com a produção de Holly. Entre “Serenata” e “Mun’Dança”, o álbum T.A.O.S.D.(The Art Of Slowing Down) teve uma clarividência bastante superior em relação aos outros álbuns anteriores. Surpresa de final de tarde foram as subidas ao palco de Nerve para cantar o single “Às Vezes”, de Gson e Papillon para o famosíssimo “Pagar as Contas”, música que claramente exigiu maior energia por parte do público, mas que gerou também um dos momentos mais bonitos da tarde. Como seria expectável, Slow J terminou o concerto com um dos seus maiores hits, “Vida Boa”.

 A onda do Hip-Hop “tuga” manteve-se, bem como a multidão que já se amontoava para ver um dos reis do Hip-Hop, um daqueles que nem toda a gente conhece mas que quem conhece sabe o valor e a mensagem que transmite: Allen Halloween entrou em palco por volta das 20h10. Mas este não seria um concerto normal de Halloween, mas sim um concerto Unpluged, ou como o próprio rapper de Odivelas lhe chama: Unplughetto. Segundo Allen Halloween o concerto iria “crescendo a pouco e pouco, música a música”. Que melhor forma de iniciar um concerto do que com “Cobradores de Impostos”, música escrita por Halloween mas com a particularidade do instrumental ser nada mais do que pertencente a Zeca Afonso. Seguiram-se “Bandido Velho”, “Livre-arbítrio”, “S.O.S. Mundo” e ainda uma homenagem a Sérgio Godinho, através do tema “Primeiro Dia”.

Neste momento, foi curioso ver que Halloween havia dito que iria cantar uma música de outra pessoa, frisando ser mesmo de outra pessoa visto que “estamos na era do plágio e assim”, rindo-se. Não querendo saber do tempo que tinha para dar o concerto, Allen Halloween decidiu mostrar duas músicas novas ao seu fiel público que durante uma hora não largaram os seus sítios.

Dado curioso também que uma das novas músicas era, segundo Halloween, sobre um polícia que todos os dias procurava uma nova vítima, e o rapper, conhecido por ser uma pessoa sem escrúpulos, cantou a música toda com o olhar fixado num polícia que fazia a segurança na zona do fosso e ainda fingiu dar-lhe um tiro gesticulando com as mãos. Momentos cómicos que geraram empatia com o público, sem dúvida. Tal como havia dito ao início, o concerto foi subindo de tom até chegar “Mary Bu”, “Drunfos” acabando um concerto mítico com “Killa me C**rón”.

No palco principal, seguiu-se Throes + The Shine, uma espécie de electrónica africana com batidas que convidavam qualquer um a mexer o corpo. Na Pista, era a vez do rapper Mike El Nite entrar em ação. O rapper de Telheiras contou, ainda, com a preseça de Nerve e Profjam em palco.

Um dos concertos mais aguardados seria, claramente, Capitão Fausto. Conhecidos principalmente no último ano para a maioria do público, o grupo constituído por Tomás Wallenstein, Domingos, Salvador, Francisco e Manuel é e sempre foi muito querido do seu público. O seu rock considerado alternativo atraí multidões, incita ao moche e ao crowdsurfing e faz qualquer um vibrar ao som de “Amanhã tou melhor” ou “Corazón”. O conjunto que integra a editora Cuca Monga, da qual também fazem parte os Ganso, os Pista ou os Modernos, também soube tocar alguns slows para acalmar os ânimos na plateia tais como “Morro na Praia”, “Alvalade chama por mim” ou “Tem de Ser”. Sem duvida um dos melhores concertos da noite pela quantidade de energia que os artistas transmitiam ao público que muitas vezes teve de ser controlado pela equipa de segurança do festival.

Para fechar o palco principal, a escolha recaíu sobre os Orelha Negra. O grupo composto por Fred (baterista e filho de Kalú), Sam the Kid, Dj Cruzfader e Francisco Rebelo acabou a noite com um set bastante mexido convidando à dança e ao Hip-Hop passando músicas de Drake ou Kendrick Lamar.

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Escrito por: Bruno André

Editado por: Ricardo Marquês

Fotografias de: Leonor Wicke

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