A revista France Football – responsável pela atribuição da prestigiada Bola de Ouro, que visa condecorar o melhor futebolista de cada época – revelou recentemente aquele que considera ser o “onze da década” dos anos 2010. Em seguida, o referido “onze” irá ser analisado, sendo feita uma restrospetiva do percurso de cada jogador entre 2010 e 2019.

Iker Casillas
Não é surpresa para ninguém que Iker Casillas seja o guarda redes da década. Considerado por muitos um dos melhores da história na sua posição, nos últimos dez anos conseguiu conquistar os três títulos mais importantes para qualquer jogador europeu – o Campeonato do Mundo (em 2010, onde ganhou também a Luva de Ouro), o Campeonato da Europa (em 2012, sendo o segundo que venceu, a seguir ao de 2008) e a Liga dos Campeões (em 2014, tendo vencido outras duas edições em 2000 e em 2002). A nível individual, marcou presença na equipa do ano da UEFA em 2010, 2011 e 2012, foi condecorado com o título de melhor guarda redes da FIFA durante quatro anos consecutivos, de 2010 a 2013, e o melhor dos campeonatos domésticos onde jogou por três vezes – em 2012, no campeonato espanhol como jogador do Real Madrid e em 2017 e 2019, já como jogador do Futebol Clube do Porto. Agora, com 38 anos, Casillas ainda continua no ativo e parece não se querer reformar assim tão depressa.

Phillip Lahm
O lateral-direito escolhido para integrar a equipa da década foi o icónico capitão do Bayern de Munique e da Seleção Alemã, Phillip Lahm. Reformado em 2017, o jogador alemão conseguiu, em 16 anos de carreira, nunca levar um cartão vermelho – feito raro para um defesa. Durante a década inteira, esteve no Bayern – clube para o qual começou a jogar profissionalmente em 2001, inicialmente integrando as camadas mais jovens. Venceu a Liga dos Campeões em 2013 e o Campeonato do Mundo em 2014, para além de ter conquistado o campeonato nacional alemão (Bundesliga) por seis vezes nas épocas 2009/2010, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. Fez parte da equipa do ano da UEFA em 2012, 2013 e 2014, tendo também participado no FIFPro World XI nestes dois últimos.

Virgil Van Dijk
Virgil Van Dijk é, neste preciso momento, apontado por várias pessoas como o melhor defesa central da atualidade e como um dos melhores jogadores do mundo. Está no Liverpool desde 2018 e já venceu a Liga dos Campeões, – tendo sido condecorado o homem do jogo da final deste ano – o Mundial de Clubes e a Supertaça da UEFA com o clube inglês. Individualmente, também já alcançou vários galardões expressivos nomeadamente os prémios de melhor jogador da Premier League e de melhor jogador da UEFA – ambos relativos à época 2018/2019 – para além de ter ficado em segundo no pódio da Bola de Ouro deste ano. No entanto, até ao ano de 2017, Van Dijk não era propriamente um jogador sequer conhecido, tendo o seu sucesso começado a florescer apenas quando se juntou aos Red Devils. Visto este facto, a sua presença no onze da década é discutível.

Sergio Ramos
Aquilo que o atual capitão do Real Madrid conseguiu juntar ao currículo durante estes dez anos é de fazer inveja a qualquer um. Entre vários títulos nacionais, o defesa central espanhol ganhou um Mundial (2010), um Euro (2012), não uma mas quatro Ligas dos Campeões (2013/2014, 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018), três Supertaças da UEFA (2014, 2016 e 2017) e quatro Mundiais de Clubes (2014, 2016, 2017 e 2018). Marcou lugar no onze da UEFA nos anos de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016 e no FIFPro World XI por oito vezes consecutivas de 2012 a 2019. Mencione-se, também, que entre as épocas 2010/2011 e 2018/2019 marcou 61 golos para o Real Madrid, dois deles em finais da liga milionária.

Marcelo
Com um percurso clubístico semelhante ao de Sergio Ramos – quatro Ligas dos Campeões, quatro Mundiais de clubes e três Supertaças da UEFA, o brasileiro Marcelo é, segundo a France Football, o lateral esquerdo da década. Para além dos títulos clubísticos, venceu ainda a Taça das Confederações com a seleção brasileira e ganhou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2012. Integrou o onze da UEFA em 2011 e 2015 e o FIFPro World XI em 2012 e depois entre 2015 e 2019. Apontou ainda um golo na final da Liga dos Campeões de 2014.

Luka Modrić
O ano de 2018 foi, muito provavelmente, o ano da vida de Luka Modrić. O médio conseguiu, só no ano passado, levar a sua seleção até à final do Campeonato do Mundo, ganhar o prémio de melhor jogador da competição, vencer uma Champions League – que acrescentou às três que tinha ganho previamente em 2014, 2016 e 2017 -, ganhar o prémio The Best da FIFA e de melhor jogador da UEFA e ser o primeiro croata a ganhar a Bola de Ouro. Também se destacou na competição do Mundial de clubes, ao vencer as Bolas de Prata e de Ouro da mesma em 2016 e 2017, respetivamente. Refira-se, todavia, que o famoso jogador do Real Madrid iniciou a década a representar o emblema do Tottenham Hotspur, clube onde permaneceu até 2013 e onde foi considerado o melhor jogador da época 2010/2011.

Xavi
Xavi Hernández, o jogador que, até agora, jogou mais jogos pelo Barcelona (767) e, para a generalidade dos adeptos de futebol, um dos melhores médios da história, não foi esquecido pela France Football.
O catalão chegou ao pódio da Bola de Ouro nos anos de 2010 e 2011, atingindo o terceiro lugar, e, tal como os seus compatriotas presentes no onze em análise, venceu o Mundial em 2010 e o Euro em 2012. Em termos clubísticos, ganhou a Liga dos Campeões nas épocas de 2010/2011 e 2014/2015 e vários títulos nacionais, entre eles três campeonatos espanhóis. Integrou o onze da UEFA de 2010 a 2012, o FIFPro World XI de 2010 a 2013 e foi ainda considerado o jogador do ano de 2010 pela revista britânica World Soccer. Xavi deixou o Barcelona em 2015 e rumou ao Al-Sadd, do Catar, clube do qual é agora treinador.

Andrés Iniesta
É quase impossível falar de Xavi Hernández sem mencionar Andrés Iniesta – os dois foram, tanto no Barcelona como na seleção espanhola, uma das duplas mais icónicas de sempre no futebol. Iniesta não só venceu nos últimos dez anos duas ligas dos Campeões, um Campeonato da Europa e um Campeonato do Mundo, como marcou o golo solitário da vitória neste último. A nível nacional, ganhou 14 troféus: cinco campeonatos, cinco Copas del Rey e quatro supertaças de Espanha. Fez parte do onze da UEFA de 2010 a 2015 e do FIFPro World XI de 2010 a 2017 e esteve por duas vezes no top3 da Bola de Ouro em 2010 (2°lugar) e em 2012 (3°lugar), ano em que também conquistou ainda o troféu de melhor jogador da UEFA. Atualmente, com 35 anos, joga pelos clube japonês Vissel Kobe e está à beira da reforma.

Neymar
Já em 2010 o jovem Neymar, de apenas 18 anos e então jogador do Santos – onde ganhou a Taça dos Libertadores em 2011 e a Recopa Sul-americana em 2012 -, era tido como uma das maiores jovens promessas do futebol mundial. Em 2013 rumou ao Barcelona, onde venceu uma Champions e agitou a redes adversárias mais de 100 vezes e, mais tarde, em 2017, tornou-se no jogador mais caro de sempre, sendo vendido ao Paris Saint-German por 220 milhões de euros. Conquistou com o Brasil a Taça das Confederações em 2013 e uma medalha de ouro olímpica em 2016. Com 208 golos marcados entre as épocas de 2010/2011 e 2019/2020, Neymar é o extremo esquerdo da década.

Lionel Messi
Cinco Bolas de Ouro, cinco prémios FIFA The Best, dois prémios de melhor jogador da UEFA, seis campeonatos espanhóis, cinco Copas del Rey, cinco Supertaças, dois Mundiais de Clubes, duas Supertaças da UEFA e vários troféus não oficiais – foi isto tudo que Lionel Messi conseguiu conquistar ao longo destes dez anos. Em 2014, chegou a estar perto de vencer o Campeonato do Mundo – do qual foi condecorado como melhor jogador da competição – mas a Argentina acabou por ser batida pela Alemanha na final. Em 2012 conseguiu a proeza de marcar 91 golos num único ano civil. Já no total da década (não considerando a época 2009/2010) marcou 586 vezes e apontou 231 assistências.

Cristiano Ronaldo
A década de Cristiano Ronaldo não foi menos impressionante que a de Messi. Entre 2010 e 2019, o jogador português conquistou quatro Bolas de Ouro, quatro troféus The Best, três prémios de futebolista do ano da Europa, quatro Ligas dos Campeões, dois Campeonatos Espanhóis, duas Copas del Rey, duas Supertaças de Espanha, três Mundiais de Clubes, três Supertaças da UEFA, um Campeonato Italiano e uma Supertaça de Itália. Ao contrário do argentino, ganhou ainda títulos com a seleção nacional – o Euro, em 2016, e a Liga das Nações, este ano. Ao todo, apontou 575 golos.

Em conclusão, podemos afirmar que o Real Madrid e o Barcelona foram os clubes que dominaram a década. Apenas dois dos jogadores deste onze nunca jogaram para nenhum destes clubes, Phillip Lahm e Virgil Van Dijk. A própria Espanha apresenta uma supremacia, visto que quatro dos jogadores são espanhóis – Iker Casillas, Sergio Ramos, Xavi e André Iniesta. Assim, sete nacionalidades entraram nesta hipotética equipa da France Football – Espanha, Alemanha (com Lahm), Holanda (com Van Dijk), Brasil (com Marcelo e Neymar), Croácia (com Modrić), Argentina (com Messi) e Portugal (com Cristiano Ronaldo).
Escrito por: Beatriz Gouveia Santos
Editado por: Júlia Varela