Don’t Worry Darling é a mais recente obra de Olivia Wilde. O filme, protagonizado por Harry Styles e Florence Pugh, estreou-se este ano no Festival de Veneza e está agora em exibição nas salas de cinema portuguesas.
Depois do sucesso do Coming-of-age Booksmart (2019), Olivia Wilde volta aos ecrãs com a história de Alice (Florence Pugh) e Jack (Harry Styles), um casal que vive numa comunidade utópica experimental inspirada nos anos 50.
Nesta comunidade a vida é perfeita. Os homens saem todos de casa à mesma hora para trabalhar num projeto secreto de grande importância — Projeto Vitória —, enquanto as mulheres desempenham um papel de donas de casas. A ação começa quando falhas começam a aparecer e Alice repara em certos acontecimentos bizarros e sem explicação, questionando-se dos segredos da vida “perfeita” que leva.

Este filme foi um dos mais ansiados do ano de 2022. Está bom, mas tinha potencial para ser excelente.
O conceito desta obra pode assemelhar-se ao de The Truman Show (1998) , um filme que acredito que tenha servido de inspiração à realização de Olivia Wilde, no entanto, Don’t Worry Darling falha, no sentido em que é demasiado ambicioso. São apresentadas demasiadas ideias superficiais e indiferentes que acabam por não ser desenvolvidas, deixando algo a desejar por parte do espetador e criando alguma confusão.
Na categoria de thriller, este filme destaca-se, no entanto, pela criação de um ambiente completamente stressante e de intenso questionamento da realidade, que deixa toda uma sala de cinema abismada e a ansiar por mais, algo que, infelizmente, não acontece.
O final desta obra fica completamente aquém das expetativas e torna-se um pouco previsível, criando uma tensão e uma sensação desconfortante que nunca acabam, um pouco como um ataque de pânico de duas horas.
Algo que vale a pena destacar é a brilhante cinematografia, a cor e a vibração da década de 50 que, por sua vez, transparece, do mesmo modo, nos figurinos, fazendo deste um filme visualmente bastante agradável. A montagem e edição estão também brilhantemente executadas, intensificando a tensão e inquietação, tal como o som e os temas sonoros recorrentes ao longo do filme.
Falando do elefante na sala, a performance de Harry Styles não é nada má, mas deixa muito a desejar. O cantor, tornado ator, teve o seu debut no altamente aclamado Dunkirk (2017) , de Christopher Nolan, onde entregou uma atuação respeitável, ótima até, de intensidade e paixão, que a personagem e o calibre do filme exigiam. Contudo, em Don’t Worry Darling, foi alvo de reprovação por parte de críticos e da media, tendo em conta a sua performance um tanto medíocre.
Em defesa de Styles, este pode não ter sido o papel indicado para alguém com pouca experiência, especialmente dividindo o ecrã com uma das melhores atrizes da sua geração e da atualidade, Florence Pugh que, por sua vez, oferece uma performance brilhante, arrepiante, como é de costume por parte da mesma.

Aquele que era um dos filmes mais esperados deste ano, acabou por ser engolido por polémicas, ao mesmo tempo que, fruto de tanta antecipação, não teve, de todo, as reações esperadas, provocando alguma desilusão. No entanto, é um filme que vale a pena ver, de um conceito brilhante e uma performance incrível de Florence Pugh, cuja reprovação não se deve basear apenas no cumprimento ou não de expetativas.
Nota: 3/5
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Escrito por: Inês Reis
Editado por: Maria Santos