Rios, Mares e Oceanos

No passado dia 19 decorreu o evento “Rios, Mares e Oceanos”. Organizado pelo Núcleo Académico para a Proteção Ambiental (NAPA), a sessão contou com a participação de representantes da Protejo, do World Ocean Day Youth, da Straw Patrol, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e da Brigada do Mar. Neste artigo serão destacados alguns dos assuntos debatidos, referentes aos efeitos da poluição nos meios aquáticos.


Filipa Bessa, bióloga investigadora do MARE, debruçou-se sobre as questões da poluição por plásticos, da qual advêm problemas ambientais, económicos e sociais. Em 2019, a Comissão Europeia pretendeu aferir os impactos dos microplásticos nos ecossistemas. Assim, um grupo de vinte e cinco cientistas europeus elaborou um estudo neste âmbito. Deste estudo, o qual está disponível no website da SAPEAScience Advice for Policy by European Academies, apuraram-se efeitos na natureza e sociedade. Concluiu-se que os microplásticos afetam negativamente o meio ambiente e causam danos aos seres vivos. Por não serem biodegradáveis, acabam por fragmentar-se cada vez mais, dando origem aos nanoplásticos, que são muito difíceis de identificar e consequentemente, de estudar. A oradora indicou que os microplásticos estão presentes numa grande parte dos objetos de uso diário, tais como as roupas, as pastas dos dentes e até vernizes. Estas partículas acabam por entrar na cadeia alimentar dos seres vivos, incluindo na dos humanos. Aquando a sua apresentação, aclamou os media e as ONG’s pelo trabalho que têm vindo a desenvolver, no que respeita à sensibilização para este tema.

A bióloga marinha Joana da Rosa, representante portuguesa do World Ocean Day Youth e membro da equipa Straw Patrol, abordou o tema do lixo marinho, destacando a importância das escolas no processo de reversão deste problema, na medida em que é necessário educar e consciencializar. De momento estão cerca de cento e cinquenta milhões de toneladas de lixo nos oceanos e, todos os anos, acrescem a este número oito milhões de toneladas. A presença de objetos tais como os copos de plástico, as beatas, as palhinhas, as latas de refrigerante, a esferovite, as redes de pesca e os sacos do lixo, abandonados nos mares, nas praias e zonas costeiras afetam severamente os animais marinhos e são uma fonte de contaminação química, muitas vezes acabando por ser ingeridos pelos animais. A bióloga frisou que, as escolhas pessoais de cada um de nós condicionam o problema, pelo que é necessário levar um estilo de vida mais sustentável, pondo em prática a iniciativa “R”: “Repensar”, “recusar”, “reduzir”, “reutilizar”, “reparar”, “reciclar”.

Ana Silva, porta-voz da ProTEJO, uma organização que tem por objetivo manter o Tejo com uma flora e fauna o mais rica possível, e Rute Novais da Brigada do Mar, um grupo de voluntários dedicado à limpeza de praias da costa portuguesa, alertaram para o facto de a poluição ser um problema comum a todo nós. Defendem que é necessário ser proativo, a fim de o resolver. Neste âmbito, as oradoras promovem uma busca ativa por alternativas ecológicas, que venham substituir o uso de produtos menos sustentáveis, e dos que não o sejam de todo. A este respeito, Rute Novais mencionou a parceria entre a Brigada do Mar e a Zouri, uma marca de calçado portuguesa que reutiliza o plástico na produção dos produtos, juntamente com outros materiais ecológicos e amigos do ambiente. Deste modo, evita-se que parte do lixo recolhido pelos voluntários vá parar a aterros.

Na sessão, foram ainda abordados temas como os efeitos da pandemia na poluição e a pretensão de satisfazer desejos egocentristas, enquanto causadora destas problemáticas.

Escrito por: Joana Lopes

Editado por : Mariana Rodrigues

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