Chegou ao fim a quarta edição do maior evento de tecnologia e empreendorismo do mundo. Ontem o destaque foi para Michael Kratsios, Margrethe Vestager, Raibert, e claro, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
Sir Martin Sorrell, chairman executivo da S4 Capital abriu o programa de quinta-feira ao debater em conjunto com Charlie Warzel do The New York Times “como construir um grande império em publicidade”. Sorrel discute que os tempos tradicionais estão a acabar e na empresa para a qual trabalha é tudo em digital. Neste novo mundo o crescimento vem de quem conseguir ser mais rápido, ágil e sobretudo eficiente. Estas são os ponto chave para um império em marketing/publicidade. No final da conversa, explica que decisões a longo prazo proporcionam um maior crescimento.
No seguimento das necessidades que cada empresa devia ter atenção, o mote é “três coisas que cada líder deve saber”. Par tal, subiram ao palco cinco pessoas conhecidas pelos seus grandes negócios. Yoni Assia (eToro), Mitchell Baker (Mozilla), Christina Sass (Andela),Jamie Iannone (Sam’s Club) e Mike Butcher (TechCrunch). As ideias foram várias e visão de cada empresário sobre o que funciona ou não com a sua empresa também foi distinta, no entanto, e suma saber o valor da empresa e consegui-lo passar para os consumidores, é o mais importante. Os consumidores são o mais valorizado num negócio, é importante ganhar a confiança e permanecer sempre transparentes sobre as políticas que são praticadas. É um esforço que tem de ser diário, na medida em que o mundo está sempre a evoluir e assim o tem de fazer a empresa.
Daniel Grieder trouxe um grande anúncio ao palco da Web Summit sobre o futuro da Tommy Hilfiger. Em dois anos toda a produção em volta da marca será totalmente digital. A primeira companhia de moda a fazer algo inovador em prol do ambiente, é a ambição do presidente. “É mais barato, mais rápido e sustentável” sendo que “não teremos de produzir todas as amostras, por isso vai haver menos desperdício”, comenta Grieder.
Ao fim da manhã deste último dia coube a três concorrentes apresentaram os seus pitchs para saber quem iriam ganhar nesta edição de 2019. A grande vencedora foi uma startup, baseada na Suiça, com um aparelho que desenvolveu para monitorizar a glicose nos diabéticos sem recorrer às conhecidas agulhas. A Nutrix quer produzir um nano sensor, estilo autocolante, que é colocado no dente e onde é possível a monitorização de glicose através da saliva (controlado por uma app). “Há muita informação que pode ser obtida através da saliva”, explicou a cofundadora e CEO Maria Hahn, “e isto é apenas o inicio”. O produto será comercializado para seguros e distribuídos apenas para doentes com diabetes do tipo II. Em termos de custos, é possível dizer desde já que “são 50% mais baratos do que os sensores disponíveis no mercado”, continuo a CEO. Num espaço entre três a cinco anos o produto irá estar disponível. Com o financiamento da Web Summit vai ser possível desenvolver um protótipo.
Os robôs foram mais uma vez o centro das atenções. A Boston Dynamics travessou pelo corredor do palco principal a sua nova máquina, um robô cão, que se mexe tão agilmente como uma chita e já se encontra disponível para venda. O objetivo desta empresa era pegar nas capacidades atléticas dos humanos e transferi-las para os robôs. As novas capacidades foram mostradas em vídeo e em direto do palco.
Nem tudo foi bem recebido pelo público presente no evento. Um dos momentos mais polémicos do Web Summit foi protagonizado por Michael Kratsios. O conselheiro máximo de tecnologia da Casa Branca e de Donald Trump foi vaiado à saída do palco do Altice Arena. No seu discurso criticou os países que abrem portas à China e apoiam a marca Huawei.
Christopher Leacook, dos Major Lazer e Jean-Michel Jarre discutiram o futuro da música. “Vivemos num ótimo tempo para a música graças à tecnologia , que nos abriu portas para fazer tudo”, comenta Jarre. “Hoje em dia transmitir valor e criar uma comunidade neste ramos é muito importante”, acrescenta Leacook. A tecnologia é uma ferramenta que agora está ao alcance de todos onde é possível produzir e visualizar conteúdo , sendo até transportada nos nossos bolsos. Contudo a criatividade continua a ser o bem mais valioso para um músico.
A última conversa no palco da Web Summit foi pela comissária europeia da concorrência.
“A minha primeira prioridade serão sempre os humanos. A tecnologia tem de nos servir e não o contrário”, comenta. Margrethe Vestager esteve presente em mais uma edição para discutir a tecnologia e a proteção de dados. Tem sido o rosto europeu contra as gigantes tecnológicas, “no mundo real, sabemos o que aceitamos e o que não aceitamos. Não percebo porque é que não é assim no mundo digital”; “podemos ter nova tecnologia, mas não temos novos valores”. Criticou as grandes empresas norte-americanas, em especial o Facebook. Lembrou que a OCDE está prestes a fechar um acordo relativo aos impostos a tecnologias, onde “gostaria de ver não um acordo europeu mas sim global”. A Comissão Europeia tem perseguido gigantes tecnológicas, como Google, Amazon, Apple, Facebook ou Microsoft, e não deverá ficar-se pelos impostos. A própria comissária afirmou no final da conversa: “é correto dizer que temos uma série de investigações em curso”.
O Presidente da República esteve no encerramento do Web Summit 2019 e afirmou que “Lisboa e Portugal tornaram-se o epicentro da revolução tecnológica”. Deixou agradecimento Pady Cosgrave e a todo o staff envolvido. “Obrigada, em nome de todos os vivem esta revolução como heróis. Com uma nova realidade, toda a sociedade, todos nós, temos de continuar a antecipar os temas centrais do futuro. Não temos medo do futuro, somos imparáveis, ninguém nos vai parar. Vemo-nos no próximo ano”.







Escrito por: Mariana Rodrigues
Editado por: Cláudio Nogueira