O campeão é o 16º: liga de porcos e trafulhas

Depois de uma pausa de uma semana nos compromissos do campeonato, as equipas regressaram com energias novas e prontas para as últimas sete jornadas… Ou pelo menos deviam.

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Fonte: ligaportugal.pt

Na quinta-feira, a jornada 28 começou a custo. Na Vila das Aves, uma hora de chuva intensa impediu o início da partida à hora prevista, tendo esta sido adiada por 60 minutos para tentar escoar aquilo que fazia parecer que o Vitória FC tinha levado o Sado para o Norte.

As duas equipas entravam em campo com 25 pontos e ainda longe de estarem seguras, este era portanto um jogo decisivo para os envolvidos.

Depois de reunidas as condições para a bola rolar (dentro do possível), ficou patente desde cedo que a técnica ia ter de ficar fora das quatro linhas e dar lugar ao poderio físico e entrega ao jogo. Ambas as equipas demoraram algum tempo a adaptar-se às condições, mas o Desportivo das Aves conseguia dominar o jogo, muito por culpa da passividade do adversário e, já em cima do intervalo (44’), chegou mesmo ao golo num grande trabalho de Braga, que depois de passar por vários adversários, deu para Fariña fazer o golo.

Na segunda parte, os Sadinos entraram determinados e com um Edinho, que até tinha estado mal no primeiro tempo, completamente endiabrado. Com 7 minutos jogados, numa jogada com alguma sorte à mistura, a bola é jogada pela esquerda e Fellipe escorrega, deixando a bola no pé de Costinha, que na cara do guarda-redes Facchini acertou no poste e acabou em Edinho: e Edinho fez o primeiro. Aos 70 minutos, a bola é cruzada por Nuno Pinto na sequência de um livre e é cabeceada para as redes do Aves para consumar a reviravolta: e Edinho fez o segundo. Aos 77, remate potente de pé esquerdo à entrada da área: e Edinho fez o terceiro. Aos 85, Edinho é derrubado na área e assumiu ele mesmo a marcação do pontapé de penálti: e Edinho fez o quarto.

Noite de sonho para o Vitória e, em especial, para o veterano avançado Sadino que fez o primeiro poker desta edição da Liga, bem como o primeiro da carreira, conseguindo o primeiro triunfo da sua equipa fora de portas no campeonato. O Aves vê assim um dos seus concorrentes diretos fugir na tabela e é ainda um dos candidatos à descida.

Na sexta-feira, três jogos que em nada tiveram de surpreendentes: o 5º e o 6º bateram facilmente o último e o penúltimo e o 7º empatou com o 11º.

O Marítimo recebeu o Feirense, que deu continuidade ao mau momento (7 derrotas nos últimos 8 jogos). O jogo até chegou ao intervalo sem golos, mas na segunda parte os insulares precisaram de apenas 15 minutos para decidir o jogo, marcando por intermédio de Joel (51’ e 53’) e Ricardo Valente (60’). Os Fogaceiros ainda reduziram por Babanco (66’) mas, aos 81, Jean Cleber deu o golpe final e fixou o resultado em 4-1.

O Estoril foi a Vila do Conde perder por 2-0, num jogo em que o Rio Ave nem teve de estar na máxima força para ganhar confortavelmente. Os Canarinhos continuam a não conseguir vencer um jogo e são o principal candidato a descer.

No Bessa, assistiu-se a um jogo fraco, sem muitos pontos de interesse e que ficou decidido em 9 minutos: Leonardo Ruiz marcou aos 31 minutos para os homens da casa e, aos 39, Tomané empatou para os Beirões. Desta forma o Tondela chega aos 30 pontos que, tradicionalmente, asseguram a manutenção e o Boavista vê por um canudo o 5º lugar e a possível Europa (agora a 6 pontos).

No sábado, foi dia de emoções fortes.

Na Capital no Móvel, o jogo foi decidido no meio campo, com um sólido Paços de Ferreira a levar a melhor sobre o Chaves, numa grande exibição de Mabil, que assistiu o golo de Luiz Phellype e fez o segundo para selar a vitória por 2-0. Os Pacenses ficam a 5 pontos da linha de água e os Transmontanos ficam a 7 do 5º lugar.

À mesma hora, 582 km a sul, o Estádio Municipal de Portimão estava ao rubro. Os primeiros 36 minutos foram tranquilos, as duas equipas encaixavam uma na outra e já se cheirava no ar um jogo sem grandes emoções, mas de um erro de Nakajima a derrubar Sagna na sua grande área surgiu o penálti que abriu o marcador a favor dos Cónegos. Dois minutos depois, novo erro defensivo do Portimonense: Dener tentou atrasar para o guarda-redes e acabou por isolar Aoucheria, que não vacilou e fez o segundo. O início da segunda parte foi uma continuação do que aconteceu na primeira: o Moreirense a pressionar e, depois de duas oportunidades perdidas, acabou mesmo por chegar ao terceiro por intermédio de Tozé.

Com 52 minutos no cronómetro e 0-3 no marcador, pensava-se que o jogo estava mais que decidido. No entanto, a fúria Algarvia fez-se sentir e o Portimonense começou a avalanche ofensiva: passado 4 minutos do golo adversário, Pires reduziu para 1-3; aos 64’ uma saída em falso do guarda-redes permitiu o 2-3; já no minutos finais, Sagna fez falta sobre Rafa e Jhonatan sobre Pires, ambas dentro da área – o próprio Pires assumiu nas duas vezes e fez o 3-3 e o 4-3 a partir da marca dos 11 metros, consumando o hat trick e a reviravolta no marcador. O Moreirense ainda acabou a jogar com 8, depois das expulsões de Zizo e Boubacar e da lesão de André Micael quando Petit já havia esgotado as substituições.

Jogo frenético que deixou o Moreirense à mercê da zona de despromoção quando chegou a ter os três pontos na mão. Já o Portimonense continua tranquilo a meio da tabela.

Na Capital, o Benfica recebia um Vitória SC em crescendo de forma (até a águia estava apreensiva e decidiu fugir). Os Encarnados entraram desinspirados, muito por mérito dos vimaranenses, que apresentaram muita solidez defensiva e atrevimento no ataque. Foi preciso uma jogada confusa na grande área dos visitantes que, acabou por dar penálti, para desbloquear o jogo das Águias. Jonas foi frio na marcação e colocou os anfitriões em vantagem.

O jogo continuava sem brilho até à entrada de Raúl Jiménez aos 69 minutos, que num toque de magia fez a assistência de “letra” para o bis de Jonas aos 78’.

O Vitória continua no meio da tabela, numa época que tem sido uma desilusão para os adeptos da cidade Berço. O Benfica assumia assim o primeiro lugar do campeonato até ao jogo com o Porto e mantinha a distância para o Sporting.

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Fonte: record.pt

Na Pedreira, outro jogo entre uma equipa de Lisboa e uma equipa do Minho. Foi a vez do Sporting entrar em campo para defrontar o Sporting local, num jogo que se antecipava difícil para os Leões… E que acabou mesmo por o ser.

Os Verde e Brancos entraram mais fortes e dominaram por completo os primeiros 20 minutos, mas a partir daí só deu SC Braga, que, em cima do intervalo, chegou mesmo a introduzir a bola dentro da baliza: a cruzamento de Ricardo Horta na esquerda, Ricardo Esgaio e Mathieu marcaram a meias o golo do Braga, que acabou por ser anulado por Nuno Almeida.

Na segunda parte o Sporting não conseguiu inverter a tendência do jogo e continuaram a ser os Guerreiros a ditar o ritmo do jogo e, à passagem do minuto 82, a formação da casa beneficiou da melhor oportunidade do encontro até ao momento, mas o mais velho dos irmãos Horta chegou atrasado por pouco, numa jogada em que Piccini foi expulso por acumulação de amarelos.

Contra 10, se o Braga já estava por cima do jogo ainda mais ficou e, 5 minutos depois, conseguiu mesmo chegar ao golo, por intermédio de Raúl Silva e o Municipal de Braga ficou ao rubro.

Com este resultado, as duas equipas ficam separadas por apenas um ponto e a luta da turma de Alvalade passa a ser apenas pela manutenção do terceiro lugar, com o Braga a encurtar a distância. Numa semana que ficou marcada por trocas de arrufos entre os presidentes dos dois clubes, os Guerreiros acabaram por dar o troco em campo.

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Fonte: ligaportugal.pt

Depois do domingo de Páscoa, na segunda-feira o Porto viajou até ao Restelo com a pressão de saber que o Benfica tinha ganho o seu jogo. O Belenenses, que esta época já tinha travado Benfica e Sporting no seu reduto, entrava em campo com a sua habitual consistência defensiva a tentar recuperar o bom momento que trazia antes da derrota na última jornada.

Os homens do emblema da Cruz de Cristo entraram em campo como se esperava: entregando a iniciativa do jogo ao Porto e jogando no contragolpe. Essa forma de jogar deu frutos logo cedo, quando aos 10 minutos num desentendimento entre Osorio (em estreia) e Felipe, Nathan saiu isolado e, na cara de Casillas, picou a bola e fez um “chapéu” ao guarda-redes espanhol, que fazia o jogo mil na carreira.

Durante o restante jogo, o Belenenses continuou a focar-se na defesa e, mesmo quando os Dragões conseguiam chegar à baliza, estava lá André Moreira para grandes intervenções. Ao minuto 70, a equipa da casa chegou mesmo ao segundo golo, pelo recém entrado Maurides e conseguiu assim ver a vitória chegar consumar a maior surpresa da jornada.

Com esta vitória os Pastéis ultrapassam a barreira dos 30 pontos e ficam assim com a manutenção muito bem encaminhada. Já os Azuis e Brancos deixam-se ultrapassar pelo Benfica e perdem a pole position do campeonato.

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Fonte: sofascore.com

Assim, o campeão da Jornada 28 é o Moreirense. Pela segunda ronda consecutiva os Cónegos conseguem manter o 16º posto, mesmo depois de permitirem a reviravolta mais épica desta edição do campeonato.

Equipa da Jornada: SL Benfica. Não necessariamente pela vitória conseguida, mas por terem saído como a equipa que mais beneficiou: os dois rivais mais perto na tabela perderam, conseguindo afastar-se de ambos.

Equipa Desilusão: Moreirense. Ironicamente, o campeão acaba por ser a desilusão: teve nas mãos a possibilidade de se afastar da red line e deitou tudo a perder depois de estar a ganhar por 3-0. Porto e Sporting estiveram, obviamente, também em destaque pela negativa.

Jogador da Jornada: Edinho (Vitória de Setúbal). Exibição de mestre do experiente avançado , conseguindo a reviravolta para a sua equipa e o primeiro poker do campeonato. Menção ainda para Pires (Portimonense) pelos três golos e para André Moreira (Belenenses) que foi uma peça importantíssima na vitória da equipa do Restelo.

Jogador Desilusão: Yordan Osorio (Porto). Estreia infeliz para o defesa central contratado ao Tondela, que demonstrou grande falta de confiança e fez uma exibição com muitos erros, que acabaram por contribuir para o desaire da sua equipa. Nota ainda para Bruno Fernandes, que esteve muito apagado no jogo em Braga, o que influenciou também a fraca prestação da equipa.

Escrito por: Pedro Castro Alves

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