A realidade humana que está hoje em atuação é alvo de opiniões e perspetivas, e críticas das mesmas, muito diferentes, muito voláteis e muito (ou nada) importantes para o rumo da sociedade em função da sã convivência e do respeito.

O direito à liberdade, de expressar vontades ou objeções de forma incondicionada, sempre à luz dos direitos do próximo, é um dos maiores tesouros humanos, que, como indivíduos dotados de ambições e sentidos de justiça subjetivos, para o bem ou para o mal, possibilita a exposição de pontos de vista próprios a cada pessoa, para que depois possamos, individualmente e em sociedade, julgar, debater, criticar e, no fundo, expor em contraparte as nossas visões da realidade ou daquilo que acreditamos que esta deve ser, mais uma vez, priorizando o respeito e nunca perdendo a consideração pela identidade e pela perceção subjetiva humana, nunca objetiva, de que todos sofremos.
Aquando desta ideia, é importante pensar na humanidade enquanto conjunto de seres humanos, cujas diferenças não separam o coletivo de indivíduos diferentes que a compõem, através de valores e conceções pessoais, do grande todo. Ora, a nossa espécie que é homogénea, é também, ao mesmo tempo, altamente heterogénea relativamente àquilo que nos define como pessoas individuais, cidadãos, amigos, colegas de trabalho, entre outros.

Atualmente, nos meios de comunicação social, principalmente nas redes sociais da internet, lidera uma tendência a rotular todo e qualquer tipo de comportamento ou traço característico próprio de determinada pessoa ou grupo de pessoas, agrupando partes da individualidade de cada um e estabelecendo barreiras virtuais que dividem a sociedade em defesa do que é subjetivo a cada indivíduo, sem proveito social que se verifique no bem-estar geral.
É evidente que, pessoalmente e dentro dos grupos sociais nos quais nos inserimos, partilham-se, reconhecem-se e definem-se diferenças, sejam estas quais forem, de modo a sociabilizar relações pessoais com significado e afinidade. Afinal, é pelos detalhes e pelos pormenores que se pode conhecer aprofundadamente o próximo, para que saibamos que tipo de relação, e quão complexa, pretendemos estabelecer, se assim entendermos.
Do mesmo modo, relativamente aos grupos sociais aos quais pertencemos inerentemente, como, por exemplo, a família, todas e quaisquer diferenças que existam, dentro dos limites do respeito e, assim, não embargando o bem-estar geral, são particularidades que se reconhecem e que se celebram, como detalhes que compõem, mas não definem, a pessoa que nos é íntima.

Em breves palavras, considerando que a vida em sociedade não assenta nas diferenças (que têm de ser respeitadas em função da sã convivência) de cada indivíduo, mas sim naquilo que conseguimos encontrar de comum em cada um de nós, não se compreende que se defenda a aplicação de etiquetas virtuais que separem e reduzam seres humanos a uma só característica definidora, que se difunde através da vontade humana de atingir a singularidade ou, por outras palavras, tornar-se diferente do resto.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Pedro Cruz
Editado por: Renato Soares