Escritora de Literatura Romântica, Ficção Geral e Literária, Literatura Contemporânea, Fantasia e Aventura, com apenas 27 anos, Andreia Ramos derrete os corações de diversos leitores com as obras por si produzidas.
Mudam os tempos, a norma e as expectativas. Muda o mundo e a filosofia de vida segundo a qual guiamos o nosso futuro. Uma coisa, no entanto, nunca muda, a curiosidade recorrente de qualquer apaixonado por livros em conhecer o autor por trás dessa mesma paixão.
Andreia Ramos nasceu em 1995 na Moita, distrito de Setúbal. Licenciou-se em Relações Públicas e Comunicação Empresarial na Escola Superior de Comunicação Social e trabalha como Assessora de Comunicação atualmente.
Inclui-se no círculo de autores da editora Velha Lenda, disponibilizando para os seus leitores os títulos: Até onde as ondas nos levarem e Amor na porta da frente.
Andreia Ramos
Como descobriste a tua paixão pela escrita?
Eu comecei a escrever no oitavo ano e tudo começou graças a uma amiga que adorava ler e escrever fan fictions.
Na altura lia muito pouco e não tinha assim grande interesse pela escrita. Mas quando ela me mostrou que estava a escrever uma fan fiction de uma série pensei «Olha, que giro. Por acaso, séries é uma coisa que eu vejo imenso, podia escrever uma história adaptada de uma coisa que eu gostasse». E basicamente foi assim que começou. Escrevi três fan fictions e a partir daí comecei a escrever originais. E desde então nunca parei.
Qual é a tua principal fonte de inspiração?
Houve uma altura em que eram as séries que via ou os livros que lia, mas neste momento acho que acaba por ser mais o dia a dia.
Por exemplo, para o primeiro romance que lancei este ano, «Até onde as ondas nos levarem», sem querer dar spoilers, inspirei-me muito num senhor que via no metro, que era invisual, numa amiga minha que é enfermeira nos cuidados intensivos, inspirei-me também no meu namorado porque ele gosta muito de fazer surf… Portanto, peguei em algumas coisas da minha vida e outras que observo, para criar essa história.
Antigamente, eram coisas, vá, entre aspas, «fúteis», mas, neste momento, vem daquilo que observo um bocadinho no dia a dia, lugares onde vou viajar, sítios que vou conhecer, tudo o que seja marcante para mim.
Planeias viver da escrita um dia?
Não. Por vários motivos. Primeiro é porque acho que em Portugal viver só da escrita é muito difícil. Nós vivemos num mercado literário nacional em que o autor ganha 10 a 15% do valor de venda de cada livro e 10 a 15% para pequenos autores e mesmo para grandes acaba por ser um valor baixo. Assim, viver da escrita é uma coisa que para mim está fora de hipótese.
Eu sou assessora de comunicação, portanto, o meu dia a dia é fazer a comunicação de várias marcas e é um trabalho de que eu gosto e que consigo aliar ao meu gosto pela escrita.
Eu quero manter a escrita como um hobbie, quero continuar a lançar os meus livros e a pôr as minhas histórias cá para fora, mas não quero viver disso. Acho que resulta enquanto o fizer por gosto, quando começar a ser uma obrigação vai se tornar chato e acabar por perder um bocadinho a paixão que tenho.
Alguma vez sentiste o teu talento desvalorizado durante o teu percurso?
Mais ou menos. Quando nós escrevemos um livro e mandamos para as editoras, acho que temos de ter ciente a ideia de que as editoras grandes dificilmente vão pegar em autores novos e que não sejam reconhecidos, portanto, existe a tendência de ao ninguém te responder ou de só teres respostas negativas, sentires que estão a desvalorizar o teu trabalho.
Com a experiência e com o tempo acho que não é o caso, mas sim que eles também têm de saber muito bem no que é que apostam. Não vão apostar no desconhecido. É certo, é errado? É o que é.
Eu gostava imenso que dessem mais oportunidade aos autores portugueses mais jovens e desconhecidos, mas não é o caso.
Eu comecei a minha saga de fantasia «A defensora do oculto» numa editora vanity. Só para enquadrar, aqui em Portugal há três formas de publicação. Existe a autopublicação em que o autor faz tudo desde a parte de rever, editar, imprimir e enviar os livros. Há também as editoras vanity em que basicamente tu contratas essa editora, funciona semelhante a uma gráfica, em que eles te fazem toda a parte de design, toda a parte de revisão, toda a parte de paginação e depois colocam à venda em vários pontos de venda, por exemplo, na wook ou nas lojas online – mas é um serviço, ou seja, tu pagas um valor por esse serviço e eles cumprem-te esse contrato e regra geral aí é muito fácil de entrarmos porque eles passam-te um orçamento e tu aceitas ou não. Depois existem então as editoras tradicionais, que são aquelas editoras grandes em que tu não tens de pagar nada, em que são elas que vêem valor no teu trabalho e que apostam, como é o caso, por exemplo, da editora em que eu estou agora, a editora Velha Lenda, que decidiu apostar em mim.
Desvalorizar propriamente o meu trabalho, não sinto que tenha acontecido, o que eu noto é que existe um grande estigma por exemplo para com os autores que vêm das editoras vanity porque a verdade é que como essas editoras acabam por publicar tudo, noto que algumas pessoas têm a ideia fixa de que como um livro vem de uma editora vanity é automaticamente mau e não é o caso, eu já li muito boas histórias que vêm de editoras vanity.
Ao nível de desvalorização no máximo notaria aí. Também acho que é uma coisa que facilmente conseguimos dar a volta porque é uma questão de irmos trabalhando, irmos mostrando e irmos provando e batalhando até mudar essas mentalidades.
Quais são as tuas ambições futuras enquanto escritora?
De uma forma muito realista, eu gosto muito da editora onde estou neste momento, a editora Velha Lenda. É uma editora pequena, mas cheia de vontade e acho que têm tudo para poderem crescer e neste momento, eu gostava de crescer com eles.
Eu lancei em maio o meu primeiro romance Até onde as ondas nos levarem, vou lançar agora no fim de novembro o segundo livro de romance Amor na porta da frente e quero para o ano retomar a minha saga, que deixei a meio, pois não quero deixar os meus leitores com uma saga por acabar. Eu e a editora Velha Lenda temos planos de retomar a saga, reeditar tudo e colocá-la cá fora. Mas, confesso que o bichinho dos romances ficou em mim. Embora eu me tenha estreado como autora de fantasia, os romances são mesmo o género literário onde me sinto na minha praia. Os young adults e o estilo rom-com são mesmo aquilo que eu gosto de escrever e, portanto, é nisso que quero apostar. Tenho alguns livros já escritos, gostava muito de publicar além da saga, um romance para o próximo ano.
Eu acho que publicar muitos livros por ano não é uma ambição que tenha porque depois o mercado fica saturado. Se estamos sempre a ver a mesma cara, as pessoas começam «Ah, é só mais um», portanto, acho que publicar muitos não vale a pena. Mas gostava muito de manter esta frequência de dois livros por ano, separados por alguns meses.
E é como disse há pouco, sem pressões e enquanto fizer sentido e me der gosto porque por obrigação já me basta o meu trabalho.
Que conselhos gostarias de deixar para quem sonha ser escritor?
Eu gosto muito desta pergunta, até porque eu dou sempre o mesmo conselho, que é uma coisa que aplico em mim e acho que só assim é que faz sentido.
Eu entendo que quando as pessoas escrevem algo e deitam cá para fora querem que as outras pessoas também gostem, querem agradar, mas antes dessa fase, o importante é escrevermos algo de que nós gostemos e para nós.
Quando eu comecei a escrever, nunca na vida achei que ia publicar as minhas histórias, nem sequer tinha essa ambição. Um dia acordei e deu-me uma panca «olha, vou enviar para editoras e ver o que acontece», mas, eu escrevia porque gostava, porque me dava prazer e porque era um escape do dia a dia. E acho que é assim que tem de ser. As pessoas têm de escrever coisas que as façam sentir bem e coisas que elas próprias gostem de ler. Se a pessoa estiver confiante e gostar do seu trabalho, quando o colocar no mundo e houver alguém, porque há sempre alguém, que não goste, ao autor já não vai custar assim tanto. Claro que não podemos agradar a gregos e a troianos, vai sempre haver alguém que não vai gostar do nosso trabalho, mas, o facto de nós estarmos confiantes e de fazermos uma coisa que gostamos é o mais importante porque dessa forma as opiniões negativas vão nos ajudar a crescer em vez de nos mandarem abaixo.
Escrito por: Cristina Cargaleiro
Editado por: Joana Matos