Asra Panahi, Nika Shahkarami e Sarina Esmailzadeh são as mais recentes vítimas assassinadas pelas mãos das forças de segurança iranianas. A mais recente, Asra, foi morta por se ter recusado a cantar o hino pró regime do Irão. As forças de segurança iranianas invadiram o liceu feminino de Shahed e exigiram que um grupo de raparigas cantasse o hino propagandístico do líder do Irão, Ayatollah Ali Khamenei. Após se recusarem a fazê-lo, foram espancadas. Resultou numa morte e numa rapariga em coma, com muitas outras feridas. Também a atleta iraniana Elnaz Rekabi foi declarada como desaparecida. Elnaz competiu na Coreia do Sul num torneio de escalada sem o véu posto. Recentemente, veio a público dizer que nunca esteve desaparecida, que estava bem e que pedia desculpa pela preocupação causada. Acrescentou ainda que o véu caiu sem querer no decorrer da prova. Contudo, segundo a BBC persa, os amigos da atleta não souberam do seu paradeiro durante alguns dias. Além disso, afirmou que o passaporte e o telemóvel lhe foram retirados assim que chegou à embaixada. Perante estas declarações, a embaixada do Irão em Seul desmentiu e chamou-lhes de notícias falsas.

As manifestações contra o regime Iraniano começaram em setembro, quando Mahsa Amini, de vinte e dois anos, foi morta por não usar corretamente o hijab em público. De acordo com as regras do país, a não utilização do véu islâmico é uma grave violação do código de vestuário. A jovem foi presa no dia 13 de setembro e viria a morrer três dias depois. Desde então, milhares de iranianas enchem as ruas com protestos, onde queimam publicamente os hijab, cortam o seu cabelo e mostram cartazes com frases como “morte ao ditador”. Nas Redes Sociais, milhares de pessoas por todo o mundo demonstraram o seu apoio, bem como no parlamento europeu, com a deputada Abir al-Sahlani a cortar o cabelo, solidária para com as mulheres no Irão. Segundo o El País, as Universidades são agora os novos focos para os protestos. Os estudantes derrubaram paredes que faziam a divisão entre homens e mulheres e continuam a enfrentar as forças policiais.

O regime político no Islão baseia-se numa República Islâmica, com bases religiosas no islamismo xiita e de natureza não democrática. Segundo a BBC, a maioria dos manifestantes têm menos do que 25 anos, o que significa que são as novas gerações a querer colocar um ponto final nas medidas repressoras impostas. As mulheres têm tido um grande apoio dos homens. A televisão estatal já confirmou, pelo menos, 100 mortes ao longo das últimas semanas. A polícia tem usado a força e gás lacrimogéneo.

O líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, já se pronunciou e atribuiu a culpa aos Estados Unidos. Afirmou também que as pessoas exageraram e que “a reação a este incidente não deveria ter sido ir para as ruas e violar a segurança”. A União Europeia sancionou 8 entidades e 97 pessoas devido ao seu papel na morte de Mahsa Amini. Entre eles, constam chefes locais da polícia, bem como o ministro iraniano das Tecnologias da Informação e Comunicação, responsável pelo bloqueio da internet em algumas zonas do país. Segundo o Conselho Europeu, as sanções impostas aos que constam na lista consistem na proibição de viajar, congelamento de bens, proibição de cidadãos e empresas da União Europeia de disponibilizarem fundos e proibição da exportação de equipamento suscetível de ser utilizado para fins de repressão interne a e controlo de telecomunicações. A União Europeia espera que o Irão pare a “repressão violenta de manifestantes pacíficos, liberte as pessoas detidas e assegure a livre circulação da informação, incluindo o acesso à Internet”. Para além disso, pede uma clarificação e investigação do processo, bem como um processo judicial que responsabilize os culpados.

Escrito por: Madalena Barbosa

Editado por: Afonso Alturas