As notícias dos últimos dias dão a conhecer que Andrew Tate foi banido do Facebook e do Instagram. Mas afinal, quem é Tate e porque anda a ser tão falado?

Andrew Tate tem 35 anos, é anglo-americano, vive na Roménia e foi campeão de kickboxing. Em 2016, participou no Big Brother do Reino Unido, tendo sido expulso por agredir uma mulher com um cinto. Tem sido associado a movimentos de extrema-direita.

Tate não tem conta própria no TikTok, mas existem vários vídeos seus a circular, onde diz, de forma convicta, que as mulheres são seres inferiores, propriedade dos seus maridos, e que deviam “ter filhos, ficar em casa, estar caladas e fazer café”. A violência sexual é um dos temas discutidos por ele, em que diz que “se te colocas numa posição de ser violada, deves assumir alguma responsabilidade”. A sua abordagem deu origem a petições e movimentos, por parte de instituições de apoio a vítimas, para que Andrew Tate fosse banido das redes sociais. Acrescenta que temas como a saúde mental são fachadas e que uma suposta “masculinidade real” deve regressar. Para isso, nas suas publicações no Instagram, aparece frequentemente a conduzir carros desportivos, exibir armas e a fumar charutos. Ainda que as mulheres sejam as principais vítimas, ridiculariza os homossexuais e acrescenta que jamais faria uma manobra de reanimação cardíaca a um homem porque “não é homossexual”, mesmo que isso originasse a morte da pessoa. 

Com um reconhecimento exponencial nos últimos meses, o influenciador tinha quase cinco milhões de seguidores no Instagram. Recentemente, a Meta, dona das redes sociais Facebook e Instagram, baniu Andrew por “violar as suas políticas referentes a organizações e pessoas perigosas”. O YouTube proibiu também os seus conteúdos na plataforma, eliminando o seu canal e justificando a decisão com a sua política face aos discursos de ódio.

Segundo o “The Guardian”, uma investigação feita recentemente mostra que o TikTok promove cada vez mais estes vídeos. Foi criada uma conta falsa para perceber com que frequência apareciam estes os conteúdos aos utilizadores. Chegou-se à conclusão de que ao consumir vídeos mais dirigidos ao público masculino, apareciam regularmente os de Andrew Tate. O influencer tem também um grupo privado, onde dá aulas sobre investimentos e promete milhares de euros aos seus membros. Acrescenta que, quanto mais associados se juntarem maiores as comissões, e a maneira de os aliciar é através da criação de controvérsias nas redes sociais. 

Esta polémica tem sido notícia nas últimas semanas e preocupa muitos utilizadores, uma vez que a comunidade do TikTok é cada vez maior e mais jovem. Estes vídeos apoiam e normalizam comportamentos misóginos, sexistas, patriarcais e discriminatórios, que podem ter influência em quem os vê diariamente. É importante ter em conta que é na altura da infância e adolescência que muitos jovens começam a ter diferentes perspetivas e opiniões, moldando sua personalidade. Ainda que seja uma construção pessoal feita ao longo da vida, é fortemente influenciada pelo meio social. O conteúdo publicado na internet deve ser controlado e as empresas responsáveis, nomeadamente a Meta, têm um papel indiscutível neste sentido, uma vez que os discursos de ódio e mensagens extremistas devem ser restritos devido ao perigo que representam. 

A banalização destes comentários origina um retrocesso enorme e põe em risco a liberdade individual de certas minorias, que sempre tiveram que lutar pelos seus direitos. 

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Madalena Barbosa

Editado por: Guilherme Freitas