NOS ALIVE: Entrevista à humorista Inês Coimbra

Inês Coimbra é comediante e professora nos tempos livres (ou será ao contrário?). No passado dia 8 de julho, o desacordo assistiu ao seu espetáculo no Palco Comédia no NOS ALIVE e conversou um pouco com esta artista.

Como é ser uma mulher num campo maioritariamente dominado por homens?

Confesso que já respondi a essa pergunta mais vezes do que eu queria, porque acho que ainda é um estigma que existe muito, mas a verdade é que existem muitas mulheres na comédia, mesmo muitas mulheres. Inclusive temos um grupo no WhatsApp que é “Mulheres na comédia”. E estão cada vez a entrar mais mulheres na comédia, está cada vez a tornar-se menos um nicho masculino, até porque acho que nós temos muitas coisas para dizer, e não é só sexo e coisas de gajas como a malta acha que é cliché, acho que todos nós temos uma vida e há sempre coisas que dá para debater dentro do meio universalmente de género.

Mas a nível de comédia sentes que há cada vez mais mulheres nos grandes palcos?

Sempre houve, mas a verdade é que cada vez mais, com um aumento do peso dos media, vamos apercebendo-nos disso porque há mais cartazes a circular, há mais coisas na televisão, há mais programas liderados por mulheres e sim, maioritariamente, eu vou ser muito sincera, as redes sociais têm ajudado imenso nisso porque se calhar humoristas que já estão a batalhar nisto há anos e anos não tinham o foco que têm agora e com as redes sociais isso é muito mais evidente.

Como surgiu então a comédia? Como é que começaste a fazer espetáculos?

A comédia surgiu para mim há uns aninhos atrás, eu tinha malta que já estava no meio da comédia e eu, na brincadeira, de vez em quando escrevia para um amigo meu, ele atuava e um dia perguntou-me porque é que não atuava eu. E pronto, eu comecei a escrever para mim, tornei a coisa um bocadinho mais pessoal, depois é um percurso muito gradual. Houve uma altura que parou, parou para toda a gente, o mundo parou, não é? Foi na altura da pandemia, mas também mudei para Lisboa comecei a atuar mais, tenho a minha casa que é o Lisboa Comedy Club, que é o melhor sítio, recomendo super a ida lá. E depois é uma coisa que com muito trabalho, mesmo muito trabalho, vai evoluindo, sem dúvida. Com muitas atuações boas, muitas atuações más, muito testar texto.

Como é conjugar o teu trabalho dito “normal” e a parte da comédia?

É muito fácil no sentido em que um é muito giro, porque me dá um contexto e conteúdo para escrever comédia diferente do comum, porque não há nenhuma mulher, neste momento, professora que eu tenha conhecimento em Portugal, é giro nesse sentido, e é muito fácil coordenar porque eu sei muito bem separar a parte profissional e a parte pessoal, e acho que a parte de stand-up ainda que seja profissionalmente, está a ser liderada pela minha parte pessoal, então há ali um distanciamento. Quando eu saio da escola deixo de ser a professora Inês, portanto é um bocado assim.

Já tiveste algum momento engraçado de, por exemplo, alunos teus irem ver algum dos teus espetáculos?

Já, já tive, inclusive este ano, eu fui atuar com os 4 amigos, não sei se conheces, o Tiago Ventura, Afonso Padilha e afins, e foi na Aula Magna. E é assim, na Aula Magna, eu não sei se estou em erro, levou 1500 pessoas então acabamos por não ter uma noção do que é que pode ou não estar lá, pode estar todo o mundo possível e imaginário. E uma semana depois apercebi-me, por comentários dos meus alunos, que eles sabiam o meu texto e depois eles é que me confessaram “Professora, eu não fazia ideia, mas eu sou fã do Tiago Ventura”, na altura foi mesmo o Tiago, “e eu fui ver e descobri que a professora estava lá”. Pronto, mas tirando isso não houve nenhuma interação negativa ou prejudicial, ou de certa forma de gozo da parte deles, eles levam isto de uma forma muito natural. “É uma professora artista”, é o que eles pensam, é fixe.

Como é que foi atuar no NOS ALIVE?

Foi, foi… Ainda estou a destilar um bocadinho os nervos da atuação, mas foi incrível. Para mim foi um marco na minha carreira, sem sombra dúvida, porque já conhecia o NOS Alive como festival e os diversos palcos como público, e então acho que acaba sempre por ser uma honra quando tu podes pisar um palco como artista e simplesmente poder caminhar por aqui como artista. E não tem nada a ver com a vanglória de poderes dizer “ei, sou artista”, não, é mesmo a honra de puderes partilhar o palco com pessoas com quem tu tens um carinho tão grande e até um certo, não vou dizer fanatismo de todo, mas há muitos artistas que vão atuar hoje, e lembro-me de quando entrei na comédia de olhar para eles como “eish, quem me dera um dia ser como este gajo”, por exemplo, sabes? É um bocadinho por aí.

Quando é que te podemos voltar a ver?

Se quiserem apanhar uma “boleinha” para o Porto, na próxima semana eu vou atuar no MEO Marés Vivas, na praia do Aterro, se não estou em erro, acho que é na praia do Aterro, se eu disser mal depois eu corrijo. Fora isso, na minha casa, como eu disse, no Lisboa Comedy Club. Não consigo dizer dias especiais, porque o segredo e o mítico do Comedy Club é esse, tu ires e não saberes quem é que vai atuar, é a parte fixe, mas é irem aparecendo, que eu prometo que estarei presente.

Com um humor jovem, inteligente e contagiante, foi com mérito que Inês Coimbra conquistou o público que assistiu ao seu espetáculo no NOS ALIVE no passado dia 8 de julho.

Se quiseres acompanhar esta artista, podes segui-la no seu instagram @umainescoimbra .

Escrito por: Rita Tavares

Editado por: Rafaela Boita

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s