Game On é um podcast criado por Miguel Tomás, estudante de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), um projeto que procura trazer algo diferente aos ouvintes de podcasts e amantes de videojogos.

O Podcast é um formato que tem crescido cada vez pelo mundo, verificando-se em 2020, segundo a revista Visão, 885.262 novos podcasts, quase três vezes mais do que em 2019. Em Portugal o formato também foi crescendo, tendo até o seu primeiro festival de prémios nacional em 2019.
Segundo a TSF, o que tem estado também em evolução é os temas, e no caso do Podcast de Miguel Tomás, o Game On, o podcast vai claramente além da comédia, um dos temas que se verifica mais nos podcasts portugueses.
O Game On é um podcast sobre videojogos, criado a outubro de 2021 através da ESCS FM, a rádio da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa. O podcast foi criado por Miguel Tomás, aluno do terceiro ano de Jornalismo, que decidiu avançar com um projeto distinto de maioria dos que se encontram no mercado de podcasts português, tendo inclusivamente apresentado o seu podcast nas Jornadas da Comunicação no ISCSP, organizadas pelo Núcleo de Ciências da Comunicação, que contou com a colaboração do Núcleo de Audiovisual da ESCS e foi aberto a todos os alunos que tivessem interesse. Estivemos à conversa com o o criador do Game On para ficar a conhecer melhor o projeto.
Como foi o teu percurso e como te levou a criar o podcast?
Eu tinha decidido ir para Jornalismo na ESCS, por causa da componente prática e porque sempre me disseram que se eu queria Jornalismo e queria já “pôr as mãos na massa” deveria ir para a ESCS. Eu fui, neste momento estou no último ano, e a ideia do podcast veio porque estou na ESCS FM, um dos núcleos da faculdade, um grupo de rádio onde há vários programas de grelha, e eles dão hipótese de sugerir um programa da tua autoria e foi o que eu fiz. Foi um grande processo, envolveu muitas burocracias, muito tempo de espera, mas viu “a luz do dia”. Eu fiz a proposta em novembro de 2020 e só ganhou mesmo forma em outubro de 2021, portanto foi quase um ano inteiro de espera, desde o design à sonoplastia, a formulação da proposta em si.
Estar ligado à ESCS FM relaciona-se com a tua pertença aos núcleos. Fazer o podcast com eles foi logo uma ideia?
Já tinha esta ideia. Passou-me várias ideias, ou seja, eu sabia que queria um podcast, só ainda não sabia que tema é que iria para o ar. Tinha pensado em ser um podcast de séries e filmes, mas também já havia um, “O Sofá”, que até ganhou um prémio no festival “PODES”. Fiquei um bocadinho indeciso do que iria falar, não queria fazer um podcast só porque sim. Com isto, pensei no que é que faltava falar no mundo dos podcasts em Portugal e foi aí que veio a ideia dos videojogos.
Já com o tema dos jogos, sempre tiveste uma primeira ideia estruturada ou foste aprimorando essa ideia?
A ideia não é que tenha passado por várias alterações até chegar à definitiva, mas no início estava a pensar “videojogos, mas eu vou falar, sozinho, de videojogos? Será que faz sentido?”. Depois surgiu a ideia de ter convidados. Mas que convidados? Só gamers? Só pessoas que trabalham nesta indústria? Depois é que veio a ideia de fazer um podcast em que qualquer pessoa pode ser convidada e vão falar de um jogo que gostam muito. E foi isso, foi essa ideia que ficou e permanece até hoje.
Qual é a tua relação com os podcasts e com os videojogos pessoalmente?
Eu sempre fui muito adepto de áudio podcasts. Gosto muito de podcasts de true crime, também gosto muito de podcasts de entrevistas, mas não consumo tanto esses, do género Maluco Beleza. Também gosto muito da versão podcast de rubricas de rádio, da Renascença, RFM, Megahits, Comercial.
Já os videojogos, sempre me acompanharam desde pequeno e fui crescendo com vários videojogos. Houve uns que me marcaram mais do que outros e sempre senti necessidade de falar sobre videojogos. Claro que não sou expert em videojogos, nem domino todos, mas eu sinto que ao mesmo tempo gosto e é um gosto que, tudo bem não é bem trabalhado, mas é um gosto, eu passei muitas horas a investir nesse gosto e por isso é que avancei com a ideia do podcast.
Como surgiu o nome? Porquê Game On?
Não foi a coisa mais complicada de todo, não foi o genérico, não foi o design, foi mesmo o nome. Eu tinha medo dos direitos de autor, passei por “Jogador número 1”, ou “Player número 1”, e depois pensei, “não, esse nome é muito mau”. Passei por várias reformulações e depois chegou o “Game On”, porque eu ia escolher “Game Over”, mas pensei, porque não “Game On”? Faz mais sentido para o podcast e ficou.
Qual a maior vantagem que viste nesta junção de videojogos e podcast?
Uma das grandes vantagens é termos uma plataforma diferente para falarmos de videojogos, porque estava muito ligado ao Youtube, ao Twitch e eu pensei, porque não falar em versão rádio? Agora vai ser difícil e é um desafio constante falar de videojogos em rádio. Por exemplo, há jogos em que não tens quase nada para falar de história e tens de falar da jogabilidade. Como é que falas disso? É um desafio. Eu achei que era a única plataforma que faltava para os videojogos serem falados, porque nós mesmo em plataformas onde se escreve, na imprensa escrita em si, temos críticas e reviews de videojogos. Porque não um podcast? Eu acho que não há muitos e falo mesmo globalmente, não há muitos podcasts que falem disto e eu decidi investir.
Para apimentar a curiosidade aos leitores do podcast, tal como mencionaste o teu podcast é mais variado. Do que se pode falar?
Há a história, há videojogos que davam histórias de cinema excelentes. Se desse, se o meu podcast tivesse faturação, eu até acho que, para um podcast da minha autoria, mais do que meia hora é maçador, mas se desse, acho que havia jogos que davam para falar durante uma hora só por causa da história. Depois, na parte da jogabilidade, eu prefiro pôr em segundo plano quando falo num podcast, porque é mais técnica, mais prática e explicar como se joga num podcast é muito difícil. Eu prefiro dar mais prioridade à história, caso não haja história tento encontrar outras formas, uma delas é a criação de rubricas, porque o meu podcast já tem cinco episódios, o quarto é mais diferente, mas nos três episódios adoto sempre rubricas diferentes, de forma a dinamizar o episódio com um convidado, de maneira a não ser só pergunta e resposta, para que seja mais apelativo para a pessoa que está a ouvir. Se forem ver, eu adoto as rubricas porque sei que aquele jogo pode ter muita coisa para falar, para ser discutida e uso rubricas como forma de escape, para não ser aquela coisa “vamos agora falar de jogabilidade”, falamos durante três a cinco minutos no máximo e depois passamos para a rubrica, para as pessoas não ficarem aborrecidas ou completamente exaustas de estar a ouvir falar daquilo. Eu adoro esse truque para poder continuar a prender o ouvinte à emissão.
O que ambicionas no futuro para o projeto?
Eu pretendo continuar, mas lá está, não sendo aluno da ESCS vai ser muito complicado continuar no podcast não estando na instituição. O que ambiciono é continuar o podcast, mas ao mesmo tempo sei que o design, o genérico, não foram feitos por mim, não são da minha autoria. Se quiser continuar, e eu quero, e se não houver impedimento, teria de criar um genérico e um design completamente novo e da minha autoria, porque o design e o som que foram criados por pessoas que estavam na ESCS FM.
Claro que há a opção de ser um aluno que não está na ESCS, mas que pode continuar a pertencer aos núcleos, no entanto, ao mesmo tempo, imagino que já tenha trabalho, esteja a tirar outro curso noutra faculdade e que não tenha a disponibilidade de vir à ESCS gravar, gerir a logística de convidados e logística de gravação no estúdio. Portanto, eu acho que se fosse possível iria tentar adaptar o podcast para a minha autoria na questão do design e do genérico e o resto do futuro é continuar a fazer o que eu gosto, faço isto porque é o que eu sinto que gosto mesmo e tentar não fazer quase como fosse uma obrigação quando passar a ser uma obrigação eu paro.
Pistas para episódios futuros?
Uma delas, e que é a mais óbvia e que está presente no quinto episódio, é acontinuação na aposta na rubrica do Buzz, que é de cultura geral. Claro que eu tenho a noção que tenho de tentar intercalar com episódios diferentes para não criar episódios exaustivos que sejam sempre a mesma coisa, mas, neste caso, uma das opções é apostar nisso. Todavia, claro que tenho outros jogos que também quero abordar, jogos online, por exemplo, um jogo que quero abordar é o Call Of Duty, que não prima tanto pela parte da história, mas pela parte da jogabilidade. Vai ser um desafio quando sair um episodio só a falar quase da jogabilidade e não tanto da história, por isso essa é uma das opções e, entretanto, os episódios são sempre feitos aleatoriamente. Amanhã penso que devo falar de um jogo qualquer, o jogo do galo, por exemplo, se eu achar que é um episódio que vai ter estrutura para se aguentar durante meia hora mais ou menos, avança. Os temas dos episódios vão chegando e eu vou decidindo mais na altura.
Quanto a interação com os ouvintes, há? Como é feita?
Essa interação com os ouvintes é algo em que tenho estado a trabalhar, porque sou péssimo a autopromover-me e a promover o que eu faço. Porém, eu tento sempre dar espaço aos ouvintes para comentarem o que acham nas redes sociais, neste caso no Instagram, no @game_on_escsfm, e tento sempre interagir na forma de publicidade. Sinto que devia de investir mais na interação dos ouvintes, para criar uma relação muito maior do podcast com as pessoas, mas é uma coisa que sou muito mau a fazer, que é criar essa ligação e eu sinto que essa ligação é uma das vertentes que quero trabalhar e melhorar. Vou tratar num futuro próximo.
Como descreverias o teu projeto numa palavra?
Diferente.
Game On é assim um projeto em crescimento de um tema “diferente” que já conta com 5 episódios disponíveis no Spotify e Apple Podcasts e que contará com mais episódios dentro do mundo dos videojogos.
Escrito por: Rafaela Boita
Editado por: João Miguel Fonseca