O PCP e o CDS entram num bar…
CDS – Olha o PCP, então? Como estás?
PCP – Pá… não estou grande coisa e tu?
CDS – É preciso dizer?
PCP – Pois… de facto. Queres partilhar cajus?
CDS – Não! Se quiseres compras os teus e eu compro os meus!
PCP – Que surpresa…
CDS – Vá… eu pago-te um fino!
PCP – Obrigado.
CDS – PCP… eu tenho de desabafar uma coisa… desde que morri, tenho visto a vida de outra maneira. Agora que estou cá em baixo, tenho percebido o valor da empatia e… por isso, queria dizer que… se quiseres desabafar comigo… estás à vontade. Podemos pôr as nossas divergências de parte.
PCP – Mas, empatia porquê? Estou assim tão mal?
CDS – Estás um bocado… nunca estiveste tão perto de ter algo em comum comigo…
PCP – Mas o que queres que eu faça? O que é que eu estou a fazer de mal? Só estou a ser eu! Porque é que toda a gente me odeia?!
CDS – Porque não estás a ser tu, PCP. Estás a cair no jogo dela… tens estado todos estes anos e recusas-te a ver a verdade…
PCP – Estás a falar de quem?
CDS – Dela.
PCP – Quem?!
CDS – A união soviética… ou… não! Ela agora tem outro nome… como é que é?… A Rússia!
PCP – O que é que vais dizer da minha amada?!?!
CDS – Estás a ver? É esse o problema. Estás cego de amor!
PCP – Cego?!
CDS – Sim. Tens de a esquecer, PCP. Ela nunca foi o ideal para ti…
PCP – Como não foi? Ela é perfeita! Ela tem os mesmos ideais que eu!
CDS – Não tem. Tu achas isso, pela cegueira do amor! Recusas-te a ver a verdade! O amor impede-te de ver as atrocidades que ela está a cometer! Tu apaixonaste-te por outra. Tens de aceitar que achaste que a Rússia era uma, mas afinal é outra! É normal, o amor faz-nos ver o que queremos. Tens de ver que isso te está a fazer mal! Tens de a esquecer!
PCP – (Chora) Mas… eu não a consigo esquecer! Eu amo-a!
CDS – PCP, olha o que ela está a fazer! Ela está a invadir a Ucrânia! Ela está a fazer mal às pessoas!
PCP – Pá… mas não sei… pode ser só uma fase…
CDS – PCP!!!!
PCP – Ok… sim. Admito, ela está a fazer mal. Talvez ela não seja quem eu pensava que ela era. Mas… eu… não sei o que fazer sem ela! Toda a minha vida vivi em função dela, muitas vezes ela pisou o risco, mas eu continuei sempre a apoiá-la, porque no fundo… eu não sou nada sem ela…
CDS – Isso não é verdade PCP!!!
PCP – Como não é? Sem ela… eu não tenho razão de ser!
CDS – Tens sim, PCP! Sabes… apesar das nossas discordâncias… eu consigo reconhecer o teu valor… tenho pena de não o ter visto mais cedo, talvez estivéssemos os dois bastante melhor se o tivesse visto, mas… o que tens de perceber, PCP, é que tu vales por ti próprio!
PCP – Mas como?!
CDS – PCP, tu ajudaste a livrar-nos da ditadura! Depois tentaste levar-nos a outra, mas, enfim, não vamos estragar a conversa. Tu foste e és a voz dos trabalhadores! Tu vales por ti! Não precisas dela para nada! Esquece-a!
PCP – Sim… talvez… mas… acho que preciso de um tempo para a esquecer… foram muitos anos… nunca amei ninguém como a amo a ela… mas, sim, acho que esta guerra me está finalmente a abrir os olhos… já consigo até reconhecer que ela é um bocado capitalista… acho que vou tentar esquecê-la.
CDS – Isso, PCP! Leva o teu tempo, sei que tinhas um grande amor por ela… mas, não demores demasiado tempo, porque senão vão os dois ao fundo!
PCP – Sim. Obrigado, CDS. Ajudaste-me muito! Agora, se me permites, também te vou tentar ajudar. Tens de esquecer o Conservadorismo…
To be continued…
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Escrito por: Afonso Alturas
Editado por: Joana Horta Lopes