Foi na pequena freguesia de Alzinhaga que o mundo deu as boas-vindas a um dos escritores mais influentes do século XX.
Nascido numa família de camponeses sem terras que se mudaram para Lisboa em 1924, Saramago descobriu desde cedo as contradições dos percalços da vida. Foi apenas aos 13 anos que os seus pais, pela primeira vez, se puderam mudar para uma casa que abrigasse apenas a família.
Desde a primária, sempre demonstrou ser um aluno exemplar. Porém, por falta de recursos financeiros, teve de abandonar o liceu em que estudava para concluir os estudos numa escola de ensino profissional, com ênfase em serralharia mecânica. Foram as aulas de literatura dessa mesma escola que fizeram Saramago despertar para o universo que o consagrou em vida e eternizou-o postumamente.
O seu primeiro livro foi publicado em 1947 com o título de Terra do Pecado. Porém, a obra acabou por se focar noutros âmbitos da sua jornada e Saramago só voltaria a publicar novamente, em 1966, Os Poemas Possíveis. Entre meados das décadas de 50 e 80 atuou, também, como tradutor de autores como Liev Tolstoi, Nikos Poulantzas e W.F.G Hegel, e tornou-se crítico literário.
Foi apenas em 1975, depois de ficar desempregado, que Saramago decide se dedicar integralmente à literatura e aos seus escritos e, em 1980, publicou o romance Levantado do Chão — livro de ficção que imprime pela primeira vez a forma característica do autor se expressar nos seus escritos. Em 1991, publica a sua consagrada e polémica obra O Evangelho Segundo Jesus Cristo, que foi censurada pelo Governo português. Em 1993, Saramago decidiu mudar-se, com a sua esposa, para a ilha de Lanzarote, nas Canárias.
O ano de 1995 foi aquele em que Saramago foi consagrado com o Prémio Camões e em que publicou Ensaios sobre a Cegueira. Este é, possivelmente, o livro mais reconhecido internacionalmente do autor e que lhe rendeu o Nobel de Literatura, em 1998.
Desde então, Saramago teve a oportunidade de viajar pelo mundo através do reconhecimento das suas magníficas contribuições literárias com o propósito de ser fiel aos seus escritos que, por sua vez, sempre usaram críticas sociais e económicas ao modelo vigente de um poder hegemónico. Saramago, que era ateu, comunista e crítico ferrenho de uma vida levada ao cabo de desigualdades estruturais na sociedade, faleceu em 2010 e deixou um legado de mais de 40 títulos, sendo 2 publicados postumamente — Claraboia, em 2011; e Alabardas, em 2014.
Escrito por: Evelyn Santos
Editado por: Filipe Ribeiro