Na passada quinta-feira, foram assinalados os 200 anos de nascimento do autor russo.

“Como pode um homem escrever tão mal, tão incrivelmente mal, e fazer-te sentir tão profundamente?” – foi assim que Ernest Hemingway, laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1954, se referiu ao autor, gerando muita controvérsia. Vários especialistas russos desconfiam que Hemingway estivesse apenas com inveja. Na verdade, Fiódor Dostoiévski é considerado por muitos como um dos maiores escritores da história da literatura.
Nasceu há 200 anos, no dia 11 de novembro de 1821 – embora alguns registos apontem para 30 de outubro – em Moscovo. Descobriu a sua vocação literária com apenas quinze anos, enquanto estava na Escola Militar de São Petersburgo, depois de ler autores como Puskine, Gogol, Byron, Victor Hugo, Shakespeare ou Balzac.
Publicou o seu primeiro romance, “Pobre gente”, em 1846, com vinte e cinco anos, romance este que foi bastante bem recebido entre os críticos e o público.

Três anos depois, viria a ser condenado à morte devido a questões políticas, acabando por ter havido uma comutação da pena pelo czar Nicolau I, a quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria.
Atingiu o estrelato anos mais tarde, com romances como “Recordações da Casa dos Mortos” (1861), “Humilhados e Ofendidos” (1862), “Crime e Castigo” (1866), e “O Jogador” (1867), que se diz ser, de certa forma, autobiográfico. Porém, o livro que é muitas vezes conceituado como sendo o seu magnum opus foi publicado em 1880, um ano antes da sua morte – “Os Irmãos Karamazov”, que Sigmund Freud, autor do seu posfácio, nomeou como “a maior obra da história”.

Fonte: wook.pt
A escrita de Dostoiévski não só é, em larga escala, uma crítica à sociedade russa do século XIX, retratando os seus vícios e vivências, como tem uma grande componente filosófica que aborda temas complexos como a espiritualidade ou a condição humana, o que podemos observar no seguinte excerto:
“Fala-se por vezes da crueldade ‘animalesca’ do homem, mas isso é uma horrível injustiça e uma ofensa para os animais: um animal nunca pode ser tão cruel como o homem, tão artisticamente cruel”
– Ivan Fiodórovich, o segundo dos Irmãos Karamazov.
O escritor tem influenciado, ao longo do tempo, vários outros grandes escritores, entre os quais se pode destacar Friedrich Nietzsche, William Faulkner, Jean Paul Sartre e, mais recentemente, Orhan Pamuk.

O atual chefe de estado russo, Vladimir Putin, comemorou o 200° aniversário do nascimento do autor com uma visita á Casa-Museu Dostoiévski, em Moscovo.

Fonte: TASS News
Escrito por: Beatriz Gouveia Santos
Editado por: Rafaela Boita