Ao crescer escutamos histórias. Branca de Neve. Sete anões. Bela e o Monstro. Interioriza e imagina um mundo em que isso tudo é possível. Percebe que não é.
O leão, para mim, nunca foi do Monstro. Sempre, porém, igualmente impossível. Apenas uma história contada pelos mais velhos às crianças que sofriam com mais um ano sem título. E mais um ano a ver os amigos a comemorar.
A cada ano, cada época, parecia mais distante. Ficamos em 7°, tivemos crises e invasões. O sonho existia. Mas era apenas sonho. Chegou a hora de crescer, e de parar de acreditar no que não aconteceria.
Afinal, o Pai Natal não existe. Sporting campeão, tampouco.
O que o cérebro impedia, o coração incentivava. A cada início de época, um sopro de esperança vinha do peito. E findava em junho.
Já foi longe. Já foi quase. Por que não ser?
O ciclo continuava. Acredita, cai na realidade. Perde.
Um dia, contudo, algo mudou. O sorriso voltou. Em pleno Estádio do Jamor, ao derrotar o Porto. Final enérgica, penáltis e coração a mil. Taça acima da cabeça e esperança de volta ao peito.
Algo mudara, era notório. O que, não havia como saber. Mas um dia o Sporting havia de ser.
E foi. Chegou o dia de gritar que “é campeão!”. Vencemos! e tive a mais Boa Vista que uma pessoa poderia ter. Ascendi aos céus e lembrei-me dos tempos de menino. A ouvir aquele belo conto de fadas alviverde, irreal de tão belo. Belo de tão irreal.
E assim, sem mais nem menos, o conto de fadas tornou-se realidade.
E de verde e branco pintou-se Portugal.
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Escrito por: João Sundfeld
Editado por: Gabriel Reis