Nesta edição analisa-se a seleção nacional de Portugal. É indiscutível que estamos perante um dos plantéis que mais talento tem no prisma individual. No entanto, tal não tem sido suficiente para que se consiga formar uma equipa competitiva e imponente no prisma internacional (apesar do sucesso nos passado mais recente).
A atual seleção nacional é, no que respeita à qualidade individual dos jogadores, das que mais potencial apresenta. Nomes como João Félix, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, João Cancelo ou o inevitável Cristiano Ronaldo são sinónimos de esperança para as gentes lusas. No entanto, o referido potencial tem estado longe de se confirmar dentro de campo, apesar das conquistas dos últimos anos (recorde-se que Portugal venceu o EURO 2016 e a Liga das Nações em 2019).

O leitor poderá questionar-se: então uma equipa que venceu as duas provas de seleções do continente europeu está aqui a ser criticada? A resposta a dar só pode ser uma: longe disso. É indiscutível que os resultados têm sido muito favoráveis para a “equipa das quinas”. Todavia, é notório um problema (que já se prolonga há bastante tempo) quanto à qualidade de jogo e exibicional. Somos apologistas que, acima de tudo , estão os resultados. Mas também entendemos que a organização tática e um futebol “bonito” poderão ser determinantes para que o sucesso desportivo português se prolongue por muito mais tempo.
O principal problema dos orientados de Fernando Santos é sem dúvida o setor ofensivo. Aliás, a defesa está longe de ser um problema, revelando muita solidez com a experiência de Pepe e José Fonte, aliada aos jovens Rúben Dias e Cancelo. Mas centremo-nos novamente na parte ofensiva: o ritmo de jogo imposto pela seleção nacional é extremamente lento, o que resulta numa maior previsibilidade. Ora, num cenário destes a solução passa pelos jogadores mais criativos e Portugal não tem sido exceção: em jogos mais complicados, são estes craques que “sacam de um coelho da cartola” e resolvem jogos.

Para pautar o ritmo de jogo, os médios revelam-se essenciais. Porém, no que concerne à seleção nacional, estão longe de estar entrosados. Assim, pode-se considerar que , independentemente da reconhecida qualidade singular existente, o meio-campo português não está a funcionar ofensivamente (porque defensivamente revela-se bastante organizado e correto no apoio ao setor defensivo).
Na mesma linha de pensamento, compreende-se que Portugal até tenha alguma vantagem jogando contra equipas mais fortes, que tendem a pressionar mais e a subir as suas linhas. Assim, o contra-ataque revela-se uma arma poderosa dada a qualidade individual de quem se encontra na frente e por requerer um trabalho menos exaustivo de quem está a meio do terreno de jogo. E tudo isto porque, reitere-se, o principal problema desta equipa passa por “desmontar” as defesas adversárias, por muito frágeis que sejam.

Em suma, o principal problema da seleção nacional de Portugal prende-se com a incapacidade para acelerar o ritmo de jogo. Desta forma, revela-se da máxima dificuldade jogar contra equipas que apresentem sistemas mais “fechados”, não se tirando partido de todo a qualidade que existe nos jogadores que integram este plantel. Um problema que não é de agora e que não tem sido impeditivo para o sucesso internacional (mas que poderá vir a ser…).
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados
Escrito por: Filipe Ribeiro
Editado por: Mariana Rodrigues