É verdade que o futuro é digital e, pouco a pouco, toda a gente há de compreender que é importante aceitar a virtualização de várias práticas que atualmente consideramos comuns. A nova trend está aqui: são os NFTs, os colecionáveis digitais. É preferível compreender já esta noção, enquanto está numa fase de popularização. Por este motivo, este artigo é um guia (muito) breve, que visa explicar, de um modo simplificado e rápido, o conceito de Non-Fungible Tokens.
É importante referir que o tema deste artigo é complexo e difícil de compreender, na sua totalidade, a partir deste resumo introdutório e, por isso, é sempre recomendável uma pesquisa mais extensa e profunda sobre o tópico.
Em primeiro lugar, é necessário compreender o conceito de token, que é o registo de um ativo num formato digital, isto é, a representação de algo real, porém em formato digital, processo denominado de tokenização. A Paxos Gold pode servir como um exemplo, porque um token desta criptomoeda representa trinta e duas gramas de ouro, ou seja, a partir destes tokens, é possível virtualizar e efetuar transações com ouro (a representação), que é um ativo físico. As transações de tokens são feitas através de blockchains, que são bases de dados descentralizadas, isto é, que não são coordenados por uma entidade central. Esta tecnologia utiliza os “contratos digitais”, que são assinaturas virtuais, como, por exemplo, um clique numa caixa de texto denominada “aceito os termos” e, deste modo, assegura que há segurança e rapidez nos processos de autorizações. Assim, pode-se dizer que a vantagem principal dos tokens é não terem prazo de validade, uma vez que o seu utilizador tem controlo total do ativo, independentemente da existência (ou inexistência) da entidade que emitiu o token. Apesar de haver casos em que tokens criam a sua própria blockchain, a maior parte é dependente das criptomoedas já existentes, o que permite que tirem proveito dos seus benefícios. No geral, os tokens, existem dentro da rede Ethereum, que é, de um modo simples, um blockchain programável.
Um NFT é, como o nome indica, um token não fungível, isto é, que não pode ser trocado. Estes tokens são ativos digitais únicos, não duplicáveis e colecionáveis, que contêm informações identificáveis de, por exemplo, arte, música, bilhetes para eventos, imóveis, entre outros. De modo a entender melhor este conceito de “não divisível”, é possível estabelecer uma comparação entre NFTs e notas do banco, porque uma nota de cinco euros pode ser trocada por outra nota de cinco euros e o valor é o mesmo, contudo, um NFT tem sempre características únicas, como duas passagens de avião, que podem ser idênticas, mas há características como o destino, o nome do comprador ou a hora de partida, que são diferentes, ou seja, se alguém tentar ceder uma passagem de avião a outra pessoa, o bilhete vai perder o seu valor, porque foi comprado pela pessoa “A” e, então, não pode ser utilizado pela pessoa “B”. Por serem únicos tornam-se, também, escassos e podem ser limitados.
De modo a resumir esta noção de NFT, pode-se dizer que são tokens digitais que podem ser criados para comprovar a autenticidade do seu utilizador como, por exemplo, um token que represente uma peça de arte virtual do indivíduo “M”, é intercambiável, único e pertence a esse indivíduo (propriedade). Desta maneira, pode-se determinar que a característica que dá valor a estes tokens é, sobretudo, a sua escassez. É este o aspeto que capta o interesse dos investidores, para além da possibilidade de serem tokens de ativos físicos (exemplo do ouro) ou de ativos virtuais (obras de arte).
O primeiro NFT foi criado em 2017, por Witek Radomski. O uso mais popular deste modelo foi num jogo, desenvolvido pela “CryptoKitties”, baseado na criação e venda de gatos (virtuais), valorizados pelas suas modificações e funcionalidades.
Há diversos projetos com os NFTs, como o Rarible, o Terra Virtua ou o Enjin e várias plataformas, como a Axie Infinity, a SuperRare ou a CryptoPunks. No decorrer do último ano, estes NFTs têm vindo a tornar-se cada vez mais populares e estão a seguir o mesmo caminho das célebres Bitcoins, em direção ao mainstream. Logan Paul, youtuber e lutador de boxe profissional, tem utilizado as suas plataformas, em especial o seu podcast impaulsive, para comunicar os seus investimentos nos tokens e, por isso, é apenas uma questão de (pouco) tempo até esta noção ser difundida, em parte, através da sua audiência, para um público mais geral. Paul lançou, também, o seu próprio NFT, na forma de uma coleção de cartas de “Pokémon” e, assim, amealhou três milhões e meio de dólares americanos, apenas num dia.
Escrito por: Pedro Oliveira
Editado por: Rafaela Boita