A situação vivida no SL Benfica vai de mal a pior, desta vez após novo fracasso europeu. Sucessivos empates para o campeonato colocam os “encarnados” a 15 pontos do líder Sporting, sendo a Taça de Portugal a única competição que a equipa orientada por Jorge Jesus revela sérias possibilidades de poder conquistar. Como o leitor certamente já se apercebeu, o assunto a tratar no Lá Para Dentro de hoje é (novamente) o atual panorama do SL Benfica.

Recuando até ao inicio do mês de agosto do ano passado, verifica-se que a opinião era quase unânime: o Benfica, fruto do forte investimento que fazia no seu plantel, era o claro candidato à conquista do campeonato. Adivinhava-se uma época de sucesso para os “encarnados”, orientados pelo regressado Jorge Jesus, que trazia na bagagem o campeonato Brasileiro e a Taça dos Libertadores – troféus conquistados ao serviço do Flamengo.

Passado meio ano, o cenário dificilmente poderia ser pior: 4º classificado no campeonato português (a 15 pontos da liderança); fracasso no acesso à fase de grupos da Champions e eliminação, esta semana, nos 16avos-de-final da Liga Europa; eliminação nas meias-finais da Taça da Liga frente ao SC Braga e, ainda, derrota na Supertaça frente ao FC Porto. Apenas resta a Taça de Portugal, competição em que a turma da Luz venceu a primeira mão da meia-final, frente ao Estoril.

Como referido, o investimento foi forte no início da época. Este ponto já foi analisado no «Lá Para Dentro: Benfica – Quando os milhões não são suficientes para arrasar», pelo que não será focado na análise. Apenas dar nota que, desde a referida publicação, mais uma contratação deu entrada no clube da Luz: Lucas Veríssimo, defesa-central oriundo do Santos FC, do Brasil.

Se o leitor acompanhou as mais diversas notícias desportivas no decurso desta semana, decerto que deu conta do clima de instabilidade que se tem vindo a acentuar no clube da Luz. Os benfiquistas estão longe de chegar a um consenso relativamente ao culpado por esta situação: uns culpam os jogadores, outros o treinador, mas a maioria crítica a estrutura e, em particular, Luís Filipe Vieira e Rui Costa.

Jorge Jesus, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo frente ao Arsenal e num tom visivelmente frustrado, revelou estar insatisfeito com a situação atualmente vivida no Benfica. Descartou a possibilidade de abandonar o clube, assumindo também que não se considera culpado pelos maus resultados que o clube tem vindo a somar. Em vez disso, coloca as culpas na covid-19 que, de acordo com o técnico, apenas não afetou três jogadores. Pizzi, jogador presente nessa conferência de imprensa e que também esteve infetado, concordou com o técnico e revelou ter demorado a conseguir voltar a um estado físico “normal”.
Mas a expressão que dá titulo ao Lá Para Dentro de hoje também surgiu na conferência de imprensa supramencionada. Na véspera do jogo a contar para a Liga Europa estava agendado um protesto junto ao Estádio da Luz: um «buzinão» contra Luís Filipe Vieira, pedindo a sua demissão. Jorge Jesus considerou tal ato totalmente inapropriado afirmando que, a haver algum «buzinão», deveria ser para dar carinho a uma equipa devastada pela pandemia. A maioria dos adeptos, por sua vez, não acederam ao pedido do técnico de 66 anos e realizaram o protesto, nos moldes previamente definidos.

No que ao jogo frente ao Arsenal diz respeito, deve-se considerar que o Benfica «caiu de pé». A maioria dos adeptos não vai concordar com esta posição sobretudo pelo mau momento que o clube atravessa. Todavia os “encarnados” revelaram uma melhoria significativa no plano ofensivo. Alguns erros defensivos (sobretudo individuais, que foram apontados por Jorge Jesus no final do jogo), ditaram a eliminação das “águias” frente a um Arsenal FC, muito distante dos tempos de Ársene Wenger.

Para muitos a época já está perdida. Todavia, um clube como o SL Benfica nunca poderá encarar o restante da temporada desse modo visto estar em disputa um fator que poderá ser determinante para a próxima temporada: o 2º lugar ainda pode ser uma realidade e, alcançado, garante uma entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões 21/22. Além deste não se esqueça, igualmente, a Taça de Portugal: prova em que o Benfica tem bem encaminhada a sua presença no Jamor. No entanto, também se defende que o resto da temporada deverá ser encarado com os olhos postos na próxima, reformulando um projeto desportivo que se revelou totalmente fracassado.

Para terminar esta edição do Lá Para Dentro, homenageia-se Alfredo Quintana. O guarda-redes da seleção nacional de andebol e do FC Porto faleceu esta semana, após uma paragem cardiorrespiratória durante um treino. Era, indiscutivelmente, um dos rostos das equipas que representava e um dos maiores símbolos do andebol português. Daqueles jogadores que, mesmo quem não acompanha andebol, sabia quem era e reconhecia a sua qualidade. Uma perda para o desporto e para Portugal. Até sempre, Alfredo!

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Filipe Ribeiro
Editado por: Gabriel Reis