Estreado a 5 de fevereiro deste ano, Malcom & Marie é uma minimalista e quase teatral produção de Sam Levinson que se demarca dos filmes a que a Netflix tem habituado os seus utilizadores.
Esta produção de Hollywood diferencia-se pelo uso de apenas duas cores, preto e branco, pela presença de apenas dois atores, John David Washington e Zendaya e de um único espaço, a casa de luxo do casal em Los Angeles.
O filme começa com a chegada a casa do casal na noite em que Malcom estreou o seu mais recente projeto “Imani”, filme que o próprio vê como um potencial “trampolim” para a ribalta. Faz-se acompanhar de Marie, a sua namorada modelo, atriz e ex-toxicodependente que serviu de inspiração para o filme do companheiro.
A noite tinha tudo para ser de celebração, mas o facto de Malcom se ter esquecido de agradecer, no seu discurso de agradecimento, a Marie pelo apoio prestado durante todo o processo, acaba por desencadear uma discussão na qual o filme se centra.
A discussão arrasta-se pela noite fora e o casal discute aspetos viscerais da relação: discutem-se tanto inseguranças e desilusões, como pontos positivos que os fazem continuar juntos.
A certa altura é clara a crítica à indústria do cinema e do entretenimento em Hollywood, aborda-se num tom de frustração a dificuldade de afirmação do cinema negro e a importância da autenticidade em toda e qualquer a arte.
Não é um filme para todos, muitos podem considerá-lo uma representação crua e interessante da dinâmica de um casal, outros considerá-lo-ão uma suavização do que não deve ser suavizado: um relacionamento pouco saudável, tóxico e até violento. Ainda assim, a qualidade cinematográfica, a escolha cuidada dos planos e dos movimentos suaves da câmera, em conjunto com a excelente interpretação de Washington e Zendaya fazem deste um filme memorável e merecedor de uma oportunidade.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Constança Zarro
Editado por: Mariana Mateus