O dia das Eleições Presidenciais de 2021

Já passaram uns dias desde as eleições presidenciais deste ano, que foram marcadas por “perseguições” a Marcelo Rebelo de Sousa, a vitória da abstenção e a ânsia por saber qual o candidato que alcançou o segundo lugar. As eleições presidenciais de 2021 decorreram no passado domingo, dia 24 de janeiro, de forma ordeira, no geral, fora algumas injustiças.

Fonte: presidenciais2021.mai.gov.pt

Nesta noite eleitoral, Marcelo Rebelo de Sousa saiu vencedor com a terceira maior percentagem em eleições presidenciais, tendo 60,7% dos votos. Os candidatos que conquistaram lugar no pódio foram Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes e André Ventura. A noite começou com uma previsão de Tiago Mayan em quarto lugar em algumas estações televisivas, no entanto, esse lugar acabou por ser cedido a João Ferreira, seguido de Marisa Matias, Tiago Mayan e Vitorino Silva.

Uma informação que pouco circula, mas que importa ter em conta é do número de votos em branco e de votos nulos, que nestas presidenciais tiveram valores um pouco abaixo dos de 2016, sendo em 2021 de 1,10% e 0,94%, respetivamente.

Fonte: presidenciais2021.mai.gov.pt

Nas últimas presidenciais houve mais candidatos na corrida que Marcelo venceu com um total de 52%, vitória que foi reforçada este ano. Marisa Matias, já candidata nas anteriores presidenciais de 2016, teve um decréscimo acentuado, de 10,12% para 3,95%. Vitorino Silva é outro dos candidatos que concorria de novo, baixando a sua percentagem de 3,28% para 2,94%.

Não me irei prolongar sobre a prestação de André Ventura, uma vez que toda a comunicação social já o fez por mim, mas mesmo que não tenha ficado em segundo como desejava, o resultado já foi notável. Teve um grande apoio do Alentejo, coisa que não é habitual, sendo uma zona que vota maioritariamente à esquerda, onde nem o partido líder da oposição, PSD, tinha alguma vez conseguido tais resultados. Talvez seja hora de principalmente os nossos políticos aprenderem a lidar com este partido em crescimento, e combaterem-no melhorando as suas políticas ou a exibição destas, pois temos de ter em atenção que nas primeiras presidenciais que concorre conseguiu desde logo dois dígitos.

O Processo de voto

A maior parte dos indivíduos que sigo nas redes sociais pertencem à faixa etária dos jovens. Sendo também eu jovem e tendo curiosidade em saber como decorreu o processo de voto decidi, de forma informal, sem amostras representativas, perceber que injustiças se verificaram, num “estudo” muito abstrato. Obtive 13 respostas no Instagram, maioritariamente positivas, e 5 no Twitter, também elas positivas.

A maioria das pessoas afirmou que a fila era pequena ou, se fosse grande, que avançava rápido, e que votar foi seguro. No entanto, houve algumas queixas. Uma jovem acabou por confessar que as filas poderiam trazer inseguranças, nomeadamente aos mais velhos, no entanto, estava tudo seguro, verificando-se um tempo de espera razoável. Outra jovem universitária de Coimbra acabou por apontar um defeito no voto antecipado na cidade, com a abertura de apenas um espaço, o Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia, que levou a longas filas de espera, por horas e horas, acabando várias pessoas por desistir de votar. Sugeriu que poderia ter havido mais que um dia de voto antecipado devido à grande adesão.

Uma jovem universitária de Rio Maior, que se encontrava com uma doença que requeria hospitalização, foi mandada para casa (devido à reduzida capacidade de resposta dos hospitais), na qual teria de estar confinada por 2 meses. A jovem quis votar e procurou saber como o poderia fazer, pois era uma situação que não estava clara na lei. Inscreveu-se no voto antecipado e tentou comunicar a sua situação, tendo em conta que, mesmo sem estar infetada com Covid-19, estava numa situação semelhante a um doente Covid e teria de ter o seu voto recolhido em casa. Depois de vários e-mails e de falar com membros da Câmara, avisaram-na que passavam em casa no dia 19 ou 20, e enviaram-lhe, muito em cima da hora, um papel que teria de ser entregue na Câmara para que recolhessem o voto em casa. A jovem não teve possibilidade de entregar o papel no próprio dia, e não pôde votar.

“Fui votar ontem à hora de almoço na Escola Preparatória Manuel da Maia em Campo de Ourique. A fila era grande mas estava tudo tão bem organizado que eu e a minha mãe demoramos no máximo 15 minutos entre estar na fila e votar. Tudo com cuidado e segurança, cumprindo o distanciamento. Correu tudo muito bem no meu caso” – afirmou Carolina, uma outra aluna universitária.

Muitos jovens mostraram indignação pela quantidade de pessoas que testaram positivo à Covid-19 após a data limite de inscrição no voto antecipado e que por isso não puderam votar, mas a maior parte destes elogiou a capacidade de organização do processo eleitoral no geral.

Voto confinado

Houve muitas pessoas que não conseguiram votar nas presidenciais deste ano, devido ao número de casos de infeções por Covid-19, que ia crescendo de dia para dia. Apesar de ser incerto o número de pessoas que não conseguiram votar por estarem confinadas, segundo os boletins epidemiológicos da DGS, contaram-se 85.053 novos casos de infeção entre dia 16 e dia 23, altura em que já não era possível votar antecipadamente.

Para além disso, desde dia 16, contabilizaram-se mais 50.831 pessoas em isolamento profilático por terem tido um contacto de risco, também já sem oportunidade para votar este domingo, de acordo com os boletins. Não foram incluídos os números de dia 15 pois poderiam abranger pessoas cujo confinamento foi decretado dia 14, dia em que ainda podiam se inscrever no voto antecipado.

Segundo o jornal online ECO, estes números representam um total de 135.884 pessoas que podem não ter conseguido exercer o direito de voto, a não ser que tenham votado antecipadamente, no dia 17. A situação motivou indignação nas redes sociais, inclusive das pessoas com quem falei. É um caso que acabou por não ser bem averiguado.

Para além disto também há casos caricatos, como pessoas em confinamento obrigatório que não estavam em casa para votar, no entanto, nenhum desses casos foi-me reportado. O Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses denunciou que foram extraídas certidões de moradores que se inscreveram para votar no voto antecipado devido à obrigação de cumprir o isolamento e que não estavam em casa.

Voto no estrangeiro aumentou

O número de votos no estrangeiro nas eleições presidenciais de domingo duplicou face às eleições de 2016. O Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Administração Interna assinalam que o número de locais de voto foi o mais elevado e que receberam 15 toneladas de material eleitoral.

No comunicado conjunto destes Ministérios referiam que: “O número de votos no estrangeiro para a eleição do Presidente da República duplicou face à última eleição presidencial. Os dados provisórios apontam para 27.615 votos em relação aos 14.150 de 2016 “.

Os cidadãos portugueses no estrangeiro puderam votar nos dias 23 e 24 de janeiro em “164 secções de voto em cerca de 145 serviços consulares da rede externa portuguesa”, sublinha ainda o comunicado.

O Governo aponta, por ordem decrescente, Londres, Luxemburgo, Paris e Macau como os postos consulares onde se registaram maior número de votantes, tendo sido a Suíça o país onde se registou o maior número de votantes, seguindo-se o Brasil, França e Reino Unido.

No comunicado, os dois ministérios destacaram também que os 5429 cidadãos portugueses que participaram na votação antecipada no estrangeiro, realizada entre os dias 12 e 14 deste mês em 117 postos consulares, correspondem ao “maior número de que há registo”.

Mesmo com resultados mais positivos do que se previa, Portugal poderia pensar em novas formas de votar em períodos de emergência, como o que enfrentamos, de modo a evitar um número de injustiças, que este ano estiveram mais relacionadas com doentes Covid-19.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Rafaela Boita

Editado por: Mariana Mateus

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