Numa altura em que Portugal está classificado como o pior país do mundo no que se refere ao aumento do número de casos por milhão de habitantes, a cidade de Torres Vedras viu, esta semana, o seu Presidente da Câmara, Carlos Bernardes, fazer um apelo de mobilização de recursos humanos a nível internacional. Realizou ainda um ato de consciencialização da população e em especial daqueles que poderão andar um pouco “distraídos” em relação à presente situação.
Numa carta a Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Presidente da Câmara de Torres Vedras apela a que se mobilizem profissionais de saúde do estrangeiro para Portugal a fim de acorrerem à unidade de saúde da cidade, de modo a fazer frente às falhas que o limitado número de funcionários do hospital já não é capaz de suprir.
Em entrevista à TSF, Carlos Bernardes afirma que o hospital não tem mais capacidade humana de resposta à elevadíssima afluência de doentes Covid. O autarca defende que a única solução possível para os problemas que o hospital atravessa atualmente passa pelo recrutamento de médicos e enfermeiros de países onde a taxa de incidência de Covid-19 seja atualmente mais baixa, tal como se fez em Itália há meses atrás.
Carlos Bernardes apela ao Governo, mencionado números específicos: são necessários cinco médicos e dez enfermeiros para fazer face à crise que o hospital do concelho atravessa, concelho onde existem sete surtos, levando o autarca a classificar os tempos que vivemos como uma “situação de catástrofe”, na medida em que há já algum tempo se perdeu o controlo do crescimento de casos um pouco por todo o país. Os outros seis surtos são verificados em lares por todo o concelho, afetando tanto funcionários como utentes.
Para além do Ministro dos Negócios Estrangeiros, a carta foi também enviada ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e ainda aos ministros da Saúde e da Administração Interna e enquanto se espera ansiosamente pela vinda de profissionais de saúde do estrangeiro, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, avisa que o processo de transferência destes tende a ser moroso, podendo prolongar-se por um período de três meses.
A bastonária diz ainda que uma solução mais viável passará por recrutar enfermeiros portugueses que se encontrem atualmente no estrangeiro e que queiram trabalhar em Portugal, acrescentando que para isso o Governo terá de lhes garantir estabilidade em vez de contratos por tempo indeterminado, encontrando-se assim todas as hipóteses em aberto.
Desde que teve início, a pandemia da Covid-19 já provocou cerca de 2 157 355 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo dados da agência francesa AFP, tratando-se duma situação gravíssima onde a urgência de salvar vidas impera em todos os hospitais e restantes unidades de saúde, que estão neste momento com a sua capacidade de resposta à pandemia no limite. É por isso muito importante que permaneçamos em casa o máximo de tempo possível a fim de nos protegermos a nós e aos outros ajudando assim os profissionais de saúde que nesta fase já se encontram à beira do colapso físico e mental.
Escrito por: Bernardo de Sottomayor
Editado por: Mariana Mateus