Já passaram nove anos e cinco meses, mas o mundo não esquece o horror daquele dia, 22 de julho de 2011. Falamos de Anders Behring Breivik, norueguês, na altura com 32 anos, e do seu plano macabro: primeiro, fez explodir uma bomba nas imediações da sede do governo norueguês, em Oslo, vitimando 8 pessoas e depois rumou à ilha de Utøya, onde massacrou mais 69 jovens pertencentes à Juventude Trabalhista, a tiro.
As motivações são políticas e ideológicas, já que o autor dos crimes redigiu um manifesto com mais de 1500 páginas, onde expressa detalhadamente as suas intenções de reforma da sociedade. Como pano de fundo, trata-se de uma declaração de guerra contra as elites (políticos e até jornalistas) e os “filhos do marxismo” e multiculturalismo que, por sua vez, contribuem para a instalação progressiva de tendências islâmicas na Europa. Sem sinais de arrependimento, o extremista dirige-se ao Tribunal com a sua saudação nazi.

Breivik foi condenado a 21 anos de prisão, podendo, na melhor das hipóteses sair em liberdade em 2033. No entanto há a possibilidade de continuar preso indefinidamente, por meio de extensões da pena, sendo essa uma decisão que cabe aos juízes avaliar.
Desde que foi detido, debateram-se alguns pontos que tocam, por exemplo, os direitos humanos. Foi aberto um processo contra o Estado norueguês que põe em causa as condições de detenção, uma vez que o recluso foi mantido em isolamento durante 5 anos. O Tribunal de Oslo acabou por considerar que, de facto, existe uma violação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
Coloca-se também em cima da mesa as condições psicológicas do detido: numa fase prematura do seu julgamento, os consultores psiquiátricos consideraram que Breivik sofria de esquizofrenia paranoide. No entanto, posteriormente entenderam que o autor dos crimes estava perfeitamente são no momento da chacina.
A questão do acesso à Educação também provou ser um dilema neste caso em específico. No entanto, após algumas tentativas e após ter sido inicialmente rejeitado, a Universidade de Oslo acabou por aceitar a matrícula de Anders Breivik para começar a estudar Ciência Política por correspondência em 2015. Dois anos depois, o reitor da Universidade, Svein Stolen, afirma que não foi uma decisão fácil, mas que esta foi tomada com base em princípios.
A propósito desta temática, é possível ainda visualizar na plataforma de streaming Netflix o filme que conta esta história, infelizmente real e macabra. 22 July inclui Viljar Hanssen, a personagem central e verídica, que sobreviveu e ainda hoje não esquece aquele dia.
Escrito por: Lígia Martins
Editado por: Rafaela Boita