As três palavras de hoje, não de amanhã

Olho e observo. Retiro as seguintes palavras: “efémero”, “fugaz”, “momentâneo”.

Crescemos ao sabor da expressão “Aproveita a vida”, mas afinal o que é a vida? Crescemos em torno de hábitos e rotinas que nos prendem, a nós seres humanos, a gostos e prioridades longe da essência da vida. A prova disso é clara quando algo foge ao linear traçado pela sociedade, por exemplo a morte da jovem de 21 anos Sara Carreira, ou mesmo o ato suicida do ator Pedro Lima.

O conceito de evolução parte pelo pressuposto de algo positivo, mas será mesmo assim? Para além dos estudos e de um foco no futuro, as prioridades atualmente passam pela superficialidade das coisas, pelas comparações em busca de superioridade, pelas palavras ofensivas (a que muitos intitulam de crítica)… no fundo, hoje sinto que vivo num meio onde o egoísmo é o holofote da vida. Até poderia ser um egoísmo saudável, e quem me dera que fosse, mas é apenas alimentado pelo que os outros pensam e acreditam.

Entristece-me pensar que somos instantes e, mesmo assim, preferimos continuar a viver dentro do sonho cor-de-rosa de que iremos viver até aos 80 anos e, já agora, muito bem de saúde.

Entristece-me pensar que o cérebro de uns consegue ser tão pequenino para, no meio de uma notícia da morte de uma figura pública, não conseguirem entender que isso é alvo de notícia e choca, escandaliza e toca no coração de todos, não por ser um famoso, mas sim por ser alguém representativo de um grupo ou situação. Há sempre mal em tudo. É impressionante como o dicionário consegue sempre ter espaço para “opinar” e, infelizmente, nem sempre para calar e refletir.

Enfim. Penso que, talvez não sejam as prendas de natal feitas, as prendas de aniversário dadas, as fotografias publicadas nas redes sociais, e todas essas ações tão usuais no nosso quotidiano que ficam. Pelo contrário, o que ficam são as palavras e as genuínas atitudes que nos enchem o coração. Sim, é clichê, mas não deixa de fazer pensar que o amanhã possa ser tarde demais. Aliás, só se torna clichê porque o ser humano o faz questão de aceitar assim, em vez de encarar a realidade e consciencializar-se que a certeza não é a vida, mas sim a morte.

Olho e observo. Termino com as seguintes palavras: “Ser”, “Amar” “Valorizar”.

(Comigo carrego a esperança de existir quem entenda que não foram aqui destacadas seis palavras, mas sim três, sinónimas entre si).

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados. 

Escrito por: Maria Santos

Editado por: Inês Conde

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