As ruas de Buenos Aires pintaram-se de verde com os manifestantes a favor da legalização do aborto. A emoção e felicidade invadiram a multidão após a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que autoriza a interrupção legal da gravidez até à 14ª semana de gestação.
Um dia histórico na Argentina pode estar a chegar com a legalização do aborto. Numa vigília que durou 20 horas, fizeram-se ouvir “Acordo legal no hospital, será lei”, junto do Palácio do Congresso. No entanto, os manifestantes que apoiam esta causa não estavam sozinhos, fazendo-se encontrar do outro lado da praça a denominada “maré azul”, os quais se opõem à descriminalização.

Coincidência ou não, o debate ocorreu no passado dia 10 de dezembro, que marca o Dia Mundial dos Direitos Humanos. O resultado foi claro para todos: 121 deputados votaram a favor, 117 votaram contra e 6 abstiveram-se.
Desde 1921 que o aborto é encarado na Argentina como crime punível até quatro anos de prisão, exceto em caso de violação ou risco de morte. Embora agora o medo se centre, à semelhança do que aconteceu em 2018, na decisão do Senado, há um fator extremamente relevante nesta discussão: pela primeira vez um presidente argentino (Alberto Fernández) é a favor da legalização do aborto – “criminalização do aborto não serviu de nada”.
A questão da interrupção propositada da gravidez é um tema abordado por todo o mundo, sendo vários os países onde a prática é já legalizada, como é o caso de Portugal e da maioria dos países europeus.
A vitória dos “verdes” não é garantida e tudo depende da decisão do Senado, mas a aprovação do projeto de lei pela Câmara de Deputados e apoio do presidente argentino dão força e esperança para aquele que pode ser um acontecimento histórico no país latino.

Escrito por: Maria Santos
Editado por: Mariana Rodrigues