Trocou a Ilha da Madeira por Lisboa para estudar Ciência Política, Francisco Soalheiro é o atual presidente da direção do Núcleo de Ciência Política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Ao longo da sua entrevista ao jornal universitário Desacordo, ficamos a conhecer um pouco melhor a sua vida e a sua história.
Para seguir o ensino superior muitos alunos saem de casa dos pais e das suas cidades, e tu foste um desses casos. Como foi trocar a Ilha da Madeira por Lisboa?
Eu era atleta de competição, viajei várias vezes para competir, tenho família por cá, mas na altura senti que foi uma mudança brusca apesar de continuar em território nacional, só que desta vez sozinho. Quando tu vens de um meio pequeno estás habituado(a) às pessoas, à cidade ou região, à tua família, ao teu círculo de amigos(as). Lembro-me que cheguei no último dia de matrículas, às 9/10h, eram 14h e liguei para a minha mãe avisar-lhe que se continuasse a sentir-me desenquadrado, pegaria nas minhas coisas e iria no próximo voo para Dublin. Na altura, lutei contra mim e acabei por ficar sem perceber a razão que me fazia permanecer.
Como surgiu a Ciência Política na tua vida?
Tinha acabado de entrar na Juventude Social-Democrata na Região Autónoma da Madeira, acreditava e acredito que o país necessita de todos nós em diversas áreas. Portanto, quis seguir Direito para compreender melhor o sistema e a maneira como é que a nossa sociedade está organizada fosse a nível constitucional ou a nível de legislativo, também queria ser advogado. No entanto, quando comecei a pensar num plano B, surgiu Ciência Política por tocar em muitos pontos que considero que são do meu interesse, nomeadamente a parte política.
Ciência Política foi a tua primeira opção?
Ciência Política foi a minha segunda opção e o ISCSP a quarta ou quinta opção.
De onde nasceu o gosto e dedicação pelo ativismo? Nasceu só no ISCSP ou ainda em temas de secundário já participavas nestes projetos, como na associação de estudantes por exemplo?
Começou quando um grande amigo meu, na altura era apenas um conhecido, perguntou-me se queria fazer parte da JSD Monte e perguntei-lhe se eu seria o Presidente, – podia ter estragado algo. Depois desse episódio tive vários professores a perguntarem se tinha interesse em juntar-me às iniciativas da escola. Comecei a participar nas iniciativas da Junta de Freguesia do Monte e de Santo António e cada vez mais gostava de estar junto das pessoas, ouvir o que as pessoas diziam e o que queriam, trocar ideias, conhecer pessoas com outras experiências e apoiá-las.

Tu fazes parte da Juventude Social Democrata, da JSD, do arquipélago da Madeira. O que te fez juntar a uma juventude partidária? E neste caso, o que te fez juntar à JSD?
A minha “procura política” foi interessante e engraçada até para mim. Lembro-me que quando estava no 10º ano, estava a discutir com a minha professora de história sobre política e olhei para ela e disse “política nunca na vida”, ela olhou para mim e disse “um dia vou ver-te num partido”. Achei que fosse piada, mas a professora tinha razão e que ela era maluca. Voltando ao tema, eu tinha um amigo na JS-M, outros que gostavam muito das iniciativas da JP-M e outros das iniciativas da JSD-M. Comecei a ver as iniciativas de cada partido e das suas juventudes e a primeira coisa que descobri foi que socialista não era. Acrescento que até fiquei muito confuso com o socialismo, até comentei com a minha mãe que a esquerda até era interessante, mas era utópica e não colocava comida na mesa. Após ter descartado logo o PS e a JS, comecei a ver as iniciativas do CDS e da JP e não gostei sinceramente porque queria algo mais ao centro. Na altura, o Dr. Pedro Passos Coelho era candidato e acabei por perceber que o PSD era aquilo que eu procurava, algo mais ao centro, mais liberal sem exageros, algo que realmente gostava de participar. Foi com Passos que descobri que era laranja.

Equacionas seguir uma vida política ativa, por exemplo ambicionas ser deputado ou presidente de uma câmara municipal?
Tenciono seguir a vida política. Deputado ou Presidente da Câmara Municipal? Só o futuro dirá!
Qual é o balanço que fazes do Núcleo de Ciência Política?
Apesar do ano atípico que vivemos e os seus fatores tais como a distância, as limitações e restrições considero que o nosso balanço é positivo. Contudo, temos muitas coisas a corrigir e a melhorar para conseguirmos chegar onde quero que cheguemos, mas isso é algo normal.
E da campanha eleitoral? Quais foram os pontos fortes e fracos?
O balanço da campanha eleitoral, também foi positivo. Gostei muito da interação, da dinamização, das novas ideias e formas de comunicação com os alunos de Ciência Política. Os pontos fracos, foram essencialmente os timings das publicações e entre outros. No entanto, foram pontos não muito significativos e acabamos por conseguir chegar aos pontos e objetivos que tínhamos.
O que é que os estudantes de Ciência Política podem esperar da equipa do NCP?
Os estudantes de Ciência Política sabem que podem contar com o Núcleo de Ciência Política para o que precisarem. Estamos sempre prontos a ajudar tanto os alunos como a coordenação. Para além disso, poderão contar com uma equipa próxima, dinamizadora e preocupada com o curso e os seus integrantes.

Na tua opinião, quais são as características fundamentais para um bom líder?
Na minha humilde opinião um bom líder deverá ser um bom ouvinte, transmissor de confiança, não poderá dizer sempre “sim”, procurar um ponto de equilíbrio em várias questões ou pontos, coerente e claro tanto na sua ideia como na sua ação, ser exemplar e o primeiro admitir que a equipa errou e não ter medo de assumir a culpa.
Tendo em consideração o período pandémico em questão, para ti quais estão a ser os maiores obstáculos e as maiores dificuldades, tanto pessoalmente como enquanto presidente de um núcleo?
Como Presidente as principais dificuldades que tenho sentido refletem-se por meio da distância que foi criada para segurança da nossa comunidade. Tudo o que era próximo tornou-se distante, os processos ficaram mais demorados e acabaram por complicar a sua resolução. Sinto que se fosse totalmente presencial era mais fácil de gerenciar as coisas ou até mesmo na dinamização com as interações pessoais/profissionais seriam mais fáceis de se desenvolver.
Sendo tu estudante do 3º ano da licenciatura em Ciência Política, quais são os teus planos para depois da licenciatura?
Para depois da licenciatura o meu objetivo será seguir para Mestrado em Economia e Políticas Públicas como plano A. Se tiver que pensar num plano B, quero voltar à minha segunda casa, ou seja, voltar para Dublin e prosseguir os meus estudos lá.

Escrito por: Miguel Brejo da Costa
Editado por: Mariana Rodrigues