Neste documentário intimista realizado por Wim Wenders, são vários os temas abordados pelo controverso Pontífice de Buenos Aires. O Papa dá uso ao seu carisma e à sua posição privilegiada para falar de diversos tópicos que o inquietam, entre os quais se destacam as questões ambientais. São abordadas muitas ideias que merecem ser ouvidas e assimiladas, não só por católicos ou cristãos, mas por todos, numa altura em que “O Mundo está, na sua maioria, surdo”.

O atual Papa é conhecido por ser diferente dos demais e de agir de forma atípica, comparativamente aos seus precedentes. É um homem que fala ao mundo e acima de tudo, sabe escutar, percebendo as necessidades, calamidades e outros problemas do mundo moderno.
À parte do ambiente, o tema da Pobreza é também fortemente desenvolvido. No filme, Francisco aproveitou para fazer uma ponte entre estes dois temas: “E se hoje me perguntarem, quem para mim é o mais pobre dos pobres, eu diria: a Mãe Terra. Espoliámo-la! Abusámos dela!”.
Partindo desta premissa, o Pontífice fala abertamente sobre o Governo e a responsabilidade que cada um, sem exceção, tem no que respeita aos problemas ambientais. O Papa Francisco acusa os Governos, na sua generalidade, de estarem contra a harmonia que deveria existir entre o Homem e a Natureza. Enquanto têm obrigação de proteger o bem estar geral e saúde da população, permitem que aconteçam todo o tipo de situações prejudiciais das quais somos tanto testemunhas como cúmplices.
O ativismo do Papa não se cinge só a palavras. Para além de renegar aos luxos e à cultura do consumo, são várias as mobilizações que faz na luta por mudanças. A publicação do “Laudato si“, uma encíclica (comunicação escrita papal) em que o Pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável, fazendo um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas, foi lançada em 2015, apenas uns meses antes da Cimeira de Paris, o que não foi uma coincidência. Neste mesmo ano, discursou na Sede da ONU, defendendo o ambiente como um direito humano – Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender. (Artigo 66º da Constituição Portuguesa).
“Em todas as religiões, o ambiente é um bem fundamental. Porém o abuso e destruição são acompanhados por um processo de exclusão constante. Os mais pobres são os que mais sofrem com os ataques por três motivos graves: são descartados pela sociedade, são obrigados a viver dos restos e têm de sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente. Estes fenómenos correspondem à atual generalizada e silenciosamente crescente cultura do desperdício”.
Excerto do discurso do Papa Francisco na Sede da ONU (Nova Iorque, EUA), setembro de 2015.

Com um sorriso ternurento e palavras que mobilizam as massas, o Papa Francisco põe o dedo na ferida e procura que entendamos que proteger o Planeta é a tarefa mais urgente que temos. Com o seu exemplo, aprendemos que uma só pessoa pode fazer a diferença e que unidos pela mesma causa, zelando pelo bem da nossa “casa comum”, ainda não é tarde demais para mudar.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Joana Lopes
Editado por: Inês Conde