“Papa Francisco: Um Homem de Palavra” – Visões de sustentabilidade no documentário da Netflix

Neste documentário intimista realizado por Wim Wenders, são vários os temas abordados pelo controverso Pontífice de Buenos Aires. O Papa dá uso ao seu carisma e à sua posição privilegiada para falar de diversos tópicos que o inquietam, entre os quais se destacam as questões ambientais. São abordadas muitas ideias que merecem ser ouvidas e assimiladas, não só por católicos ou cristãos, mas por todos, numa altura em que “O Mundo está, na sua maioria, surdo”.

Fonte: Netflix

O atual Papa é conhecido por ser diferente dos demais e de agir de forma atípica, comparativamente aos seus precedentes. É um homem que fala ao mundo e acima de tudo, sabe escutar, percebendo as necessidades, calamidades e outros problemas do mundo moderno.

À parte do ambiente, o tema da Pobreza é também fortemente desenvolvido. No filme, Francisco aproveitou para fazer uma ponte entre estes dois temas: “E se hoje me perguntarem, quem para mim é o mais pobre dos pobres, eu diria: a Mãe Terra. Espoliámo-la! Abusámos dela!”.

Partindo desta premissa, o Pontífice fala abertamente sobre o Governo e a responsabilidade que cada um, sem exceção, tem no que respeita aos problemas ambientais. O Papa Francisco acusa os Governos, na sua generalidade, de estarem contra a harmonia que deveria existir entre o Homem e a Natureza. Enquanto têm obrigação de proteger o bem estar geral e saúde da população, permitem que aconteçam todo o tipo de situações prejudiciais das quais somos tanto testemunhas como cúmplices.

O ativismo do Papa não se cinge só a palavras. Para além de renegar aos luxos e à cultura do consumo, são várias as mobilizações que faz na luta por mudanças. A publicação do “Laudato si“, uma encíclica (comunicação escrita papal) em que o Pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável, fazendo um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas, foi lançada em 2015, apenas uns meses antes da Cimeira de Paris, o que não foi uma coincidência. Neste mesmo ano, discursou na Sede da ONU, defendendo o ambiente como um direito humano – Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender. (Artigo 66º da Constituição Portuguesa).

“Em todas as religiões, o ambiente é um bem fundamental. Porém o abuso e destruição são acompanhados por um processo de exclusão constante. Os mais pobres são os que mais sofrem com os ataques por três motivos graves: são descartados pela sociedade, são obrigados a viver dos restos e têm de sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente. Estes fenómenos correspondem à atual generalizada e silenciosamente crescente cultura do desperdício”.

Excerto do discurso do Papa Francisco na Sede da ONU (Nova Iorque, EUA), setembro de 2015.
“É uma vergonha para cada um de nós “. Fonte: Netflix

Com um sorriso ternurento e palavras que mobilizam as massas, o Papa Francisco põe o dedo na ferida e procura que entendamos que proteger o Planeta é a tarefa mais urgente que temos. Com o seu exemplo, aprendemos que uma só pessoa pode fazer a diferença e que unidos pela mesma causa, zelando pelo bem da nossa “casa comum”, ainda não é tarde demais para mudar.

“Todos somos responsáveis! Ninguém pode dizer: Não tenho nada a ver com isto… Todos somos responsáveis”. – Fonte: Netflix.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Joana Lopes

Editado por: Inês Conde

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