O futebol feminino encontra-se numa fase de crescimento progressivo. Numa luta contínua por melhores condições profissionais, a FIFA dá agora um passo em frente e prepara medidas que vão salvaguardar os direitos das jogadoras durante a gravidez.
O fosso salarial entre géneros é drástico e a precariedade laboral das jogadoras parece ser a norma. Confrontados com as desigualdades no ramo futebolístico e tendo em conta as gigantescas disparidades entre a realidade do futebol feminino e masculino, torna-se importante celebrar todas as vitórias na luta pela igualdade. A proteção dos direitos das jogadoras durante a gravidez e após o parto representa um marco importante. Abre-se caminho ao progresso e, consequentemente, melhoram-se as condições das mulheres que integram este meio.
No seguimento do enorme sucesso que teve o Campeonato do Mundo decorrido em França, no passado ano de 2019, foram várias as promessas feitas pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino, para potenciar o futebol feminino. É finalmente visível uma materialização desta vontade através da nova regulamentação que irá permitir melhores condições profissionais às futebolistas. “O futebol feminino entrou numa nova fase de afirmação. Temos de adotar uma moldura regulatória apropriada às necessidades das mulheres”, afirmou Infantino. As jogadoras irão usufruir de, pelo menos, 14 semanas de licença de maternidade, remuneradas a dois terços do salário base. Simultaneamente, as federações nacionais terão a liberdade de adaptar estas diretrizes impondo, a cargo opcional, condições ainda mais vantajosas.
Aclamando esta decisão por parte da organização, não se pode ceder ao contentamento quando existem várias situações lastimáveis na esfera nacional e internacional.
No verão de 2019, O The Guardian revelou que a FIFA distribuiu 344 milhões de euros para o Mundial 2018, enquanto os prémios para o Mundial feminino constituíram um total de 30 milhões de dólares (26.7 milhões de euros). Na final do Mundial feminino 2019, o público, mobilizado pela igualdade salarial, uniu-se e gritou repetidamente “Equal Pay” enquanto o presidente da organização se encontrava dentro do campo.
Em contexto do futebol português, no seguimento do polémico teto salarial adiantado a 29 de maio deste ano pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que impunha “um limite máximo de 550 mil euros para a massa salarial” (soma dos salários do plantel e/ou subsídios declarados no contrato) de todas as equipas da primeira divisão do futebol feminino, foi criado o manifesto “Futebol sem Género”, no âmbito da promoção da igualdade. A iniciativa chegou ao Governo e o documento foi assinado por 132 jogadoras. Ora, a organização, contestada por parte do movimento que acusou “discriminação de género institucional”, e também pelo Bloco de Esquerda, acabou por não avançar com esta medida radicalista e extremamente limitadora.
“(…) face ao clima de intranquilidade gerado pelo facto da medida ter sido interpretada como uma discriminação em função do género – coisa que não é nem poderia ser -, a FPF informou o Sindicato que essa norma específica não constará do regulamento 2020/2021.”.
As polémicas apenas confirmam a injusta realidade que é vivida e sentida em Portugal e no mundo. Não obstante, esta passada quinta-feira, dia 19 de novembro, foi um dia feliz para o futebol internacional e uma vitória feminista no espectro futebolístico.
Escrito por: Joana Lopes
Editado por: Mariana Mateus