Durante o Holocausto mais de um milhão de crianças morreram devido aos horrores passados nos campos de concentração. Mas e as que sobreviveram? Como sobreviveram? E quais foram as repercussões das atrocidades que sofreram?
No passado dia 17 de novembro a RTP2 exibiu o filme As Crianças de Windermere, que retrata a história verídica de algumas das crianças que sobreviveram ao Holocausto e que foram acolhidas pelo governo inglês de forma a reaprender a viver, sendo reintegradas posteriormente na sociedade.
Este filme de Michael Samuels estreado em abril de 2020, transporta-nos cuidadosamente para Windermere, uma pequena localidade rural, junto a um lago, no norte de Inglaterra, onde estas crianças tiveram a possibilidade de redescobrir a esperança.
Comecei a sentir-me um ser humano outra vez. Foi isso que Windermere fez por mim. (Arek Hersh Mbe)
Tal como é hábito dizer quando nos referimos a este período negro da História da Humanidade, estas crianças passaram por coisas que “a mente humana não consegue imaginar”. Esta experiência traumática deixou marcas que são retratadas de uma forma suave, mas chocante que capta a atenção do espetador até ao último minuto.
Em situações diárias, ditas “simples”, como as refeições, estas crianças tinham a necessidade de reagir de maneira inimaginável, por terem medo de não ter o suficiente para sobreviver ao dia seguinte, tal como tinham experienciado nos campos de concentração. São cenas como esta, que nos levam a refletir sobre o privilégio que temos enquanto cidadãos livres, porque algo tão irrelevante e normal para uns é tão valioso para outros.
Durante o filme, podemos observar como estas crianças polacas, ultrapassam os medos que lhes atormentam os sonhos, como aprendem a falar e a escrever inglês, e enfim, a voltar a ser crianças, como nunca deveriam ter deixado de o ser.
É através de testemunhos reais como este, que se mantém viva uma memória que nos entristece, mas que não pode, nem deve ser esquecida.
O filme está disponível na RTP Play em: https://www.rtp.pt/play/p7275/as-criancas-de-windermere

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Beatriz de Sousa Santos
Editado por: Rafaela Boita