The Desacordo Sessions – Feng Suave

Feng Suave é um projeto musical dos compositores e produtores holandeses Daniel De Jong e Daniel Elvis Schoemaker. Baseados em Amesterdão, estes conseguiram criar um som psych pop/soul baseado nos anos 70 que até aos ouvidos do mítico Iggy Pop não escapou. O nome destes, curiosamente, inspirou-se num champô português (Ultra Suave) e conjugou-se com a expressão Feng Shui, ficando Feng Suave, que significa vento suave, o que encaixa perfeitamente na atmosfera musical relaxada deste grupo.

Capa do EP Feng Suave.
Fonte: Facebook – Feng Suave

A música que os lançou e permanece a mais conhecida até hoje é a Sink into the Floor, do seu primeiro self titled EP. Este EP de 2017 é apenas composto por 4 músicas que submergem o ouvinte numa experiência lo-fi e contam os ímpasses das ligações amorosas:

Honey, There´s No Time

Com uma introdução suave de guitarras distorcidas, a música ganha o seu ritmo groovy. Segundo os próprios compositores, a letra relata como é estar apaixonado e numa relação que não traduz um amor verdadeiro. Eventualmente o artista começa a enlouquecer e a fartar-se porque não consegue fingir mais, então ou tenta afastar-se dessa pessoa ou fazê-la afastar-se de si. 

By the Poolside

A música mais funky de todas, com maior presença do piano e da bateria, não havendo tanto protagonismo das cordas (guitarra/baixo). Esta parece descrever um casal que está no calor do momento e que tudo à volta deles parece demasiado quente pela sua tensão sexual. Ao mesmo tempo faz-se uma analogia ao aquecimento global.

Sink into the Floor

A música que conquistou mais pessoas. Muito pelo seu tom melancólico que conta a história de uma relação que terminou e que provoca grande vazio e inércia no artista. Este que agora apenas preenche esse vazio com relações superficiais, muito baseadas em sexo sem significado. Além desta narrativa contada por uma voz aguda e soulful, tem-se o ritmo das guitarras psicadélicas e do baixo intenso, que parece que são tocados debaixo de água. Isto confere um caráter onírico, em que parece que estamos a flutuar enquanto ouvimos a música, chegando a um ponto de clímax em que o cantor aparenta lançar um grito de frustração (3:40) e os instrumentos assim o consolam até ao fim da música.

Noche Oscura

Provavelmente a música mais triste do EP. Desta vez, inicia-se num tom acústico, com uma simples viola que se mantém presente a música inteira e uma voz desanimada, sendo que, pouco depois, entra a bateria muito básica também para acompanhar o refrão. Posteriormente, a bateria volta a desaparecer e seguem-se diversos efeitos sonoros e distorções que manifestam novamente uma sensação de estar perdido num sonho e de serenidade, sendo que, mais tarde, o piano agudo, suave e solitário é complementado abruptamente por uma guitarra elétrica de tom grave. Na melodia o artista declara que prefere estar num estado de espírito “dormente”, de vazio emocional, ao invés de correr o risco da dor que o amor pode provocar.

Aqui está uma sessão ao vivo deste EP, da qual sou grande fã, em que apenas falta a atuação da By the Poolside:

Noutro Desacordo Sessions, prometo fazer uma parte 2 deste grupo e tratar do seu mais recente projeto Warping Youth lançado em 2020 e muito diferente do retratado. 

Por enquanto, ouve aqui este EP:

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados. 

Escrito por: Leonor Amaral

Editado por: Mariana Rodrigues

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