Existem doze países soberanos sem quaisquer casos confirmados. Saiba quais são.
O primeiro caso de COVID-19 foi detetado em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China. Quase nove meses depois, o vírus encontra-se espalhado pelos cinco continentes, tendo levado a maior parte dos estados soberanos a implementar duras normas de confinamento e distanciamento social, a fim de travar a propagação.
No entanto, há doze países independentes onde o vírus parece não ter chegado. Dez deles estão situados na Oceânia e dois na Ásia. Saiba quais são.
Coreia do Norte

Com cerca de vinte e cinco milhões de habitantes e vizinha do país onde surgiu a pandemia, a Coreia do Norte parece estar imune ao aparecimento do novo coronavírus, pelo menos é o que afirma Kim Jong-un. O líder do país já comemorou o feito “brilhante”, tendo dito que o seu governo “preveniu completamente a propagação desse vírus maligno” através do encerramento de fronteiras e do isolamento de milhares de pessoas por seis meses.
O próprio chefe de Estado norte-coreano ficou sem aparecer em público durante várias semanas, o que chegou a criar rumores e especulações acerca da sua suposta morte. Parece, afinal, que estava apenas a cumprir o confinamento.
A Coreia do Norte, recorde-se, já era um dos países do mundo com maiores restrições fronteiriças, mesmo antes da pandemia.
Turquemenistão

Apesar de vários especialistas considerarem que é bastante improvável que este país da Ásia central, com seis milhões de habitantes, esteja isento de quaisquer casos de COVID-19, o governo, liderado pelo presidente Gurbanguly Berdymukhamedov, insiste que está, mesmo depois de um oficial da embaixada turca na capital Aşgabat ter falecido por complicações de uma suposta pneumonia.
Segundo algumas fontes, as autoridades chegaram mesmo a proibir o uso da palavra “coronavírus” e a dar indicações à população para usar máscara devido à “poeira”.
Devido ao estrito controlo governamental e à disseminação da informação, é difícil ter acesso àquilo que é a realidade turcomena. No entanto, depois de vários meses de conversações, a Organização Mundial de Saúde anunciou, no dia 6 de julho, que visitaria o país no âmbito da situação de pandemia. Até agora, a OMS ainda não deu mais notícias acerca da visita.
Ilhas Salomão

Situadas no Oceano Pacífico, as Ilhas Salomão têm cerca de seiscentos mil habitantes e zero casos de COVID-19. O país começou a tomar medidas preventivas desde cedo, tendo fechado as suas fronteiras logo em março. No entanto, os esforços para conter a pandemia, como afirma o ministro das finanças Harry Kuma, estão a ter efeitos nas exportações e na economia do país, visto que o turismo é um dos seus principais motores de desenvolvimento. Posto isto, Kuma já reuniu com Masatsugu Asakawa, presidente do banco de desenvolvimento asiático (as ilhas ficam próximas do Sudeste da Ásia) a fim de discutir o rumo económico da nação.
Vanuatu

O Vanuatu é um arquipélago constituído por oitenta ilhas que abarcam, em conjunto, cerca de trezentos mil habitantes.
Estando determinado a manter-se um dos poucos países soberanos sem qualquer registo de casos de COVID-19, chegou mesmo a hesitar em pedir ajuda internacional depois de ter sido violentamente atacado pelo ciclone Harold, em abril, que destruiu várias habitações e levou 35% da população a alojar-se em centros de acolhimento. Porém, acabou por receber auxílio da China, da Austrália e da Nova Zelândia.
Entretanto, o país já começou a enviar testes a laboratórios estrangeiros, mas só recebe os resultados sete dias depois. O seu principal hospital já está a preparar-se para uma eventual vaga de COVID-19 mas a situação não se afigura a melhor, uma vez que a instituição de saúde possui apenas vinte camas e dois ventiladores.
Samoa

Samoa tem perto de 200 mil habitantes e, apesar de não ter nenhum caso confirmado de COVID-19, está em estado de emergência e tem imposto várias restrições, nomeadamente no que diz respeito a igrejas, casamentos e ao desporto. O primeiro ministro reconhece que o vírus é uma ameaça real que pode atingir o país a qualquer momento e afirma que vão continuar a haver limitações fronteiriças.
As pessoas que venham, por exemplo, da Nova Zelândia, têm obrigatoriamente de cumprir um período de quarentena de quinze dias. A justificação do chefe de governo para isto deve-se ao facto do país em questão estar, de momento, na estação mais fria do ano.
A pandemia, todavia, tem vindo a afetar o país indiretamente, visto que vários trabalhadores no setor do turismo estão a perder os seus empregos devido à falta de visitantes.
Mencione-se que, no ano passado, o país foi alvo de um surto de sarampo – que teve origem num caso importado da Nova Zelândia – que afetou quase 3% da população, sendo que 83 pessoas morreram, 76 das quais não tinham mais de quinze anos.
Kiribati

O Kiribati, que tem 119 mil habitantes, já está a começar a ser apoiado pelo Banco Mundial para o eventual aparecimento de algum caso de COVID-19, através de fundos monetários e de um projeto que envolve serviços de teletrabalho que conectem os quatros hospitais da nação.
A população já foi advertida para evitar deslocações e todos os imigrantes estão sujeitos a uma análise das autoridades de saúde.
Estados Federados da Micronésia

Com 115 mil habitantes e cerca de 600 ilhas, os Estados Federados da Micronésia começaram, logo em março, a impor várias restrições aos seus visitantes, condicionando a entrada a quem tivesse estado num país com pelo menos um caso confirmado de COVID-19 e proibindo deslocações dos cidadãos para os mesmos. Quem quisesse entrar na Micronésia, teria de provar que tinha estado num país afetado pelo menos por 14 dias.
De momento, as medidas parecem ter tido efeito, pois a nação permanece sem casos.
Tonga

O reino de Tonga tem à volta de 105 mil habitantes e, como faz parte da Commonwealth, recebeu as mesmas indicações que os restantes países que respondem oficiosamente ao Reino Unido. Está em estado de emergência e implementou medidas de distanciamento social e de encerramento quase total de fronteiras.
As atividades da ilha estão com o número limitado de pessoas – máximo de 50 em atividades interiores e de 100 em atividades ao ar livre – e a mesma já recusou o repatriamento de tonganeses alojados em Fiji, depois da nação em questão ter registado os primeiros casos de infeção pelo novo vírus.
Ilhas Marshall

As ilhas Marshall têm 59 mil habitantes e, apesar do seu território estar aparentemente livre do COVID-19, a sua comunidade emigrante nos EUA parece estar a ser particularmente afetada.
O governo já aprovou um plano económico de 42 milhões de dólares para dar resposta à pandemia e está a tentar repatriar vários dos seus cidadãos que estejam em locais afetados. As fronteiras ainda estão com altos condicionamentos e a quarentena de 14 dias para quem venha de um local com infetados é obrigatória.
Palau

O Palau, nação de 18 mil pessoas, fechou as suas fronteiras ao exterior no dia 22 de março. Há cerca de um mês, aprovou o regresso de 143 dos seus cidadãos, que vão ter de passar por 14 dias de quarentena num hotel em Guam, território norte-americano, mais uns dias num hotel nacional sob vigia nacional e, finalmente, duas semanas em auto-isolamento. Segundo o presidente, Tommy Rememgesau, é responsabilidade do país tomar estas medidas e não pode haver a ilusão de que este ficará para sempre imune ao vírus.
Em abril, os supermercados de Koror, capital económica palauana, já se estavam a deparar com a escassez de máscaras, gel desinfetante e álcool.
Tuvalu

Tal como Tonga, como faz parte da Commonwealth, Tuvalu está sujeito às ordens da Cora Real Britânica. Logo no dia 3 de março restringiu as entradas, com um período de quarentena, à maior parte dos países do mundo, excepto a algumas nações vizinhas que na altura ainda não tinham casos confirmados. Com o aparecimento do primeiro caso nas ilhas Fiji, o país declarou o estado de emergência. Sendo servido por apenas um hospital com recursos limitados, o sistema de saúde já está a desenvolver várias iniciativas tais como o estabelecimento de áreas de quarentena, vigilância, comunicação da saúde pública e mobilização de voluntários.
Na possibilidade de chegar a haver algum caso confirmado no país, o governo pretende implementar um duro plano de confinamento e pedir ajuda externa.
Nauru

Com dez mil habitantes e uma área de 21 quilómetros quadrados, o Nauru é a república mais pequena do mundo – e também o estado com maior taxa de obesidade. A sua aparente ausência de casos de COVID-19 dever-se-á, provavelmente, ao seu isolamento, visto que o país só recebe cerca de 160 turistas por ano e que tem o seu território mais próximo – a ilha de Banaba, no Kiribati – a 300 quilómetros – e a sua cidade mais próxima – Brisbane, na Austrália – a quatro mil. A acrescentar a isto, o governo começou a impor restrições logo no início da pandemia, proibindo a entrada de turistas provenientes da China, da Coreia do Sul, de Itália e do Irão e reduzindo a frequência do seu único voo direto (para Brisbane). O presidente, Lionel Aingimea, justifica estas medidas com o facto do país ter apenas um hospital, que carece de enfermeiros e de ventiladores.
Em suma, a pandemia, que já atingiu mais de 180 estados soberanos e é também um problema e uma ameaça iminente para os doze estados que permanecem sem casos. De momento, os países mais afetados são os Estados Unidos, o Brasil e a Índia com mais de três milhões, um milhão e 800 mil infetados, respetivamente.
Escrito por: Beatriz Gouveia Santos
Editado por: Beatriz Duarte