“Ele diz as coisas que pensamos, mas não dizemos” – Frase aferida com alguma frequência nos últimos dias, sobretudo pelas faixas etárias acima dos 45 anos, relativamente ao senhor deputado André Ventura e às suas tendências sociais e políticas. Chega, partido cuja liderança pertence a André Ventura, não se diz extremista, mas confraterniza com extremistas. Não se diz racista, mas acolhe neonazis e fascistas.

Desde o dia 9 de abril, data da oficialização do Chega (CH) como partido político pelo Tribunal Constitucional, crescem polémicas protagonizadas por André Ventura. No passado dia 27 de junho de 2020, André Ventura esteve na frente de uma manifestação, por muitos intitulada de “anti anti-racista”, repleta de cartazes, afirmações e gritos infelizes – “Portugal não é racista”, “André Ventura, nunca caminharás sozinho”, “Minorias com direitos e deveres”, “Racismo é distração”, afirmações contra a “corrupção” e “políticos elitistas” e graves críticas à comunicação social “comprada”. E assim foi, cerca de mil participantes apoiaram e seguiram lado a lado o lider do CH.
André Ventura apelou aos portugueses comuns, às “pessoas de bem” (como referiu) e que o mesmo diz constituírem, em Portugal, uma verdadeira “maioria silenciosa” – expressão utilizada anteriormente por Adolph Hitler num dos seus discursos emblemáticos. O primeiro apelo para organizar uma manifestação deste teor foi feito por Mário Machado – fundador e antigo líder da facção neonazi Hammerskins Portugal, e fundador e actual dirigente do movimento nacionalista Nova Ordem Social, figura comparada a André Ventura e de quem o mesmo se tentou, posteriormente, afastar. Felizmente, para os mais perspicazes, foi uma tentativa meramente falhada. Estas são duas figuras polémicas que não uma, nem duas, mas várias vezes fazem uso de saudações nazis e afirmações segregacionistas.
Já me dirigi, anteriormente, a Mário Machado num artigo de opinião. Dirijo-me agora a si, Senhor Deputado André Ventura. É triste chegar aos meus 20 anos e ter de lhe escrever uma carta aberta. É triste perceber que ao invés de relembrarmos a história a fim de não cometer os erros do passado, parece que os repetimos utilizando a história como um manual de instruções. Afirmações nazis, racistas, xenófobas e homofóbicas são lamentáveis e inapropriadas. Gargalhadas como as que deu ao mesmo tempo que levantou o braço com a mão estendida, uma analogia à saudação nazi, são desrespeitadoras e nefastas. Tenho esperança que os portugueses não caiam na sua armadilha populista, na sua teia de problemas sem soluções, no seu embrulho de regresso ao passado de extrema-direita sem saída. Sim, porque no seu caso não se livra do rótulo. Faça o uso do nome do partido que lidera e “Chega” de ser a nossa voz!
Inês Conde
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Inês Conde
Editado por: Júlia Varela
Totalmente de acordo e satisfeito por ver alguém de gerações novas a “chegar-se à frente”.
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Excelente observação! CMTV sem vergonha , até metem nojo! Parabéns pela chamada de atenção.
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