Após um paragem forçada pela pandemia, os principais campeonatos de futebol começam a ser retomados. Nesta semana foi a vez da liga portuguesa, com os líderes da tabela classificativa a escorregarem.
No passado dia 3 os adeptos de futebol em Portugal tiveram, finalmente, um motivo para sorrir: recomeçava o campeonato português após uma paragem prolongada. A liga recomeçou no Algarve: Portimonense – Gil Vicente foi o jogo de abertura e terminou com uma vitória dos algarvios por 1-0, com um grande golo de Lucas Fernandes (candidato a um dos melhores golos da época). A equipa de Portimão conquistava assim 3 pontos importantíssimos na luta pela manutenção (ocupa atualmente o 17º lugar, estando ainda abaixo dos lugares de manutenção). No entanto, à semelhança do que aconteceu na retoma do campeonato alemão, o ritmo de jogo foi muito baixo e as oportunidades criadas foram escassas. Mas este pormenor não foi impeditivo para este jogo ser capa do conceituado jornal francês L´Equipe, que destacou assim o regresso do futebol profissional português e o grande golo do jogador brasileiro da equipa de Portimão.

Ainda no dia 3 mas um pouco mais tarde teve lugar um dos jogos merecedores de destaque na jornada 25: o Famalicão recebia e derrotava por 2-1 o líder FC Porto, possibilitando um assalto ao primeiro lugar por parte do Benfica no dia seguinte. Para este encontro, a equipa de Sérgio Conceição registava duas baixas de peso: Marcano (lesão) e Alex Telles (castigo) estiveram indisponíveis. O Famalicão revelou-se uma equipa mais capaz do que o FC Porto e aproveitando uma noite desinspirada de Marchesin derrotou de forma meritória o líder do campeonato. No lado dos “dragões” destaca-se mais uma vez Jesús Corona: além de ter apontado o único golo dos azuis-e-brancos, foi claramente o jogador mais esclarecido da equipa.

No dia seguinte, a jornada retomou nos Barreiros: o Marítimo recebia o Vitória de Setúbal, empatando a uma bola. Primeiramente, importa destacar o papel do presidente verde-rubro, Carlos Pereira, no período que antecedeu o regresso da liga: polémico, não só lutou para que o Marítimo disputasse nos Barreiros os jogos restantes na condição de visitado, como também foi o único a vetar a possibilidade de existirem 5 substituições por jogo até ao final da presente temporada.
Quanto ao jogo, o Marítimo assumiu o controlo durante a primeira parte tendo ido para o intervalo em vantagem. Na segunda parte os sadinos equilibraram o jogo tendo mesmo alcançado o empate aos 82 minutos. À semelhança dos demais jogos, verifica-se um ritmo de jogo lento e em que muitos jogadores tiveram dificuldades em cumprir os 90 minutos de jogo.

De seguida foi a vez do Benfica entrar em campo: recebia a equipa do Tondela no Estádio da Luz. Num jogo bastante apático, as águias assumiram o controlo do jogo mas as ideias eram escassas. Por outro lado, a equipa beirã revelou-se bastante organizada defensivamente e o jogo terminou com um nulo no marcador. Por outras palavras, os problemas demonstrados pela equipa de Bruno Lage antes da interrupção do campeonato mantêm-se, tendo as “águias” vencido apenas um dos últimos nove jogos disputados. Em suma, apesar de igualar pontualmente o rival FC Porto no topo da tabela, permanece no segundo posto visto que os “dragões” têm vantagem no confronto direto (o critério de desempate que será utilizado, se necessário).

Por fim, jogou-se o jogo em destaque nesta jornada: o Vitória SC recebia no Estádio D. Afonso Henriques o Sporting CP. E foi um dos jogos mais animados da jornada: quatro golos (2-2) num jogo em que o Vitória demonstrou a sua tradicional garra dentro das quatro linhas, enquanto que o Sporting de Rúben Amorim vai dando os primeiros passos. Todavia, é notório o trabalho do técnico português na equipa de Alvalade, que teve uma prestação bastante aceitável num reduto tradicionalmente complicado. De salientar, ainda, a exibição de Sporar: o reforço chegado em janeiro apontou os dois golos leoninos, demonstrando o seu instinto de matador.

No dia 5 jogou-se o Santa Clara – SC Braga, na Cidade do Futebol (que será a “casa” do Santa Clara até ao final da época). Os bracarenses tiveram por duas vezes em vantagem mas a expulsão de Raúl Silva foi determinante no desenrolar do jogo, permitindo à equipa açoreana a reviravolta no marcador no período de compensação, no jogo com mais golos desde o regresso da competição.

Jogou-se, ainda, o Aves – B SAD, com a equipa visitante a vencer por 0-2. Enquanto que a equipa pertencente à Codecity consolidou o seu lugar no meio da tabela classificativa, o Desportivo das Aves vê a fuga à despromoção cada vez mais complicada (são 8 pontos a separar a equipa avense do 16º classificado Paços de Ferreira, que ainda não atuou nesta jornada).

E foi assim que regressou o campeonato português e a rúbrica de futebol do Desacordo. As bancadas permanecem vazias, o jogo perde grande parte do seu encanto e já ocorreram situações lamentáveis (o autocarro do Benfica foi apedrejado após o jogo frente ao Tondela, tendo Weigl e Zivkovic sido transportados para o hospital). No entanto importa atentar no que há de positivo: a bola voltou a rolar (constituindo um passo importantíssimo no regresso à tão desejada normalidade), o campeonato está competitivo e a luta pelo título de campeão nacional está longe de estar terminada. Nesta jornada, falta jogar-se o Boavista – Moreirense no dia 6 e o Rio Ave – Paços de Ferreira no dia 7.

Escrito por: Filipe Ribeiro
Editado por: João Rego