O filme dirigido por Fernando Meirelles, indicado a 4 Globos de Ouro e 3 Óscares, estreou a 27 de Novembro de 2019 e transporta-nos para 2012, ano em que o Cardeal Jorge Bergoglio decide pedir a sua aposentadoria dadas as divergências que sente relativamente à forma como Papa Bento XVI tem conduzido a igreja.
Com a passagem já comprada de Buenos Aires, Argentina para Roma, Itália, Bergoglio é surpreendido com o convite do Papa afim de se encontrarem. A chegada e encontro destas duas figuras globais faz desenrolar uma conversa (fictícia, mas caracterizada de verosimilhança) onde são debatidos não só o rumo do catolicismo, como também traços peculiares de personalidade e peripécias da vida de cada um. Ao longo de séculos, o sigilo tem marcado uma das maiores e mais antigas instituições mundiais: a Igreja Católica. Hoje somos contemplados com um filme que aborda e tenta desvendar, por meio da ficção, um dos maiores mistérios da história do Vaticano: a renúncia do Papa Bento XVI e a inesperada ascensão do Cardeal Bergoglio, o atual Papa Francisco.
O filme aborda da melhor maneira os dois pontos de vista em relação ao Catolicismo e o rumo que deveria tomar, segundo as duas figuras centrais Papa Bento XVI (Anthony Hopkins), que com o seu conservadorismo defende os ideais cristãos primordiais de forma meticulosa e o Cardeal Bergoglio (Jonathan Pryce), progressista e contemporâneo, defende o avanço do catolicismo ao encontro da sociedade dos dias de hoje.
Apesar da rivalidade de interesses e das diferenças destas duas personagens, a longa-metragem consegue avançar, factualmente, sem nunca denegrir a imagem de um em relação ao outro. De facto, este filme pode parecer dedicado, fundamentalmente, aos apreciadores de religião e história, no entanto é um filme para todos os espectadores com um olhar crítico, cinematográfico, curioso e atento, nomeadamente, pela exposição das fragilidades e situações polémicas da igreja e do catolicismo.
Um filme que cede informação fictícia e suculenta sobre os mistérios que rondam o Vaticano, aquecendo a alma dos mais crentes e inspirando a curiosidade das mentes mais férteis. Falta-me apenas referir os aspetos que tomo como mais impressionantes e que têm o devido valor, enquadrando o filme da melhor maneira possível. O filme é favorecido pela fotografia brilhante, uma banda sonora incrível, sobretudo, com referências aos ”ABBA” e ”The Beatles”, passagens da Bíblia pertinentes e adequadas ao longo de todo o filme, bem como passagens de obras com um cunho religioso.
A cena mais impactante do filme é a troca de confissões entre as duas figuras de prestígio, seguida de um almoço inóspito no ramo religioso, composto por uma pizza de rua e duas fantas. Uma película que abre os horizontes e a imaginação de qualquer um.
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Escrito por: Inês Conde
Editado por: Cláudio Nogueira