Pouco mais de uma semana passou desde que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, mas este curto espaço de tempo foi suficiente para vários setores serem rapidamente afetados pelo novo vírus devido a medidas de prevenção do contágio.
Desde o fim de fevereiro que Portugal tem vindo a cancelar alguns eventos que proporcionassem um maior risco de contágio do Covid-19 – os que pudessem envolver um grande número de pessoas de várias partes do mundo. No entanto, nesta última semana o risco de contágio elevou-se e foram aumentadas as medidas preventivas, tendo vindo a verificar-se o cancelamento de mais eventos e o encerramento de alguns serviços nomeadamente faculdades, teatros, complexos desportivos entre outros.
As perguntas que se podem colocar são as seguintes: Serão necessárias todas estas medidas? Não será apenas um grande alarido fomentado pelos media? Tenho a dizer que a resposta à primeira pergunta pode muito bem ser sim, e a resposta à segunda seria talvez sim e não.
As medidas que estão a ser tomadas por todo o país são inteligentes da parte do Estado, pois, se pensarmos bem, não é melhor conter o vírus antes de este estar completamente espalhado? Não será melhor prevenir que Portugal se torne numa segunda Itália? Lembro que o nosso país é um dos mais envelhecidos da Europa e temos por isso muitos cidadãos em risco, e mesmo que nós jovens não sejamos tão afetados, podemos acabar por afetar este grupo de risco.
Com isto podemos concluir que estas medidas não deverão de ser alarmantes ao ponto de enlouquecer o povo português e de lhes fazer correr o medo pelas veias, mas devem sim tranquilizar as pessoas na medida em que saibam que estão a ser tomadas providências para que se possa combater esta pandemia de forma rápida e de maneira eficaz.
Todavia, mesmo não achando todas estas precauções desnecessárias, os media acabam por ser de facto um problema no combate ao vírus. A razão reside no facto de em vez divulgarem a informação de maneira eficaz para manter a calma, procuram falar do assunto 24 horas por dia, apresentando apenas resultados negativos deste vírus alastrando assim um pânico desnecessário que faz o povo cair no ridículo.
Por outro lado, os media também são um problema pelo choque de informação que está a acontecer entre as pessoas, quando num dia temos um comentador a afirmar que o Covid-19 é uma gripe como qualquer outra e noutro temos um cenário desastroso da doença a ser construído. Andamos do “oito ao oitenta” na informação e isto leva a uma quebra da credibilidade relativamente a toda a situação.
O povo português encontra-se dividido entre quem ridiculariza totalmente a situação e aqueles que caem no poço do racismo e exaltação desnecessária causada pelo medo e ignorância. Vemos uma corrida aos supermercados semelhante à da Itália, quando o nosso país se encontra numa situação ainda bem longe da italiana. Observamos um total desrespeito pelas indicações da SNS por parte de outros. Assim é realmente difícil de cooperar no combate rápido e eficaz ao surto.
Ontem o Covid-19 foi declarado como pandemia mundial pela OMS e o diretor-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, afirmou: “Estamos nisto juntos e precisamos de fazer o que é certo, com calma”. O lema que deve prevalecer. Mas não se esqueçam do bom senso. Sim o bom senso será um aliado muito importante no combate ao vírus. Pode se suspender o que se quiser, mas se cada pessoa não tiver cuidado e não evitar locais de risco de contágio, muitas das medidas não terão efeito, e teremos um problema maior. Uma pandemia não é uma brincadeira, devemos de travá-la, repito, com calma e bom senso.
Termino relembrando informações que afastam o pânico e são uma pequena lufada de ar fresco à pressão do assunto.
- Sabemos detetá-lo, com o aparecimento de sintomas indicados pelo que foi observado em pacientes até agora, sabendo até algumas diferenças que têm com a gripe, doença com a qual pode ser confundido;
- Na China o número diário de novos casos está a decrescer;
- A doença não é mortal para todos os seus portadores, requerendo maiores cuidados com pessoas que já contenham outras doenças, sistemas imunitários fracos e sejam de uma idade mais avançada;
- Há forma de o evitar (seguindo os conselhos do SNS);
- Já se está a trabalhar numa vacina;
- Há mais curados que mortos.


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Escrito por: Rafaela Boita
Editado por: Mariana Mateus