Nas últimas horas, na rede social Instagram, um post da página astagfirollah (que faz referência a uma menção islâmica, astaghfirullah que significa pedir perdão a Alá), dedicada à publicação de curiosidades sobre a forma como a religião muçulmana é vista socialmente, foi publicada e partilhada por diversos utilizadores por apresentar a informação de que hoje em dia na China, cerca de 3 milhões de muçulmanos Uigures (habitantes com etnia originária do Turquemenistão, na Ásia Central) são levados para campos de concentração em Xinjiang (região fronteiriça na China). Mais do que apenas pela informação, o post ganhou relevância pelo assunto de pendor político, religioso e humano demonstrando que nos dias de hoje o sofrimento humano continua a ser submetido a questões de poder. Temas que para a maior parte da sociedade ocidental, passa despercebido e não surge como preocupação na sociedade.
Ao longo da história da humanidade, e principalmente a partir do momento em que a religião se associou ao poder territorial, sempre existiram formas de intolerância religiosa em nome não só da defesa apregoada dos valores da própria religião, e por se formatar que todas as outras religiões que não a própria serem inimigas e prejudiciais para a sociedade. Diversos exemplos de episódios, retratam não só este cenário como relembram as consequências dramáticas do sofrimento humano e o modo como maioritariamente atingem-se inocentes, como a perseguição dos primeiros cristãos pelos judeus e pagãos, mais tarde a perseguição de judeus durante o crescimento do Império Romano, na Idade Média o abuso de poder dentro da Igreja Católica, que inclusive revoltou diversos cristão e originou as religiões protestantes, nos tempos contemporâneos o Holocausto por parte dos nazis e o terror espalhado por grupos extremistas islâmicos derivado do sunismo como os jihadistas e a Al-Queda.
A verdade é que os factos históricos não são apenas referências do passado, mas permitem relembrar o compromisso que temos enquanto cidadãos do mundo e enfrentar os problemas reais que ainda hoje existem. A religião cristã é a religião com mais seguidores no mundo e igualmente a mais perseguida, onde 80% da discriminação religiosa acontece segundo a Internaional Society for Human Rights, uma ONG de Frankfurt. Principalmente em cenários de países do Médio Oriente, estima-se que em cada 6 minutos um cristão morre, e desde o inicio deste século o número de 1,4 milhões de habitantes cristãos na Síria decaiu para menos de 200.00 mil habitantes nos dias de hoje, segundo dados da ONU.
A 6 de janeiro de 1941, numa altura em que se viva pelo temor da 2.ª Guerra Mundial e o sofrimento humano era bem presente, Franklin Roosevelt alertava no famoso Four Freedom Speech, a necessidade de proteger a liberdade de cada ser humano poder expressar e viver a religião ou não conforme a sua própria vontade, sem se sentir a pressão externa de o fazer ou não (Freedom of Worship). Os exemplos como o inicialmente referidos, servem para relembrar que nos dias de hoje é ainda necessário ter em atenção a problemas que põem em causa a vida da humanidade, e que as ideias de Roosevelt não servem de nada se não forem defendidas no dia a dia. Vivemos num mundo onde a informação corre rapidamente, no entanto resta nos no nosso papel individual, estarmos atentos ao mundo que existe e que a humanidade gerou e que não corre a mesma velocidade em diferentes espaços e em diferentes culturas.
Escrito por: João Feliciano
Editado por: Cláudio Nogueira