Esta semana, analisamos uma competição que não é alvo de consenso quanto à sua realização entre os adeptos do futebol – referimo-nos à taça da liga. Será esta uma competição realmente necessária no que à competição de clubes diz respeito? Será que adeptos, jogadores e dirigentes gostam desta competição? Estas são algumas das questões a que se tentará dar resposta.

Criada com o intuito de preencher uma lacuna no calendário desportivo, a taça da liga caracteriza-se por ser a terceira taça mais importante nos países em que se realiza (estando atrás da liga e da taça nacional, respetivamente). Nesta competição, os clubes que nela participam tendem a promover a rotação do plantel, desvalorizando esta prova que, em boa verdade, não acrescenta muito prestígio a quem a conquista – em Portugal é apenas um “mero” troféu, enquanto que em Inglaterra, por exemplo, pode garantir o acesso à Liga Europa ao seu vencedor caso este não o consiga via campeonato.

Se em Inglaterra esta taça pode ser benéfica para as equipas “mais pequenas”, em Portugal tentou-se replicar mas sem sucesso. Não existe algum tipo de recompensa para quem a conquista em terras lusas e, apesar do esforço levado a cabo pela Liga Portugal de promover esta taça (nos últimos anos através da organização de uma final-four com uma cidade organizadora), a verdade é que clubes, adeptos e dirigentes continuam a desvalorizar esta mesma prova, o que nos leva a colocar a questão: será esta competição necessária?

A nosso ver, a resposta a esta questão terá de ser dada em sentido negativo. E a prova disso mesmo vem de Inglaterra: se na passada quarta-feira houve um jogo de loucos para esta competição (5-5 entre Liverpool e Arsenal, com vitória para os de Anfield na marcação de grandes penalidades), os orientados de Jurgen Klopp ameaçam desistir da prova devido à sobreposição de jogos (visto que a próxima ronda coincide com a participação dos “reds” no mundial de clubes realizado no Qatar, fruto da conquista europeia da época transata). A isto, acrescenta-se a rotação total do plantel promovida pelo técnico alemão, sendo poucas as caras conhecidas do público em geral que entraram em campo. Isto comprova que o calendário futebolístico inglês está sobrecarregado e que a solução poderá passar pela extinção da taça da liga ou pela restrição da mesma a equipas com objetivos menos ambiciosos (e em que um acesso à Liga Europa seja, de facto, uma grande conquista).

Já em Portugal, esta prova tem tido efeitos semelhantes aos que se registam em terras de “sua majestade”, com a agravante de não haver qualquer tipo de recompensa desportiva para o vencedor da mesma. O interesse dos adeptos por esta prova é cada vez menor e são poucos os clubes que apostam na conquista da mesma, pelo que a solução deverá passar por uma das duas anteriormente apresentadas para o caso inglês.

Em suma, se a taça da liga foi criada com o propósito de preencher lacunas no calendário, a verdade é que está a ir muito além desse propósito, estando mesmo a sobrecarregar os calendários de várias equipas. Conclui-se que, de entre todas as provas, é a menos necessária e que o seu formato deveria ser revisto com carácter de urgência, para benefício do futebol em geral, que deve ser regido de acordo com a vontade de atletas e adeptos (que, cada vez mais, “rejeitam” esta prova).

Escrito por: Filipe Ribeiro