Após as primeiras 6 jornadas da 1.º Liga do Campeonato Nacional de Futebol, verifica-se com alguma surpresa a liderança de um clube promovido este ano ao escalão principal do futebol português, o Futebol Clube de Famalicão.
O clube da cidade de Vila Nova de Famalicão que na temporada passada (2018/2019) obteve a segunda posição na 2.º Liga com 69 pontos e assim, o acesso à 1.º Liga, começou a sua caminhada esta temporada (em jogos oficiais) com 5 vitórias (frente a Santa Clara, Rio Ave, Desportivo das Aves, Paços de Ferreira e Sporting) e 1 empate (na deslocação a Guimarães), dando um total de 16 pontos e que valem a liderança do campeonato.
Ainda visto como um clube fora da corrida do título por muitos, o Famalicão na última jornada manteve o seu rumo vitorioso e convenceu muitos adeptos de futebol da capacidade da sua equipa ao vencer no Estádio de Alvalade o Sporting, mesmo começando a perder conseguindo dar a cambalhota no marcador nos segundos 45 minutos de jogo. O que está então por detrás deste clube que tem surpreendido nas suas exibições e quais os fatores que levam ao sucesso da equipa?
O Futebol Clube de Famalicão decidiu recentemente com a gestão do líder da SAD do clube Miguel Ribeiro (antigo Diretor Desportivo do Rio Ave), ceder 51% do seu capital à empresa Quantum Pacific Group (liderada pelo israelita Idan Ofer) que injetou os recursos financeiros ao clube que permitem o investimento no renovamento do plantel em qualidade, e para além disso permitiu a ligação a outros clubes europeus cuja empresa detém também capitais como é exemplo o Atlético de Madrid (onde a empresa detém 32% do capital do clube espanhol) que cedeu jogadores como o defesa Nehuén Pérez e o médio Gustavo Assunção.
O Famalicão apostou também este ano num novo líder da equipa técnica, o estreante João Pedro Sousa, técnico que conta no seu currículo com passagens no Estoril, Sporting, Olympiacos, Hull City, Watford e Everton como treinador-adjunto de Marco Silva. Apesar de poder ter uma falta de experiência no que toca a assumir uma equipa técnica e vestir a pele de treinador principal, o treinador João Pedro Sousa conta com experiência internacional no mundo do futebol, onde trabalhou em ligas altamente competitivas (como a Premier League), o que pode fazer a diferença para os famalicences produzirem um bom estilo de jogo e consequentemente bons resultados.
O poder de capital verificou-se também na forma como o clube conseguiu atrair jogadores jovens e formar uma equipa baseada em jogadores individualmente dotados e vistos como promessas onde se destacam Guga, Diogo Gonçalves, Pedro Gonçalves, Rúben Lameiras e atraiu outros jogadores já com experiência de clubes da 1.º Liga como Fábio Martins (ex-jogador do Sporting de Braga), Lionn (ex-jogador do Chaves) e até do estrangeiro como o defesa esquerdo Alex Centelles da formação do Valencia de Espanha.
Outro fator é já a um tempo conhecido como imagem de marca do Famalicão (desde os tempos da 2.º Liga) é a ligação do clube com os seus adeptos, que sempre apoiaram o clube nas suas decisões tanto administrativas como no apoio à equipa em jogos em casa e fora. A ligação entre clube e adeptos e o valor que é dado ao apoio manifestado é visível em ações como a distribuição de pizzas aos adeptos nos jogos fora, em horário tardio, como foi exemplo no jogo do passado dia 23 em Alvalade onde os cerca de 200 adeptos do Famalicão tiveram direito a esta ajuda do clube.
Ainda é cedo para afirmar que o Famalicão vai fazer uma grande época e que poderá acabar nos lugares cimeiros da tabela no fim da temporada, até porque a estrutura do clube não em dimensões a todos os níveis como por exemplo as dos chamados “3 grandes”, mas poderá estar em exemplos como este a chave para o crescimento da competitividade do futebol nacional e a diminuição da disparidade entre os clubes “pequenos” e “grandes”. E quem sabe o Famalicão irá ainda surpreender mais os adeptos do futebol e tornar ainda mais atrativo o campeonato português. O futebol é fértil em surpresas e uma coisa é certa, não se deve menosprezar o clube que lidera o campeonato!
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: João Feliciano
Editado por: Cláudio Nogueira