A sexta-feira treze é tida como um dia de azar mas a Comic Con Portugal não se deixou intimidar pelas superstições.
Ao meio dia a ilustradora do jornal de cultura pop Jankenpon, Joana Rosa, mostrou aos possíveis novos artistas presentes no Auditório Spotlight como entrar no mundo da banda desenhada ao ensinar, de uma maneira divertida, como fazer uma representação correta da anatomia humana. Deixaram-se para trás os velhos cânones típicos do renascentismo porque, apesar de o nosso corpo ser estranhamente proporcional, cada corpo é um corpo e são as diferenças que nos permitem criar personagens singulares.

Todd Stashwick volta a subir ao palco do Golden Theatre mas desta vez com Joe Reitman, uma cara já conhecida dos fãs da convenção, para falarem das suas participações como vilões. Ao recordarem vários momentos caricatos das gravações, exploram a ideia de que por vezes, mesmo sem querer, desenvolvemos uma certa empatia com estas personagens menos amigáveis. Ao interpretar um vilão, Todd tenta perceber primeiro as razões que levaram ao nascimento do malfeitor- “Os vilões não se veem como vilões, eles são os heróis das suas próprias histórias”, diz o ator.
Porque não só de BD se faz a Comic Con, os escritores Richard Zimler e Filipe Faria foram convidados a discutir como é que o romance histórico e a literatura fantástica se tocam. Apesar de serem géneros literários diferentes, ambos fazem uma pesquisa minuciosa quanto à época sobre a qual escrevem: não gostam de ver um desfasamento temporal nas suas narrativas e concordam que é crucial que os factos históricos estejam corretos.
Se na quinta-feira Itziar Ituño e Esther Acebo pouco desenvolveram sobre a terceira temporada, o segundo dia ficou reservado para isso mesmo. As mudanças que as personagens das duas atrizes sofreram foram o principal tema de conversa. A transição do lado da lei para o lado do crime não era esperada por nenhuma delas – não sabiam o que esperar quando foram convidadas para gravar a continuação da série e tinham algum receio do caminho que a história seguiria, mas confiaram nos guionistas.
Surgiram muitas perguntas relativamente à quarta temporada, mas pouco foi revelado. “Bomba relógio” são as palavras que ambas apontam como sendo descritivas do novo capítulo. “Se gostaram desta última temporada vão gostar da que aí vem.”

Ao integrarem o gangue, Raquel Murillo e Mónica Gaztambide dizem adeus à vida como a conheciam e ganham novos nomes, Lisboa e Estocolmo. O painel acaba abruptamente com a entrada da PSP que “prende” as duas criminosas.

Viajamos para o futuro com a escritora de The 100, Kass Morgan. Os livros que ganharam uma maior atenção em 2014 com a estreia de uma série baseada nos mesmos retratam um pós-guerra nuclear onde 100 jovens são enviados para a Terra na esperança de a conseguirem habitar. Os livros não pretendem retratar uma distopia, frisou a autora. Representam sim, uma oportunidade de voltar à nossa atual casa.

A série desvia-se dos caminhos traçados por Morgan, mas esta não se sente injustiçada, pelo contrário – sente que é uma honra ter a sua história trabalhada por excelentes profissionais que dão vida às suas personagens. “Posso ligar a televisão e surpreender-me com a minha própria história.”
Revela estar a trabalhar com uma prestigiada autora de um outro mundo fantástico, mas que mais não pode divulgar. O seu novo livro “Supernova” terá dois capítulos e o primeiro será publicado a 28 de Outubro deste ano.
A versão portuguesa da convenção tem preparada um fim-de-semana com mais nomes da cultura pop, como Avi Nash da série The Walking Dead e Benedict Wong, que dá vida a Wong do universo Marvel.
Escrito por: Mariana Mateus
Fotografado por: Mariana Mateus
Editado por: Beatriz Duarte