Na passada segunda-feira, 29 de Abril, ocorreu, pela primeira vez no Porto, a terceira edição da National Geographic Summit.
Com as duas últimas edições em Lisboa, este ano subiram aos palcos da Casa da Música 5 oradores que vieram falar sobre a temática desta edição: Planeta ou Plástico. Foi apelado aos espectadores para “Ouvirem o Planeta” e escolherem-no.
De manhã houve pela primeira vez a National Geographic Summit Junior, uma sessão para as escolas e os mais novos, onde estes puderam ouvir oradores como o Brian Skerry, Raquel Gaspar e Ana Milhazes a falarem sobre os oceanos e como evitar o desperdício.
Na parte da tarde deu-se então início então à National Geographic Summit 2019. O anfitrião desta edição foi o apresentador e jornalista da SIC João Moreira.
A primeira parte da sessão teve oradores que abordaram o enquadramento ambiental que se vive e a tomada de consciência sobre o problema e as suas consequências.
O primeiro orador foi Brian Skerry, um fotógrafo subaquático da National Geographic, que falou um pouco sobre como se inspirou a tirar fotos nos oceanos. Explicou que, quando começou a ver os problemas que os mares tinham pelo que era feito na Terra, focou a sua carreira a trabalhar histórias para apelar a esta causa, numa tentativa de arranjar soluções. Como jornalista, quer aprender sobre a ciência, mas, como fotógrafo, pretende encontrar a beleza, tentando coincidir as duas contando uma história para que as pessoas se sensibilizem.
A segunda oradora foi Lucy Hawkes, que explicou um pouco a sua investigação sobre a migração de aves, insetos e algumas espécies marinhas e como estes são extraordinários e que devemos protegê-los.
Paula Sobral, investigadora, bióloga e especialista em microplásticos mostrou a dura realidade que estamos a viver neste momento, onde os oceanos estão cada vez mais sujos de plástico, sendo que muito desse plástico está no fundo dos mares e, provavelmente, não se vai desfazer senão em milhares de anos. Para além disso, já se encontram resíduos de microplásticos tanto em animais como em pessoas, que comem esses animais contaminados. O desacordo ainda teve oportunidade de falar com a Paula Sobral pessoalmente, onde lhe perguntámos qual foi a sua inspiração para investigar os mircroplásticos. Sobral explicou que foi quando lia a revista Nature e viu uma pequena banda desenhada sobre uma família de cavalos-marinhos, onde os pais diziam ao filho para comer as algas, mas o cavalo marinho bebé queria comer umas bolinhas de várias cores que eram, na verdade, microplásticos. Isto fez com que quisesse pesquisar mais sobre o tema. Falámos ainda sobre como as novas diretivas da UE contra os plásticos de uso único iram fazer uma diferença grande, porque os consumidores às vezes têm preguiça de deixar de usar os descartáveis e, não estando estes à venda, vai impedir a sua utilização. Ainda houve tempo para comentar como os estudantes têm feito um bom trabalho em impôr-se pelo ambiente e como isso também fará a diferença mais tarde.
A segunda parte da sessão foi composta por dois oradores sobre alternativas do caminho a seguir.
Jamie Butterworth, responsável pela gestão de investimentos na Circularity Capital, explicou o que é a economia circular, que, ao contrário da economia linear (formar matéria prima num produto, vendê-lo, este ser usado e depois deitado para o lixo), pretende dar uma vida nova aos produtos depois destes terem atingindo o seu propósito, minimizando assim o desperdício e otimizando recursos o máximo possível. Referiu também que, para além de ser necessário começar a limpar o planeta, deve-se, primeiramente, parar com o que o está a sujar, como por exemplo a indústria excessiva de plástico. Chama a atenção ao público que este pode participar na economia circular adquirindo produtos com maior qualidade, que durem mais em vez de estarem sempre a comprar novos, tentando ainda evitar os produtos de uso único, de forma a reduzir o desperdício. Disse que a economia circular pode ser um processo difícil, mas é necessário.
A última oradora para finalizar esta terceira edição foi Claire Sancelot, ativista do movimento de Desperdício Zero, que partilhou o seu estilo de vida na Malásia, como mãe de três crianças, evitando ao máximo o desperdício. Tendo em conta que falta uma loja sustentável lá, abriu a sua própria cadeia intitulada “The Hive”. Em seguida, ensinou o público como ter um estilo de vida mais sustentável, dando algumas dicas que a própria pratica, tal como: recusar sempre que possível objetos de uso descartável, reduzindo ao máximo os que precisa, reutilizar ao máximo e comprar produtos que aguentem mais a sua reutilização, reciclar quando estes chegam ao fim da vida, fazer compostagem da comida que se desperdiçou.
Finalizou-se a edição com os cinco oradores em palco e uma mensagem que cada um gravou previamente frisando como é importante escolher o planeta e protegê-lo.
Escrito por: Ângela Pereira
Editado por: Daniela Carvalho