Creio que todo e qualquer universitário pensa no programa Erasmus ou, mesmo que secretamente, deseja ter coragem para o fazer. Sim, porque não é de ânimo leve que se embarca nesta aventura.
Desde que me lembro tenho uma curiosidade tremenda pelo desconhecido. Acabado o ensino secundário na minha pequenina cidade algarvia era imperativo para mim estender os meus horizontes, por isso aventurei-me na capital. Apesar de Lisboa ser uma panóplia de oportunidades e conhecimentos, a vontade de explorar a realidade fora do país começou a crescer, e como tal, decidi candidatar-me ao programa Erasmus +. Medo? Morria dele, mas sempre estive disposta a apostar nas oportunidades que me surgem.
A próxima fase era a decisão do destino. Uma coisa era certa: tinha de ser low bugdet e o país europeu que me oferecesse a experiência mais diferente de Portugal. Assim ficou a Eslovénia, os feedbacks de ex-alunos e as fotos das paisagens que me esperavam foram demasiado apelativas para deixar escapar. Fui em busca de uma aventura e voltei com uma nova casa no coração!
Optei por fazê-lo durante o semestre de inverno e posso dizer que não podia estar menos arrependida da minha escolha, tive a oportunidade de aproveitar a mais característica altura do ano na Eslovénia. Desde as paisagens cobertas de neve, como os lagos gelados e as cordilheiras montanhosas do Parque Natural de Triglav, às festividades e tradições de natal, que tão diferentes são das portuguesas. Apesar da temperatura ser uma questão um pouco assustadora, sendo que o minímo que se fez sentir enquanto lá estive foram -15º, o frio é totalmente suportável com a roupa adequada e um copo de vinho quente!
Outra das razões estratégicas pelas quais Ljubljana acabou por ser o meu destino, foi o facto de ser um pequeno país na Europa Central, que apesar de não ser muito conhecido, tem a localização perfeita para se visitar outros países vizinhos e a custos super em conta. Depois de uma semana preenchida com aulas, os meus fins-de-semana foram maioritariamente passados em autocarros Flix Bus para várias das cidades europeias mais enigmáticas como Roma, Veneza (Itália); Zagreb (Croácia); Viena (Áustria); Bratislava (Eslováquia) e Budapeste (Hungria).
Quando não andava a explorar os arredores, tentava conhecer ao máximo Ljubljana, a capital e cidade de acolhimento do programa, e que tanto tem para se conhecer. Para além de ter uma componente histórica e cultural muito interessante, como o Castelo no cume mais alto da cidade e museus tanto de arte como etnográficos, a vida social é extremamente ativa e sempre preenchida com eventos, tais como exposições de arte urbana e concertos na àrea mais in e jovem – Metelkova – que de dia é espaço para artistas mais alternativos e quando anoitece torna-se uma zona boémia cheia de boas vibes.



Como não pode ser tudo sobre diversão, chegou a altura de falar de responsabilidades. Primeiramente, sinto que é essencial reportar a desorganização que devemos evitar como alunos de Erasmus no que toca a toda a papelada e deveres administrativos que são necessários tratar: primeira regra para a transição ser feita com sucesso é estar constantemente atento ao e-mail para não perder nenhuma informação ou data importante. No que toca ao instituto de acolhimento, candidatei-me para a Faculty of Social Sciences, que faz parte da University of Ljubljana, devido à sua boa reputação e por oferecer aulas em inglês, o que por vezes não é disponibilizado por certas instituições. A minha experiência no ensino esloveno foi maioritariamente positiva, a estratégia de ensino baseou-se muito na discussão em aula e na leitura, os trabalhos foram desafiantes e os professores muito prestáveis. A única dificuldade que tive de enfrentar deveu-se ao conjunto de cadeiras disponíveis para os alunos Erasmus ser um pouco limitado o que me levou a estudar um pouco fora da minha área.
Mas a vida académica não se trata só de escola, como devem imaginar! Assim que as aulas chegam ao fim, o pessoal costumava agrupar-se para beber uma cerveja ou um copo de vinho num dos vários pubs ou esplanadas junto ao rio, no centro da cidade, e aproveitar o final de dia. Os convívios tardios dão depois lugar às festas, sendo que as terças-feiras são sempre as noites reservadas aos Erasmus, organizadas pela ESN (Erasmus Student Netwok), a organização que acompanha e representa os estudantes internacionais e fornece oportunidades para o intercâmbio intercultural e desenvolvimento pessoal.
No final de contas, sinto que Ljubljana é sem dúvida um dos melhores destinos para ter uma experiência Erasmus completa e recheada em todos os sentidos: conheci e partilhei vivências com pessoas vindas de todos os cantos do mundo, a cidade e o país são acolhedores e repletos de descobertas entusiasmantes que me fizeram ver o mundo com outros olhos, sem contar com o progresso na língua inglesa e soft skills. Não podia recomendar mais vivamente!
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Matilde Cantinho
Editado por: Ana Mendes