O segundo dia do Encontro Nacional de Estudantes de Antropologia começou às 9:30 da manhã, com uma palestra sobre “Populações do Passado” com as professoras doutoras Susana Garcia e Sandra Assis e a mestrnda Anabela Castro.
À sua vez, cada oradora falou sobre os diversos processos em osteologia desde o trabalho de campo até à fase de laboratório.
O trabalho de campo, que só começou a ser regulamentado nos anos 90, e que só a partir desse momento é que se começou a chamar os antropólogos obrigatoriamente ao terreno, é constituído pela recolha dos esqueletos encontrados e todos os dados que possam ajudar a uma compreensão sobre a morte dos indivíduos e os métodos funerários usados.
A antropologia no terreno ajuda nas opções cronológicas: quando é que aquela sepultura foi criada, o entendimento das vidas passadas, como era a cultura, se faziam rituais e se estavam ligadas a alguma religião.
Quando o indivíduo encontrado vai para laboratório começa-se a analisar o seu esqueleto seguindo metodologias primeiramente morfológicas para tentar determinar o sexo, a idade, a estatura e se possível a causa da morte.
A histologia, um campo que estuda os tecidos, e que pode ser focada em tecidos ósseos considera o esqueleto algo dinâmico e, quando os métodos morfológicos falham, a histologia, mesmo sendo uma das técnicas mais destrutivas, pode até em fragmentos de osso determinar certos dados como a idade ou também perceber como estão os ossos e determinar se o estilo dos indivíduos eram mais sedentários ou não, que em sociedades do passado ajuda a determinar o modo de subsistência (se são caçadores, recoletores ou agricultores).
A seguir houve a palestra sobre “Desastres Naturais” com a professora doutora Tânia Ganito e a 2ª Comandante Operacional Nacional do Comando Nacional de Operações de Socorro e Proteção Civil Patrícia Gaspar onde a 2ª Comandante explicou que é tão fundamental a prevenção para a probabilidade haver um desastre, como a resposta para quando este se dá.
A professora Tânia Ganito falou um pouco sobre a Antropologia do Desastre e como certas catástrofes que acontecem chegam a ser um acumular de acontecimentos passados. Explicou que a antropologia pode ter um papel muito forte na reabilitação destas sociedades, que por vezes precisam de ajuda externa, mostrando-lhes que podem ter agência para consecutivamente não terem de depender mais desta ajuda, frisando ser ineficaz apenas enviar ajuda se depois não há a construção de estruturas para que estas sociedades consigam funcionar de forma independente.
Depois de almoço a palestra que se seguiu foi sobre “Antropologia e Desporto” pelo professor doutor Daniel Seabra e o doutor Nuno Domingos onde falaram um pouco sobre o futebol e como este afeta as massas, pensando sobre que papel a antropologia tem na análise da importância deste para a sociedade.
A professora doutora Sónia Frias falou sobre os busquimanos e o deserto Kahalari e como estes têm direito a viver nesse deserto mas não podem rentabilizar o terreno por regulamentação estatal, vivendo assim do artesanato que vendem aos turistas. Já o professor doutor Fernando Florêncio contou um pouco sobre o seu trabalho de campo para tese de licenciatura em Moçambique, todos os imprevistos que teve e como se preparou para quando fez a sua tese de mestrado em Angola na palestra “Área Etnográfica África”.
A última atividade do dia foi o workshop “Porquê a Antropologia?”, com o professor doutor Miguel Vale de Almeida que no seguimento desta pergunta tenta responder ao porquê de estudar antropologia. Disse que tecnicamente a Antropologia não afeta o correr dos dias, podia desaparecer e o mundo continua a girar, mas tem um papel importante na compreensão desse mundo e das sociedades e culturas que nele habitam.
No terceiro e último dia, que decorreu no sábado, teve duas palestras.
A primeira com as mestres Joana Sá Couto e Vanessa Amorim que falaram sobre a antropologia do ambiente e a antropologia marítima e do seu trabalho dentro da comunidade piscatória de Setúbal e os desafios que enfrentam desde as crises ambientais aos regulamentos da pesca com coimas duras.
A outra palestra contou com o professor Luiz Souta e a professora doutora Darlinda Moreira com o tema “Antropologia e Educação” onde explicaram a importância da antropologia nesta área, como a educação é importante assim como a educação dos formadores.
No final da manhã houve um workshop de “Saídas Profissionais” com a Mestre Laura Menezes que falou sobre o seu percurso académico e explicou o que faz agora na Delegação Regional dos Açores e a Mestranda Daniela Guerreiro apresentou a sua tese de mestrado sobre o consumo ético e os passos que deu durante a investigação da mesma assim como a experiência que foi adquirindo.
Concluiu-se o último dia do encontro com uma visita ao Museu de Etnologia em Belém.
Deixou-se a nota que para o ano haverá o terceiro encontro que vai acontecer em Coimbra.
Escrito por: Ângela Pereira
Editado por: André Blayer