Mais um ano, mais uma missão, mais cerca de 60 ISCSPianos (e não só), que durante uma semana foram espalhar a palavra de Deus e alegria até à Benedita, freguesia perto de Alcobaça.
A primeira Missão País teve origem na faculdade NOVA SBE, em 2003, quando um grupo de 3 alunos possuíam uma dupla vontade: entregarem se a uma missão e encontrar na faculdade um espaço que os aproximasse de Deus, visto que a faculdade era o lugar onde passavam mais tempo e sentiam a falta de algo.
Em 16 anos, a Missão País já esteve por 93 cidades portuguesas; cada missão em cada cidade prolonga-se por um período de 3 anos, o que possibilita uma maior criação de laços afetivos com os locais, bem como contribui para um trabalho mais consistente e consciente, onde a prioridade no primeiro ano é o acolhimento, no segundo a transformação e, no terceiro, o envio.
Existem três dimensões de cada missão: a externa, a interna e a pessoal: a externa consiste no voluntariado, realizado em pequenos grupos com cerca de 5 ou 6 elementos, que ficam a semana no mesmo local, no mesmo lar, na mesma escola, entre outros; a missão externa é finalizada com duas atividades abertas para toda a comunidade: uma vigília de oração e um teatro realizado pelos missionários. A missão pessoal consiste na missão que cada membro tem consigo próprio, sempre sobre a seguinte equação: missão = voluntariado + oração. Por fim, a missão interna consiste na aprendizagem que cada missionário faz durante a semana e que traz para o seu quotidiano.
A Missão País segue o exemplo da Grande Missionária, Nossa Senhora; apesar de parecer à primeira vista que apenas uma semana pode não satisfazer o desejo de encontrar outros universitários com as mesmas crenças, o pós missão satisfaz essa necessidade: após uma semana intensa de oração, serviço e convívio, os missionários chegam às respetivas faculdades com uma relação inexplicável, o que torna possível a vivencia da fé no meio escolar.
Madalena Gonçalves, aluna do 3º ano de Ciências da Comunicação, e Manuel Capela, aluno do 3º ano de Gestão de Recursos Humanos, foram os designados chefes gerais da Missão País do ISCSP, que chegava a Benedita pela primeira vez. Pedimos a alguns dos nossos missionários para partilhar um pouco do que foi a missão para cada um deles:
Madalena Gonçalves, 20 anos, aluna do 3º ano da licenciatura de Ciências da Comunicação:
“Para além de levar Deus às faculdades, a Missão País traz também as faculdades para Deus. E assim começa o meu primeiro contacto com a Missão País. Chegada à faculdade em 2016, inscrevi-me logo que pude.
Ao chegar a Arronches, em 2017, fico surpreendida por ficar na comunidade do teatro. É uma experiência de serviço completamente diferente das que tinha feito até à altura. Ensaiamos um guião que nos é dado no início da semana e nos acompanha até à apresentação do teatro. Os frutos deste trabalho culminam com uma apresentação à população, que funciona como um último presente que oferecemos à terra depois duma semana tão cheia! Na comunidade do teatro, o nosso contacto com a população é mais limitado do que em outras comunidades, mas no final da semana, com muita dedicação e devoção, cumprimos o mesmo objetivo: inspirar gerações que vivam a fé católica em missão!
Com o meu terceiro ano de faculdade, veio também o meu terceiro ano de Missão País… Para mim, esta missão começou em maio de 2018, quando fui convidada para ser chefe geral da Missão País no ISCSP. Foi um desafio que aceitei com grande alegria, mas também com algum nervosismo. Ser chefe geral implica planear, ao segundo, toda a semana de missão, desde o momento em que os missionários chegam até que eles regressam a casa. É um desafio porque temos de assegurar dormida, comida, momentos de diversão e momentos de oração para 50 missionários. Ao longo da semana, temos de estar preparados para qualquer eventualidade, e sempre disponíveis para o que os missionários possam precisar, pois essa é a nossa missão. Temos de conseguir resolver problemas da melhor forma possível, e ser a ponte entre a Missão País e as instituições missionadas. Se calhar não vamos passar o dia na escola a brincar com as crianças, ou no lar a ouvir histórias incríveis que os velhinhos têm para contar, mas conseguir colocar missionários disponíveis para o fazer já é uma forma de missionar!
Alguém uma vez disse “não vivas a falar de Deus, mas vive de tal maneira que te perguntem por ele”, e foi o que tentámos fazer na Benedita! Espero que tenhamos transformado de alguma forma aquela terra, onde prometemos voltar nos próximos 2 anos!
Miguel Dias, 20 anos, 2º ano da licenciatura de Ciência Política:
“Para quem nunca viveu uma missão país, é talvez uma surpresa perceber que, durante uma semana, enquanto uns missionam lares, escolas e casas, há um pequeno grupo de missionários que ficam fechados num auditório a trabalhar. A verdade é que existe uma grande separação entre missionar nas comunidades diretamente ligadas à população e na comunidade do teatro. A comunidade do teatro tem uma simples missão: Transmitir a mensagem anual da Missão País a toda a comunidade, de uma forma fácil, interativa e sobretudo engraçada! Foi também este o meu foco durante toda a Missão. Pertencer à comunidade do teatro é um desafio; desafia-nos mentalmente, emocionalmente e fisicamente!
Por um lado, é extremamente difícil fazer um teatro de uma hora e meia em 5/6 dias: falas para decorar, cenários para decorar e montar, textos para adaptar, músicas para criar… há toda uma panóplia de tarefas que parecem impossíveis durante toda a semana e que só com a ajuda da oração e dos restantes missionários acabam por se realizar. Por outro lado, somos desafiados a perceber que existem mais maneiras de ver Deus que nos olhos daqueles a quem servimos, há uma dificuldade inicial em olhar para esta comunidade e de perceber onde é que Deus está no meio de toda a confusão, das falas e do próprio momento do teatro. Mas Ele chega-nos, para além de através dos próprios missionários que nos acompanham nesta jornada, pela mensagem que gravamos no coração de quem vê o produto final, vêmo-Lo em cada “Obrigado” sincero, em cada gargalhada e em cada aplauso.
Fazer parte do teatro é, para além de uma enorme responsabilidade, uma enorme oportunidade de enfrentar os nosso medos, de nos superarmos e de criarmos laços que duram uma vida inteira!”

Andreia Fernandes, 20 anos, 3º ano da licenciatura de Serviço Social:
“Se conseguisse descrever a minha Missão País’19 numa única palavra, utilizaria o termo “inesquecível” e ainda assim não faria justiça à semana incrível que passei na Benedita. Colocar-me ao serviço do outro sempre foi algo que valorizei desde muito cedo e foi na Missão que vi esse desejo de ajuda ao próximo crescer. Tive o prazer de fazer voluntariado num lar de idosos e este foi, sem dúvida, um dos momentos mais gratificantes da minha vida.
Não só tive a oportunidade de conhecer pessoas inalcançáveis no seu trabalho, como também me consegui desafiar, colocando à prova todas aquelas competências que os professores vão reforçando ao longo da minha licenciatura. Enquanto aluna de Serviço Social, senti-me verdadeiramente abençoada por poder testemunhar, em primeira mão, o trabalho de uma Assistente Social que, apesar da sua pouca experiência, se dedicava de corpo e alma ao seu trabalho, levando sempre consigo um sorriso carinhoso e, sobretudo, muita paciência, para um dos trabalhos que eu julgo ser um dos mais desafiantes na nossa área profissional. Devo à Missão País um profundo agradecimento pela semana que me proporcionou, aos meus chefes e a todos os meus companheiros, por me transformarem e, sobretudo, por acreditarem em mim. E agora que a verdadeira missão começou, é tempo de nos fazermos ao largo, de nos colocarmos ao serviço ao próximo assim como todos os habitantes da Benedita o fizeram, mesmo não tendo consciência do impacto que isso teria em todos os missionários. Obrigado Missão País, Obrigado Benedita!”

Bernardo Ferraz, 19 anos, 2º ano da licenciatura em Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico:
“Desde o dia em que cheguei até ao último, senti uma transformação imensa. Não só a nível da minha fé e devoção mas também um crescimento como pessoa.
Quando cheguei, ao conhecer apenas duas pessoas de 60 e sendo de outra faculdade, senti me sozinho e com algum nervosismo, apesar de saber que estava lá por uma causa maior e que, ao longo do tempo, ia fazendo novas amizades. E assim aconteceu. Com o passar do tempo, com os quebra gelos, com as atividades, comecei a integrar me mais. Sendo a minha primeira missão, não sabendo bem o que me esperava, estava receoso, mas sinceramente superou as minhas expectativas. Os momentos de oração, conduzidos pelo Manuel Bessa e Madalena Sousa Mendes, foi algo que me marcou imenso. Não só a forma de falar de cada um, mas também os momentos de pausa no seu discurso, o que dava para pensar e refletir sobre inúmeras questões, não só faladas durante a oração, mas também sobre a vida de cada um.
Falando sobre as comunidades, ao princípio fiquei um bocado aborrecido pois queria ter ficado com crianças, no entanto fui para a comunidade do Just a Change. E ainda bem que fui. Apesar de não ter assim tanto aquela interação com a comunidade, só o facto de ajudar a comunidade de uma forma mais material e as pessoas reconhecerem isso e agradecerem já é ótimo. Nunca tinha participado em nada parecido e foi uma ótima experiência.”
Carolina Colimão, 18 anos, 1º ano da licenciatura de Sociologia:
“Para mim, a Missão País na Benedita, foi algo que me marcou bastante, não só pelas pessoas que conheci, mas também pelo propósito da mesma, de ir evangelizar e fazer voluntariado! Foi a partir do último ano do secundário que as palavras “Missão País” começaram a entrar no meu vocabulário, pois foi nesse ano que a minha irmã teve o primeiro ano de Missão; e este ano fomos juntas, em comunidades separadas.
Nós, os missionários, fomos distribuídos por várias comunidades, desde escolas, ATL’s, lares, teatro, a um projeto novo, “Just a Change”, que esteve relacionado com a parte comunitária, no âmbito de pintar muros ou tratar das hortas dos lares. Fiquei no Lar da Santa Casa da Misericórdia, o que foi excelente, pois sempre foi um sonho meu visitar um lar, então quis desafiar-me; e, estando no curso de Sociologia, uma das áreas das ciências humanas, foi importante estar relacionada com a faixa etária idosa. Posso dizer que o que custou mais foi a despedida no lar, porque todos os missionários, parecendo que não, numa semana ao interagirmos bastante com as pessoas, criamos laços que gostávamos de levar para o resto das vidas. Houve lágrimas, abraços apertados, palavras doces como “Até para o ano, neta..”, que geraram ainda mais lágrimas, que encheram o coração. Custou também a despedida entre missionários, ainda que a maior parte seja do ISCSP, houve quem não fosse e foi uma semana intensa que partilhámos todos. Se esta semana de missão foi difícil? Foi. Mas se valeu a pena? Valeu, e muita! E já estou ansiosa por 2020, mais um ano de missão!”

Os missionários tiveram uma semana de partilha e comunhão com Jesus Cristo, espalhando a sua Palavra por mais uma comunidade do nosso país. Jesus entrou no coração de cada um dos missionários e de cada um dos missionados com uma força inexplicável, força essa que apenas pode ser sentida e vivida.
Basta ter o coração aberto a Jesus que, através de pequenos sinais, pequenos pormenores, pequenos detalhes, Jesus chega a cada um de nós da forma e da maneira que cada um precisa.
Um enorme Obrigado à comunidade da Benedita, aos chefes da missão pelo excelente trabalho, ao padre Rui, ao padre Gianfranco e Obrigada à nossa querida Mãe por seres a força que tantas vidas muda e move.
Tal como o hino deste ano dizia, “pode ser só uma semana ou o início de uma vida”, foi certamente o inicio de uma vida para todos aqueles que foram nesta Missão.
“Deixem que Nossa Senhora vos visite. Deixem que ela vos encha o coração e os deixe a arder a todo o gás. Não vale a pena “fugir” porque se assim tiver que ser, assim será.”

Para mais informações relativamente à missão:
Escrito por: Miguel Costa
Editado por: Daniela Carvalho