Com o fim de mais uma edição da ModaLisboa, podemos afirmar que, este ano, esta ficou marcada pela maior preocupação com a sustentabilidade na moda. A indústria têxtil é uma das principais (se não a mais) poluentes do mundo. Existe uma urgência em mudar algumas das práticas que têm sido adotadas, tendo surgido iniciativas para este fim, por parte da organização.
A habitual fast talk, que consiste num debate acerca do mundo da moda, onde são partilhadas e discutidas ideias e experiências dos vários oradores, teve como mote este ano Fashion Experiences. A moderadora era Joana Barrios (autora e apresentadora da série de moda transmitida pela RTP2 “Armário”). Os oradores eram quatro, sendo eles Catherine da Silveira (professora na Nova SBE em Marketing de Luxo e Moda e Gestão de Marcas), Flávia Aranha (fashion designer conhecida pelo tingimento natural nas suas roupas), Miguel Bento (cenógrafo) e Julien da Costa (repórter de televisão).
Para os oradores, a sustentabilidade na moda é mais fácil para marcas pequenas, pois o seu mercado é mais pequeno e as expectativas criadas pelos consumidores são menores, o que já não acontece com grandes marcas, cuja procura é sempre maior, visto que o público é mais abrangente.
No final da conversa, não se conseguiu concluir muito. Por um lado, existe uma mudança de mentalidade notável, pois já são feitos alguns esforços para uma melhor ética e a sustentabilidade na produção de roupa. Por outro lado, existe cada vez mais consumo por parte das pessoas, referido como inconsciente e bastante influenciado por terceiros.
Demora tempo para que uma pessoa perceba que não necessita de um certo objeto ou de uma certa peça de roupa para pertencer a um círculo social (e como este pensamento não chega a todos, a sustentabilidade na moda é um processo muito lento). A sustentabilidade é mais que uma “moda”, é necessário que nós estejamos informados das roupas que usamos no quotidiano.
Voltando às iniciativas tomadas pela organização da ModaLisboa, incentivaram os participantes a trazerem a sua própria garrafa ou a comprarem uma nos eco copos disponíveis no recinto, sendo que podiam, ao longo do dia, reabastecê-las nos vários postos de água espalhados pelos pavilhão Carlos Lopes.
No catering, em relação aos excedentes, foi feita uma colaboração com a Refood. É possível verificar a lista de fornecedores do evento no próprio site da ModaLisboa e podemos constatar que todas as empresas contratadas têm uma política ambiental como base do seu trabalho.
Em relação aos desfiles, destaque para AwayTomars, que apresentou a sua coleção a partir de roupas usadas por pessoas de todo o mundo. A dupla Marília Biazi e Alfredo Orobio afirmou que muitas das roupas que receberam vinham ainda com etiqueta, tal não é o desperdício em que vivemos. Entre elas vinham t-shirts com o símbolo da união europeia e bonés do presidente dos Estados Unidos, Donald Tump. A marca utilizou ambos para deixar uma mensagem, visto que os dois vivem em Londres nesta fase do Brexit (sendo metade União Europeia , metade “nada”).
A próxima edição da ModaLisboa decorre em outubro deste ano, onde os criadores mostram as suas propostas para a primavera/verão de 2020.
Escrito por: Mariana Rodrigues
Editado por: Daniela Carvalho