“There’s only space on this band for one hysterical queen”

“Bohemian Rhapsody” é um filme biográfico sobre a vida de Freddie Mercury e da banda Queen que estreou nos cinemas portugueses no dia 31 de Outubro. Relata, em 2h15m, a progressão da banda através da vida do seu vocalista, cuja irreverência e personalidade marcaram o mundo musical das décadas de 70 e 80.

O filme começa com Farrohk Bulsara, um jovem paquistanês, que trabalha no aeroporto de Heathrow. Após um dia de trabalho o jovem entra num clube estudantil e vê uma banda a tocar. Impressionado com a qualidade da sua performance, Farrohk decide ir falar com o teclista, Brian May, e o baterista, Roger Meddows-Taylor. Os dois encontravam-se desapontados após o seu vocalista se ter separado da banda, ao que Farrohk propõe que seja ele próprio a preencher o lugar. Após uma crítica de Roger ao seu aspecto facial, Farrohk impressiona os dois com a sua voz magistral. Este evento marcou o nascimento da banda “Queen” mas também a vida de Farrohk, que encarnou na sua verdadeira pessoa a figura de Freddie Mercury.

“Bohemian Rhapsody” relata o crescimento da banda paralelamente ao crescimento de Mercury, assistindo aos eventos que marcaram a sua carreira e a sua maior batalha. Desde o êxito “Killer Queen” de 1974, passando pela dificuldade de pôr a música “Bohemian Rhapsody” como single do álbum “Night at the Opera” de 1975 (devido ao facto da sua extensão de quase 6 minutos ser intolerável de ouvir na rádio, na opinião da discográfica EMI), até a performance da banda no concerto Live Aid de 1985, que quase esteve para não acontecer devido a disputas entre elementos.

O filme foca-se em Mercury e aborda o tema da mudança e aceitação de quem somos. Mercury, interpretado fenomenalmente pelo actor Rami Malek, apaixona-se, no início da carreira, por Mary Austin (interpretada por Lucy Boynton) a quem dedica a música “Love of my life”. Esta foi composta como forma de agradecimento por toda a inspiração que lhe deu. Mas à medida que o filme decorre vemos que Freddie começa cada vez mais a mostrar a sua inclinação sexual, acabando por afastar Mary, até ao momento inevitável em que lhe revela ser bissexual. Após este momento, Freddie e Mary separam-se e vivem em casas opostas, a 20 metros de distância um do outro. Mercury fazia sinais de luz com o seu candeeiro para o quarto de Mary como uma forma de manter a chama acesa entre eles. Mais tarde, durante as diversas digressões da banda, Mercury é confrontado com o progressivo afastamento que sente de Mary, mas também da própria banda.

A narrativa é construída pelos relatos dos outros três membros da banda (Roger, John e Brian), que glorificam os feitos do vocalista mas também os seus maiores medos, como a luta de Mercury contra o vírus da SIDA. Rami Malek incarna perfeitamente o vocalista, mostrando de uma forma bastante convincente a sua personalidade. Uma característica que foi bastante surpreendente é a maneira como Malek conseguiu sintonizar a sua performance à voz gravada de Mercury, de tal modo que parece que é Malek que está a cantar. Está tão bem disfarçada que mal se nota.

Apesar da sua excelente qualidade, especialmente na maneira como recriam fielmente a performance da banda no concerto Live Aid, o filme podia ter expandido mais a vida pessoal do cantor, mas focou-se mais nos momentos de criação de música pela banda. No geral, “Bohemian Rhapsody” é um filme que vai surpreender a audiência, quer sejam fãs da banda ou pessoas que estejam a descobri-la pela primeira vez. O filme mostra também quão experimental e icónico é todo o repertório da banda, em que o espectador pode bater o pé ao ritmo da música.

Nota: 8/10

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Escrito por: Guilherme Lopes

Editado por: Ana Mendes