Oito anos depois, a mascote clássica da produtora de vídeo jogos japonesa CAPCOM está de volta. Mega Man tem uma nova aventura, oito novos vilões para derrotar e obter poderes. Os fãs e jogadores têm mais frustração e nostalgia de um novo clássico.
Desde a saída de Keiji Inafune da CAPCOM em 2010, a saga de vídeo jogos Mega Man ficou órfão do “seu” criador e foi bastante negligenciado pela própria empresa, aparecendo em curtas aparições como Street Fighter X Tekken. Mascote da companhia durante décadas ao lado de Street Fighter, passou a ser mais de uma das franchises “em hibernação” da CAPCOM, com vários projetos cancelados durante estes últimos anos. No entanto, em 2017, com o trigésimo aniversário do “Blue Bomber”, a companhia revelou as compilações “Mega Man: Legacy Collection” e “Mega Man X: Legacy Collection”, de forma a trazer as séries clássicas para software moderno. No mesmo dia, no fim da celebração que foi feita pela Twitch, foi anunciada a nova aventura, como uma data estipulada para o outono de 2018. Agora que Mega Man está de volta, resta saber se está ao tamanho do seu novo desafio: se a aposta da CAPCOM, mesmo sem os criadores originais, valerá a pena.
Em termos narrativos, Mega Man 11 expande o passado do Dr.Light, o criador do robô justiceiro Mega Man, e do maléfico Dr.Wily, mostrando o motivo da sua separação e que nem tudo é tão preto no branco. Ao iniciar o jogo, o jogador visualiza um flashback aos tempos em que Light e Wily estavam a preparar as suas primeiras investigações no ramo da evolução dos robôs. Light defende que os robôs deviam criar consciências artificiais, de forma a tomarem decisões acertadas e para orientarem o seu destino como uma ferramenta que o Homem pode contar. Wily, por um outro lado, defende a criação do sistema Doble-Gear, que permite aos robôs irem além do seu potencial para poder auxiliar a humanidade, especialmente para se tornarem “super heróis”. Light opõe-se a investigação, por que causa grande desgaste aos robôs e torna-os imprevisíveis, levando à frustração de Wily e a polarização dos seus ideais. Anos depois, Wily decide por em prática o seu protótipo, capturando oito novos robot masters que Mega terá de enfrentar com uma tecnologia que vai testar os seus limites.
Esteticamente, especialmente porque os últimos dois jogos da série foram feitos em 8-bit (a capacidade gráfica de maior parte das consolas de vídeo jogos da década de 80 e inícios dos anos 90 do século passado) como Mega Man 1-6 (1987-1994), este é o primeiro jogo da série que evolui para personagens tridimensionais em cenários bidimensionais (apelidado de 2,5D), refrescando o estilo do jogo e trazendo uma maior variedade de formas, cores e efeitos. Mega Man 11, sendo um jogo com um maior orçamento, trouxe voz às personagens clássicas, sendo bastante competentes e que levam o argumento a sério (ao contrário de Mega Man 8 para a Playstation 1). Em relação à banda sonora do jogo, a música podia ser melhor, contendo peças antigas (como o jingle de vitória, da introdução do robot master e outros) e peças novas (temas do nível de Blast Man e Tundra Man, por exemplo), mas não se compara às peças que usavam o som 8-bit dos jogos antigos.
Contudo, um jogo Mega Man só é um jogo Mega Man se tiver o seu estilo único: a sua dificuldade. Nesse aspeto, Mega Man 11 está perfeitamente equilibrado. Existem 4 níveis: Newcomer, Easy, Normal e Super Hero. Cada dificuldade assenta em equilibrar o jogo para diferentes jogadores. Os níveis tornaram-se mais difíceis com novos obstáculos e a utilização de elementos físicos, como o vento, gelo ou fogo, para alterar a forma como se joga cada nível. Os inimigos regressam com maior intensidade do que antes, integrando-se à mecânica dos níveis. Tal como os jogos anteriores, o jogador tem de derrotar 8 robot masters, adquirir as suas habilidades, melhorar o arsenal de Mega e defrontar o Dr.Wily. Surpreendentemente, Mega Man 11 introduziu uma nova habilidade que muda completamente o jogo: o sistema Double Gear. Durante um curto período de tempo, Mega pode usar abrandar o tempo ou aumentar a sua capacidade de disparo. Mas esta habilidade não é exclusiva ao protagonista, muitos inimigos conseguem usá-la para fazer ataques de desespero que dão o dobro do dano.
No geral, Mega Man 11 mantém-se fiel à fórmula da série, mas introduz novas soluções que permitem injetar uma nova vitalidade. O maior desafio que Mega Man 11 vai ter não será agradar aos fãs da série, mas puxar novos fãs que tenham interesse no seu legado. O sucesso de Mega Man 11 ditará a continuação da série e futuros jogos. Bem-vindo de volta Mega Man!
Nota Final: 8,5/10
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Escrito por: Guilherme Lopes
Editado por: André Blayer