Festival Iminente chegou ao fim e em bom português

Depois de três dias de festival, o Iminente chegou ao fim. Foram três dias de muita animação, música, dança e arte. O último dia foi um dia mais familiar, com hora de término prevista para as 22 horas e com um alinhamento mais suave do que nos dias anteriores. Marta Ren, Carlão, Sara Tavares, Sequin e Gisela João foram alguns dos nomes escolhidos para fechar a terceira edição do Festival Iminente.

O Palco Outdoor foi estreado por Marta Ren & The Groovelvets, banda e artista portuguesas cujos temas são cantados em inglês. Várias vezes apelidada de “sobrinha de Aretha” ou “prima de Sharon Jones”, a portuguesa já foi elogiada por críticos espanhóis, franceses e italianos pela sua Soul que, por vezes, parece “mais antiga que os antigos”. Marta Ren não é uma regular woman e fê-lo provar-se em palco, com a sua voz contagiante, acompanhada dos saxofones e guitarras melódicas.

No Palco Cave, Napoleão Mira, pai de uma das mentes mais geniais da música portuguesa (Sam the Kid), trouxe a sua poesia ao Iminente, acompanhado de um teclista que musicava os seus versos. Se ser poeta é ser mais alto, como diria Florbela Espanca, Napoleão Mira é um dos gigantes deste país, não só pela sua poesia original, mas também pela forma como a transpõe ao vivo e pela maneira como inspirou aquele que não só é seu filho, como também um dos melhores rappers, ou músicosde sempre em Portugal.

Posteriormente, foi a vez do veteraníssimo Carlão subir ao Palco Outdoor para apresentar o seu novo álbum, “Entretenimento?”. O rapper, que já conta com 43 anos de idade, é um dos nomes incontornáveis do Hip-Hop português. Membro-fundador dos Da Weasel, um dos grupos precursores do rap em Portugal, do projeto 5-30, juntamente com Regula e Fred, outrora Pacman e agora Carlão é, sem dúvida, um nome de peso na cultura musical contemporânea portuguesa.

Carlão apresentou-se em palco com Bruno Ribeiro, o seu hype man, mas também colaborador em muitas músicas do novo álbum. Viver para Sempre, um dos singles do novo projeto, foi dos temas mais entoados pelo público no dia de ontem. Foram também apresentados temas novos como #Demasia, Hardcore A minha Cena, como também outros mais conhecidos, caso de Agulha no Palheiro, Topo do Mundo, Os Tais ou Krioula. Não pôde deixar de cantar também aquela que, se calhar, é a música mais icónica de sempre no que ao Hip-Hop em Portugal diz respeito: Dialetos de Ternura, dos Da Weasel.

Por esta altura, já a portuguesa Ana Miró, pelo nome Sequin, atuava no palco Cave. A “menina” da eletrónica alia a sua voz suave a batidas de Bossa Nova, de Blues Jazz e a combinação não podia ser mais agradável. Ambiente muito bom proporcionado pelas melodias de Sequin e pelo espetáculo de luzes que a acompanhava.

Ao mesmo tempo, a rainha da música africana, Sara Tavares, atraía para si as atenções do palco Outdoor. Apelando bastantes vezes aos cabo-verdianos presentes para “mostrarem a força de Cabo Verde” como quem pede para dançar, Sara Tavares teve um dos concertos mais duradouros do Festival, de cerca de 1h20. Não faltaram temas clássicos da música africana num concerto com muita dança e animação.

Para fechar a terceira edição do Festival Iminente, abriram-se alas ao património mundial da cultura, o Fado. Desta feita foi a vez de Gisela João, natural de Barcelos, cantar e encantar o Panorâmico de Monsanto com a sua voz. Houve tempo para cantar A Casinha, dos Xutos e Pontapés, em jeito de homenagem a Zé Pedro, bem como um dos seus temas mais conhecidos, Sr. Extraterrestre. 

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O Festival Iminente termina mais uma edição cheia de arte, música e muita boa disposição, continuando a assumir-se como um dos festivais mais bem conseguidos em Portugal. Ainda que com um público-alvo diferente de outros festivais, o Iminente soube agradar a “gregos e troianos”, atraindo um leque diversificado de faixas etárias, géneros, gostos e orientações, como assim deve ser num festival de música e arte urbana. No fim, podemos dizer: ainda bem que não ficámos em casa. Até para o ano!

Escrito por: Bruno André

Editado por: Inês Queiroz

Fotografias de: Daniela Carvalho

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