Domingo, dia 20 de maio de 2018. Esta é uma data que nenhum sportinguista vai esquecer, pelos piores motivos.
Neste dia, o país assistiu ao culminar de uma das piores semanas da longa história do clube, ao ver o Sporting ser derrotado pelo Desportivo das Aves na final da Taça de Portugal, em pleno Estádio do Jamor.
Nenhum sportinguista vai mentir e dizer que não estava receoso quanto ao jogo de ontem, mas o que se passou foi vergonhoso e frustrante a todos os níveis. Pelas redes sociais e caixas de comentários, vêem-se muitas pessoas a criticar sem dó nem piedade os jogadores do Sporting Clube de Portugal, mas não são os jogadores quem devem ser criticados.
A atual crise começou a ser concebida no dia 31 de março, quando o Sporting perdeu em Braga por 1-0, por incompetência do treinador (admitida pelo próprio) e disse, praticamente, adeus ao título. Cinco dias depois, veio a deslocação a Madrid, para defrontar o poderoso Atlético. Criou-se uma onda de apoio incrível à equipa, mas o resultado acabaria por ser uma derrota. Surpreendente? Claro que não, menos para uma pessoa: o senhor presidente Bruno de Carvalho, que resolveu criticar a equipa publicamente. Isto foi o princípio do fim.
Depois das críticas do presidente, os jogadores não se deixaram ficar e mostraram-se unidos ao mundo, publicando, nas suas redes sociais, um comunicado geral. Resultado? Bruno de Carvalho suspendeu (estupidamente) toda a equipa principal. Depois de muitos avanços e recuos, a suspensão acabou por ser levantada, mas nada voltou a ser igual.
Estranhamente (ou não), a equipa galvanizou-se e os sportinguistas voltaram a acreditar. Veio uma vitória sobre o Atlético, uma vitória sobre o Porto e uma série de bons resultados. Isto, aliado a alguns desaires dos rivais, deixou o Sporting com uma mão no segundo lugar e na final da Taça de Portugal. Ora, uma temporada com um segundo lugar e duas taças (a Taça da Liga já tinha sido conquistada no início do ano civil), não seria assim tão mau, certo? Para todos os sportinguistas a resposta seria positiva, menos para um. O problema é que esse é o adepto com mais poder dentro do clube. Durante um mês, o próprio presidente do Sporting Clube de Portugal gerou um ambiente de guerra dentro da equipa de futebol.
Isto foi sendo ignorado, até que o Sporting perdeu na Madeira, contra o Marítimo. Com esta derrota, disse “ciao” à Champions e os adeptos não se souberam controlar. Começou com insultos no aeroporto e acabou com agressões na academia de Alcochete. Um dos dias mais negros na história do Sporting gerou uma onda de solidariedade entre sportinguistas, que deu esperança a todos, mas o nosso presidente não nos quis dar a mão. O nosso presidente “foi chato” e quis continuar a caminhar sozinho, deixando os valores do NOSSO clube para trás. O que é que ganhámos com isso? Nada. Ganhámos a imagem do nosso capitão a chorar naquele que poderá ter sido o seu último jogo com a nossa camisola.
Enquanto sportinguista de século XXI, estou habituado a não ganhar muitos títulos, mas não estou habituado a lidar com a vergonha que são as atitudes de quem gere o meu clube. Esta derrota no Jamor não me doeu apenas por ser um título perdido, mas sim por ser o culminar da pior semana da nossa história.
Para a história fica mais uma época em que “ainda não foi desta” e muitas lágrimas derramadas, mas agora é hora de reerguer o Sporting. Dirigentes vão e vêm. Jogadores vão e vêm. Treinadores vão e vêm. PRESIDENTES vão e vêm. Mas há sempre uma coisa que fica. Essa “coisa”, somos nós, os adeptos. Aconteça o que acontecer, vamos sempre estar aqui, porque “sou verde e branco de coração” e “pelo teu amor eu sou doente”.
Fico à tua espera Sporting, porque “isto” não é, de todo, o Sporting Clube de Portugal.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: André Silva
Editado por: Inês Queiroz