Após cerca de 22 anos à frente do Arsenal, Arsène Wenger, para muitos o responsável pelo regresso dos “gunners” aos títulos em Inglaterra e por ter recolocado a equipa inglesa no topo do panorama futebolístico inglês, aparenta ter os seus dias contados no clube que lhe deu tanto quanto ele retribuiu.
A derrota deste domingo contra o modesto Brighton & Hove Albion, seguida da pesada derrota na final da Taça da Liga Inglesa contra o Manchester City e da seca, quer de campeonatos desde 2003-2004, quer de títulos europeus, que deveriam de ir encontro ao investimento e prestígio do clube, só têm aumentado a contestação dos adeptos, que cada vez mais “ambicionam” por uma mudança no comando técnico da equipa.
A realidade é que, por maior que seja a insatisfação que este momento do clube londrino possa ter gerado no seio da sua massa adepta, esta não se pode esquecer do enorme contributo que Wenger deu ao clube. Responsável por ter treinado alguns dos melhores jogadores que já jogaram o jogo e que ainda jogam, tais como Bergkamp, Henry, Fàbregas e Van Persie, o treinador francês foi o líder por detrás do regresso do clube londrino à conquista do campeonato inglês, algo que não acontecia desde a época de 1990-1991 e que voltou a acontecer nas épocas de 1997-1998, 2001-2002 e 2003-2004. Pelo caminho, ainda conquistou por 7 vezes a Taça de Inglaterra e a Community Shield (equivalente à Supertaça), deixando a sua marca na história do clube.
No entanto, esta figura mítica, que já se encontra imortalizada no próprio Emirates Stadium na forma de um busto, tem vindo a perder a sua credibilidade com o passar dos anos, tendo passado 9 anos consecutivos – dos 22 que já tem – à frente do clube, sem conquistar qualquer título e lutando contra todas as críticas que surgiam em seu redor. Se contarmos ainda com o tremendo esforço financeiro que o clube tem feito ao longo dos anos e do vasto leque de estrelas que por lá têm passado, os resultados esperavam-se muito mais satisfatórios, ainda para mais com as recentes contratações de Henrikh Mkhitaryan e Pierre-Emerick Aubameyang, não só por terem sido companheiros de equipa e campeões de uma das ligas mais competitivas do mundo – a Bundesliga – mas especialmente por o último ser um dos jogadores mais cobiçados da atualidade, capaz de influenciar positivamente o desempenho de qualquer equipa que represente.
Apesar de todos os fatores referidos, o tempo foi passando e o francês mantém-se até hoje no cargo que parece ser seu até ao dia que deixar de treinar, mas o desagrado no norte de Londres tem vindo a aumentar gradualmente e após inúmeras ameaças, parece que agora corre mesmo o risco de sair do “clube da sua vida”, como o próprio apelidou.
Para um clube com as ambições do Arsenal, a renovação do comando técnico aparenta ser a única solução para que o clube ganhe uma nova vida e permita aos adeptos acreditarem que os “gunners” podem realmente ocupar o topo do futebol europeu, dado que têm capacidades e possibilidades suficientemente credíveis para que isso se suceda.
Ninguém sabe qual a decisão que será tomada, tendo em conta todas as adversidades que já ultrapassou, mas todos sabem que por mais que tenha dado ao clube, todas as eras têm um fim e a era de Wenger acabou, por mais que a sua ausência venha a ser notada.
No fim de contas, não será nada fácil deixar partir alguém que ficará marcado para sempre na história do futebol, mas quem procura o sucesso é capaz de tomar as medidas certas nas horas necessárias e a cada dia que passa, o mundo do futebol é um negócio, onde são tomadas decisões preponderantes para o futuro dos clubes e isso não mudará num futuro próximo.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Pedro Escórcio
Editado por: Inês Queiroz