Cada vez mais próximos da noite dos Óscares 2018 somos confrontados com um candidato revelador e inquieto. Circula pela beira da estrada que o filme de Martin McDonagh trouxe ao universo da sétima arte uma comédia dramática repleta de emoções e peripécias, digna de um Óscar.
O filme “3 Cartazes à Beira da Estrada” já se estreou como vencedor na 75ª edição dos Globos de Ouro 2018 arrecadando os prémios de Melhor Filme, Melhor Atriz Principal ao cargo de Frances McDormand, Ator Secundário para Sam Rockwell e finalmente o Melhor Argumento para Martin McDonagh. Em Londres, na 71.ª edição dos prémios da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (BAFTA), recebeu também o prémio de melhor longa-metragem.
Desta vez encontra-se nomeado para sete categorias: Melhor filme, Melhor Atriz Principal, Melhor Ator Secundário, Melhor Argumento, Melhor Montagem e Melhor Banda Sonora. A cerimónia de entrega dos Óscares 2018 será este domingo, dia 4 de Março.
O drama desenrola-se no seio de uma comunidade norte americana com a ação desesperada de uma mãe, Mildred Hayes, que procura respostas para o assassinato da filha. As autoridades responsáveis pelo caso deixam a desejar, numa atuação conformada e lentamente perturbadora. Cartazes. Mais precisamente 3. Foi a forma que Mildred encontrou para falar mais alto, questionando ironicamente o chefe policial William Willoughby e o seu comportamento perante a busca pela justiça.
O interessante de tudo isto é assistir à repercussão social provocada pelo filme. A manifestação pública através de cartazes acompanha desde sempre os mais revolucionários, no entanto parece uma novidade. Ao jeito satírico de Mildred Hayes um grupo de ativistas em Londres reuniu diversos cartazes em resposta ao incêndio de Grenfell Tower, onde morreram 71 pessoas.
Noutros pontos do globo, desta vez nos Estados Unidos, uma multidão de manifestantes recorreu aos cartazes para promover o controle de armas e relembrar o massacre numa escola na Flórida.
O argumento do filme é inspirador e provocatório. Estamos de frente para uma sociedade que passa a alta velocidade pela simplicidade, duvidando insistentemente da capacidade das palavras e optando pelo caminho do conformismo.
Onde é que ficamos no meio de tudo isto?
À beira da estrada?
Escrito por: Ana Mendes
Editado por: André Blayer